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O fantasma do El Niño trava negócios e causa preocupação

Não basta plantar bem, tem que colher bem. A chuva durante a colheita pode estragar toda a qualidade do trigo. E estão anunciadas fortes chuvas, provocadas pelo fenômeno meteorológico El Niño, justamente para os meses entre setembro e novembro, no sul da América do Sul. Por isso todo o mercado está apreensivo.

O trigo que está sendo colhido agora no Paraná mostrou todos os tipos de qualidade, desde a melhor (maior volume) até a pior (menor volume), diferentemente do ano passado, quando a qualidade apresentava padrões melhores e mais uniformes. Contudo, com tempo claro de sol forte e sem chuvas, a colheita se apressa. Até o momento cerca de 5% foram colhidos, mas é possível que o relatório do Deral da próxima terça-feira registre percentual maior, porque certamente as máquinas trabalharão duro para aproveitar o sol do fim de semana. A esperança dos técnicos ainda é de uma safra cheia e boa, entre de 3,9 e 4,0 milhões de toneladas.

Os relatórios recebidos do Paraguai, cujo solo é irmão gêmeo do Paraná, indicam colheita também variada, desde triguilho até produto com ph 78 ou mais. Espera-se a colheita avançar para saber dados mais precisos sobre a quantidade e qualidade.

As chuvas estão sendo benéficas para as lavouras do Rio Grande do Sul, que estão em sua maioria nas fases que precisam de água.

A safra de trigo do Uruguai, irmão gêmeo do Rio Grande do Sul, deverá ser menor porque a área plantada foi entre 25% e 30% menor, mas não está sofrendo tanto quanto a da Argentina. Depois de um período inicial seco, as chuvas não muito intensas estão sendo favoráveis ao cultivo e espera-se uma boa produção. A qualidade vai depender da atuação do El Niño sobre o país.

A safra de trigo da Argentina está sofrendo os horrores do clima pesado. Com uma área plantada 20% menor do que a do ano anterior, após um relativamente longo período de seca no plantio, chuvas e inundações alagaram mais de 500 mil hectares na principal região produtora do país, provocando perdas generalizadas em aproximadamente 2% da safra total (vide abaixo) e diminuindo ainda mais as disponibilidades do país.

O que se conjetura, entre os analistas, é de que, se a safra argentina realmente quebrar – assolada por inundações no plantio e chuvas do El Niño na colheita em outubro e novembro – o país não irá exportar o excedente de 3,2 milhões de toneladas desta safra, permitindo, com isto, elevação nos preços domésticos do trigo no Brasil, que seriam balisados pelo trigo vindo de fora do Mercosul.

Além disso, há que se considerar que nem todo o trigo excedente desta safra tem qualidade panificável, segundo Pacheco. Na Argentina, das 3,2 MT disponíveis, cerca de 1,0 milhão de toneladas seriam de trigo inferior; no Uruguai, das 400 mil toneladas disponíveis, cerca de 300 mil são de trigo forrageiro; no Paraguai, das 500 mil tons disponíveis, cerca de 300 mil não teriam a mesma qualidade média da safra passada.

Verônica Pacheco/Asimp

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