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A queda de temperaturas e a ocorrências de geadas nos últimos dias levaram a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento a considerar possíveis perdas na agricultura. A principal cultura em campo atualmente no Paraná e que está mais vulnerável ao frio é o milho da segunda safra, que ocupa cerca de dois milhões de hectares plantados.

O diretor do Departamento de Economia Rural, Francisco Carlos Simioni, afirma ser difícil dimensionar as perdas neste momento, porque os danos causados pela geada só podem ser quantificados de seis a oito dias após a ocorrência. Ele adianta que, até o fim deste mês, a Secretaria da Agricultura terá um levantamento mais completo, com base técnica, para não causar apreensão ao mercado e aos consumidores, pois perdas de produção geralmente resultam em elevação de preços.

“A estimativa de colher 12,1 milhões de toneladas do grão pode não se confirmar”, diz Simioni, salientando que é preciso ter cautela e atenção nas avaliações. O impacto deverá ser sentido pelas cadeias produtivas da suinocultura, avicultura e bovinocultura de leite, que já estão enfrentando preços altos do milho com a escassez do produto. “A tendência é que o preço do milho fique sustentado para os próximos meses”, disse Simioni. No Paraná, os preços do milho já estão superando os R$ 40,00 a saca nos preços pagos ao produtor.

“Este é um reflexo do plantio recorde de soja que vem ocorrendo no Estado, nos últimos anos, na safra de verão. A decisão de optar por plantar preferencialmente soja na safra de verão, deixando o milho para janeiro ou fevereiro, aumenta o risco de perdas com geadas”, diz o diretor do Deral.

Segundo ele, nos últimos três anos o inverno no Paraná foi ameno e não ocorreram perdas significativas, o que não está se verificando esse ano. Ele lembra ainda que as chuvas causadas pelo fenômeno El Niño, em fevereiro, atrasaram a colheita de soja no Paraná, com mais intensidade no Norte e Noroeste do Estado. Isso provocou o atraso no plantio do milho segunda safra e aumentou o risco de perdas por geadas.

Hortaliças

Outro setor afetado foi o das hortaliças. As culturas que não estão protegidas foram prejudicadas. “Mas se recuperam rápido, com um ciclo de desenvolvimento em torno de 70 a 90 dias”, pondera Simioni. Segundo Iniberto Hamerschimidt, do Emater, na Região Metropolitana de Curitiba as geadas atingiram mais as folhosas que estão em campo, como alface e mudas de repolho recém-transplantadas. A couve-flor que está em campo, sem proteção, também pode ter sido afetada. Não há perdas para hortaliças de frutos como tomate, pepino, pimentão.

Milho

Segundo levantamento preliminar do Deral, as geadas mais fortes ocorreram na região Sudoeste, o que pode ocasionar perdas nas lavouras de milho da segunda safra, que estão em estágio avançado, como o de frutificação. No Oeste também pode ter ocorrido perdas. Na região Sul não se planta o milho da segunda safra.

No Norte do Estado, ocorreram geadas de fraca a média intensidade, que pode afetar o plantio de milho da segunda safra e o café da próxima safra em 2017. A produção de café deste ano já está em fase de colheita e não será afetada. Mas, para o ano que vem, a cultura pode ser afetada, principalmente nas lavouras plantadas em regiões de baixadas, onde a temperatura cai mais.

Segundo Simioni, podem não ocorrer perdas físicas, mas certamente a qualidade do grão poderá ser afetada, principalmente nas lavouras em fase de maturação. Este levantamento será feito criteriosamente pelo Deral em reuniões com a assistência técnica e visitas a produtores nos próximos dias.

Trigo

O clima frio ajuda no desempenho do trigo, que está em início de desenvolvimento vegetativo. “Se houver geadas em agosto ou setembro, quando o trigo estará em fase de frutificação e maturação, aí sim a lavoura poderá ser afetada”, explica Simioni. A previsão de plantar 1,1 milhão de hectare e produzir 3,4 milhões de toneladas está mantida.

AEN

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