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Sistema de baixo custo, trazido pelo Sebrae por meio de parceria com empresa costa-riquenha, garante a sustentabilidade ambiental e econômica do processamento do cereja descascado

Cafeicultores de Congonhinhas, Joaquim Távora e Tomazina, no Norte Pioneiro do Paraná, por meio de três projetos pilotos, implantaram e comprovaram a eficiência de uma tecnologia de baixo custo para processar o café cereja descascado de forma sustentável. Além de tratar a água e os resíduos do processamento, o sistema garante uma melhor qualidade dos grãos e alto valor agregado na comercialização. Os projetos foram implantados pelo Sebrae/PR a partir de uma parceria com a empresa costa-riquenha Aceres, Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e Cooperativa dos Produtores de Cafés Certificados e Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp).

O objetivo é que os cafeicultores, por meio do cultivo do cereja descascado, invistam na melhoria da qualidade da produção, com a garantia do tratamento adequado da água e dos resíduos decorrentes do processamento dos grãos. O consultor Leonardo Sánchez Hernández, proprietário da Aceres, explica que o sistema de tratamento utiliza uma metodologia de baixo custo e consumo de água durante o beneficiamento do café pela via úmida. “Implementamos ações para um tratamento primário da água, com a regulação da vazão, controle de pH, separação de sólidos e sedimentação. Depois, fazemos um tratamento secundário com bactérias e plantas, de maneira sustentável, e sem uso de energia”, conta. Segundo ele, até agora, todos os projetos piloto foram bem-sucedidos.

Em Congonhinhas, na propriedade de José Francisco da Silva, um biodigestor é usado no processamento de matéria orgânica da polpa do café. “O equipamento trabalha com bactérias contidas em estrume de animais, que degradam a contaminação das águas residuais do café. Esta combinação produz um biogás, que é utilizado no fogão do produtor”, explica o consultor do Sebrae/PR e gestor do Projeto de Cafés Especiais, Odemir Capello.

José Francisco da Silva, que trabalha com café há 40 anos, conta que o sistema começou a funcionar em maio deste ano e já gera biogás. Ele diz que, antes de conhecer a tecnologia, tentava produzir café de qualidade, mas era muito mais difícil. “Começamos a produzir o cereja descascado há cerca de quatro anos”, afirma. Para o projeto, o produtor investiu em maquinário e num terreiro suspenso. “Quem quer qualidade precisa investir e seguir esse caminho”, aconselha. Em todos os pilotos foi aplicada uma metodologia de produção mais limpa, que inclui a regulação do pH e a eliminação de sólidos das águas residuais.

Na propriedade de Edson Messias de Carvalho, em Joaquim Távora, o objetivo era reduzir os custos e o trabalho dispendido no tratamento dos resíduos. “Antes, eu precisava transportar a água em galões para fazer o descarte. Agora, ficou muito mais prático”, afirma o cafeicultor. Na via úmida, o processo começa com o café passando pelo “lavador”, onde é separado, pela diferença de densidade, em grãos maduros e verdes. Em seguida, eles passam pelo despolpamento e desmucilagem. Segundo Carvalho, o sistema consome 200 ml de água por litro de café processado e todo esse volume é tratado para minimizar o impacto ambiental.

Em Tomazina, no bairro rural Matão, quatro produtores se uniram para melhorar a qualidade do café adquirindo em conjunto uma máquina para fazer a via úmida. O problema é que o maquinário consumia muitos litros de água limpa para abastecer todo o sistema, desde a separação dos frutos, até o despolpamento e desmucilagem. Toda a água utilizada seguia para um reservatório equipado com uma bomba. No projeto piloto, o sistema foi adaptado para que o processamento comece a ser feito com água limpa, e quando o reservatório enche, a bomba começa a recircular toda a água que, antes disso, é filtrada. Antes, eles gastavam 15 mil litros de água por dia, hoje fazem o mesmo processo com 5 mil litros no máximo, uma redução muito expressiva.

Odemir Capello destaca que não adianta o cafeicultor trabalhar para ter um produto de excelente qualidade se ele não se preocupa em tratar os resíduos decorrentes do processamento dos grãos. “Temos que pensar na sustentabilidade ambiental e econômica”, alerta. Segundo ele, durante a Ficafé 2016, que terá como tema “Café Cereja Descascado e Sustentabilidade Econômica e Ambiental”, os participantes terão a oportunidade de conhecer a tecnologia de baixo custo e ouvir dos produtores que participaram dos projetos pilotos quais foram os resultados até agora.

Ficafé 2016

A Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Ficafé) foi criada com o objetivo de ser a vitrine dos cafés especiais produzidos na região. O evento é realizado anualmente em Jacarezinho. Neste ano, a Ficafé ocorre de 26 a 28 de outubro. Durante este período, produtores e compradores de café estarão reunidos para rodadas de negócios, e poderão conferir uma exposição de máquinas e equipamentos para a cafeicultura, degustar cafés especiais, participar de workshops, palestras e estreitar relacionamentos com os membros dessa importante cadeia produtiva.

A Ficafé 2016 é uma realização do Sebrae/PR, Acenpp, Cocenpp, com apoio da Prefeitura Municipal de Jacarezinho, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Governo do Paraná, Instituto Federal do Paraná (IFPR) campus Jacarezinho, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Sicredi, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Syngenta, Sustainable Harvest, BUNN, Associação dos Municípios Norte Pioneiro (Amunorpi), nucoffee, e Associação dos Engenheiros e Agrônomos do Norte Pioneiro (AEANP). Para conferir a programação completa, acesse www.ficafe.com.br.

Asimp/Sebrae/PR

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