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Prática permite obter alta produtividades economizando água e energia

No Brasil, a irrigação do cafeeiro foi iniciada por volta de 1946, através da experimentação e pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Somente tomou vulto a partir de 1984, em consequência da implantação de cafezais em áreas consideradas marginais quanto ao parâmetro climático de déficit hídrico estipulado pelo zoneamento climático nacional do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC) e a seção de climatologia do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Nestas áreas marginais localiza-se o café arábica em partes das regiões do cerrado mineiro (Triângulo, noroeste e nordeste), do cerrado goiano (leste), do cerrado baiano (oeste), algumas regiões do estado do Mato Grosso (Chapada da Petrovina), Chapada Diamantina na Bahia, agreste do estado de Pernambuco, Serra do Baturité no estado do Ceará. Para o café robusta, popularmente denominado conilon, as regiões marginais localizam-se no norte do estado do Espírito Santo e região sul do estado da Bahia.

Em geral, a irrigação do cafeeiro é feita por dois métodos: aspersão e irrigação localizada. Os sistemas de aspersão utilizados na irrigação desta cultura são os seguintes: aspersão convencional móveis (com aspersores pequenos, médios e canhões) ou fixos (que inclui o sistema de aspersão em malha), autopropelido e pivô central. Em função de aspectos relacionados ao consumo de energia, exigência de mão-de-obra e outros aspectos operacionais, os sistemas mais viáveis de irrigação por aspersão têm sido o convencional (principalmente do tipo malha) e o pivô central. Já com relação à irrigação localizada, os sistemas mais utilizados são o gotejamento, por suas características técnicas que permitem uma irrigação com grande precisão, economia de água e energia, e as fitas de polietileno (sistema também conhecido como “tripa”), principalmente pelo menor custo de implantação.

A maior concentração de áreas de café irrigado acha-se no cerrado mineiro, com predominância dos sistemas de irrigação por tubos perfurados a laser (tripa) e canhão (ou autopropelidos/ carretéis enroladores), procedendo a denominada “irrigação de socorro ou salvação”. Nas consideradas “novas fronteiras cafeeiras“, como o oeste e sul da Bahia, nordeste de Minas Gerais e leste de Goiás, o predomínio é da irrigação tecnificada, com a utilização dos sistemas pivô central e gotejamento. O sistema de pivô central é utilizado por cafeicultores empresariais, com predomínio de plantios superiores a 100 ha, e o sistema de gotejamento utilizado em propriedades pequenas e médias, complementando áreas de pivô central e em áreas de topografia imprópria para um sistema de aspersão mecanizado.

Os primeiros pivôs centrais utilizados para café foram adaptados de outras lavouras com irrigação em área total, ou seja, tanto nas linhas de café quanto nas entrelinhas. Apesar de viabilizar a cafeicultura empresarial nas regiões de cerrado, o sistema pivô central “convencional” ainda apresentava o inconveniente da aplicação de grandes volumes de água e com irrigação das entrelinhas do café. A partir destas dificuldades, surgiu uma inovação, adaptada da irrigação de pomares de citros nos Estados Unidos com emissores localizados, irrigando somente na faixa de absorção radicular das plantas de citros. Adaptando esta tecnologia, os pesquisadores e consultores brasileiros desenvolveram uma técnica extremamente interessante para a irrigação do cafeeiro com o pivô central, com plantio realizado em círculo com emissores localizados sobre as linhas de café, os denominados LEPA.  Com a criatividade do cafeicultor ocorreram também adaptações caseiras nos aspersores convencionais, imitando os emissores LEPA, porém com performances hidráulicas bem inferiores aos dos emissores que foram fabricados especificamente para este fim.

Neste sistema de plantio, igualmente aos demais sistemas de plantio e de irrigação, o produtor deve considerar que apesar das vantagens da irrigação, mais especificamente do plantio circular, o sucesso do empreendimento cafeeiro depende do cumprimento correto das demais práticas como a nutrição, tratos fitossanitários, culturais e preparo do café. A irrigação nunca deve ser considerada como a “salvadora da pátria”.

André Luís Teixeira Fernandes é doutor em Engenharia de Água e Solo, Pró Reitor de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão Universidade de Uberaba – UNIUB

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