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Pesquisador PhD em Fitopatologia, Ricardo Balardin, faz um balanço sobre os danos e ainda comenta sobre a queda da eficácia de alguns fungicidas

A safra de soja 2014/15 registrou, no sul do país, a pior infecção por ferrugem de todos os anos. Entre as causas atreladas a este problema está o clima favorável à doença, principalmente nos meses de dezembro e janeiro. Outra possibilidade seria o aumento de inóculo presente no ar, o que poderia ser atribuído ao cultivo de soja safrinha em diversas áreas do Brasil. Um ponto a ser destacado é que, nos últimos anos, sempre a partir da segunda quinzena de fevereiro a ferrugem da soja tem apresentado severidade elevada. O PhD em Fitopalogia, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaborador Ad hoc do Instituto Phytus, Ricardo Balardin, frisa ainda o aumento na incidência de manchas foliares (antracnose e mancha alvo), o que também pode ser atribuído ao clima, sementes infectadas e cultivares suscetíveis. De acordo com Balardin, os danos devem registrar entre 3 e 30%, dependendo da região, manejo realizado, condições climáticas, dificuldade de logística e operacional. “O somatório de fatores pode levar aos maiores danos”, salienta.

Considera-se ainda o fenômeno El Niño, responsável pelas mudanças em variáveis ambientais, tais como temperatura e precipitação, que possuem efeito direto sobre a produtividade e também prevalência e severidade das doenças. Pode-se associar esta influência aos danos da soja, ao passo que a elevação na frequência de chuva acarreta um aumento na dispersão dos patógenos, provocando uma aceleração na evolução da epidemia. Em anos secos, a velocidade de progressão das doenças fica menor, levando a uma redução na magnitude do dano.

Outro fator foi a queda significativa na eficácia de alguns fungicidas. O pesquisador explica que atualmente existem duas correntes que tentam explicar a ineficiência dos produtos. A primeira delas observa o aumento na regularidade de isolados tolerantes aos fungicidas, e que por questões populacionais poderiam apresentar ocorrências diferentes entre diversos locais. No caso de isolados tolerantes, em poucas safras se teria um dano significativo. Já a segunda corrente fala que no caso dos problemas serem devido a uma queda na eficácia, fatores ligados à tecnologia de aplicação, dificuldades de absorção dos produtos e aumento na sensibilidade varietal poderiam explicar esta queda. “Em minha opinião, estamos enfrentando problemas sérios de eficácia e, caso não sejam equacionados, poderão resultar em resistência de fungos a fungicidas”, alerta Balardin.

Observaram-se também algumas falhas no controle preventivo da doença. Quanto a isto, o pesquisador adverte que podem ter ocorrido diversos problemas, entre eles o fato de o produtor não ter uma convicção plena do manejo verdadeiramente preventivo, sendo uma tendência a aplicação próxima do florescimento, possibilitando um período sem proteção da planta. “Ainda predomina a decisão de aplicação motivada pelo estádio fenológico da planta, não sendo considerada a evolução de inóculo”, conclui. Já no caso particular de manchas, sendo transmitidas pela semente, deveriam ser controladas próximo ao período de emergência (talvez no período entre 15 e 20 dias após a emergência). Outro problema que normalmente pode ocorrer é o produtor realizar a primeira aplicação e, considerando a sanidade prolongada das plantas, aumentar o período residual  além daquele suportado pelo fungicida aplicado (normalmente entre 15 e 20 dias). Por fim, outro fator que pode ter influenciado a falha na prevenção da doença foi o atraso na realização da segunda aplicação. Associado à dificuldade de penetração e cobertura por parte dos fungicidas, o residual declina ainda mais e a doença passa a evoluir de forma mais rápida, ocasionando um aumento no dano.

Daiane Köhler/Asimp/Instituto Phytus 

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