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A safra de trigo está começando com alguns percalços importantes que podem ter grandes reflexos à frente. Quem faz o alerta é o gerente de Pesquisa e Ensino do Instituto Phytus e Doutor em Agronomia, Marcelo Madalosso. O primeiro ponto diz respeito ao atraso na liberação de recursos pelo governo para custeio da safra, prejudicando toda a cadeia em torno do cereal. Outro ponto remete ao final da safra de soja que apresentou um estresse hídrico até próximo ao início dos plantios de trigo, em algumas regiões. “Estes pontos tendem a flexionar o andamento da safra de trigo mais tardia, resultando em dificuldades relacionadas ao controle de doenças, pragas, colheita e, possivelmente, o plantio da próxima soja”, avalia. Quanto às perspectivas de incidência de doenças em trigo no Sul do país, o pesquisador pondera acerca da confirmação da presença do fenômeno climático El Niño, o que indica chuvas acima da média histórica no inverno. “Associado a isso, a primavera também é muito úmida, o que pode refletir, no primeiro momento, em manchas nas áreas de monocultura, então bacteriose e ferrugem (se efetivado o inverno quente e úmido) e depois ocorre a incidência de Giberela e Brusone na espiga”.  Madalosso orienta ainda que o produtor dê atenção para um programa de aplicações precoce e mais robusto, com intervalos menores de aplicação a medida que as condições indicarem confirmação destes pontos.

Outro grande desafio do cultivo do trigo diz respeito à ocorrência de plantas daninhas devido ao crescimento no número de espécies resistentes aos herbicidas usados na cultura e a ampliação de áreas com problemas de resistência e a falta de novos herbicidas, com diferentes mecanismos de ação. “A ocorrência de plantas daninhas deverá se concentrar nas principais espécies problema, quais sejam, azevém, buva e nabo. Em algumas áreas poderá ocorrer aumento no aparecimento de cevadilha e  de cipó de veado de inverno”, previne o consultor do Instituto Phytus e Prof. Dr. da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (UPF), Mauro Antônio Rizzardi. Sobre as estratégias mais eficazes para prevenir e/ou mesmo controlar estes problemas, se considerarmos a ampliação nos casos de resistência e a dificuldade de controle, Rizzardi aconselha o agricultor a associar práticas de manejo, como rotação de culturas e manejo pré-semeadura com herbicidas de diferentes mecanismos de ação, dentre outras ações.

Trigo com pivô

Já a perspectiva do cultivo de trigo com pivô, no Cerrado brasileiro, é de expansão, principalmente em função do desenvolvimento de novas cultivares, mais adaptadas pela Embrapa para esta região. As considerações são do Coordenador Técnico do Instituto Phytus e Mestre em Fitopatologia, Nédio Rodrigo Tormen, que completa: a opção dos produtores em cultivar trigo está relacionada, principalmente, ao preço comparado ao do feijão, já que ambas as culturas podem ser implantadas na mesma época e, consequentemente, competem pelas áreas irrigadas. Mesmo assim, o trigo apresenta-se como uma alternativa de rotação de culturas para a região e uma oportunidade para os produtores saírem da sucessão Soja/Milho/Feijão, que, normalmente, ocorre em áreas irrigadas por pivô. Quanto aos desafios da região, Tormen chama atenção à incidência da principal doença do trigo irrigado no Cerrado, a Brusone (Pyricularia grisea (Cooke) Sacc., Magnaporthe grisea (T. Hebert). “Essa doença ocorre em folhas mas é, principalmente, a partir da formação da espiga que tem grande potencial de causar perdas em produtividade e qualidade do trigo, havendo casos em que lavouras inteiras já foram perdidas”, comenta.

Ao contrário do Sul do Brasil, explica o pesquisador, onde as condições são mais propícias à incidência de doenças em geral, como ferrugens e manchas, por exemplo, a ocorrência de outras doenças tende a ser menor, já que o cultivo no Cerrado é irrigado e dificilmente acontecem períodos longos com umidade sobre as folhas. “Porém, essa tendência é muito dependente de um bom manejo da irrigação, que se não realizado pode resultar em efeito contrário”. Tormen acautela ainda que, no caso específico da Brusone (principal doença), os maiores problemas são visualizados em áreas onde não se considera o momento de início da infecção na programação da irrigação. “O fungo Pyricularia grisea  é um patógeno altamente agressivo, presente na maioria das áreas e quando encontra condições favoráveis causa perdas consideráveis”, adverte.

Asimp/Instituto Phytus

#JornalUnião

Foto: Instituto Phytus/Divulgação

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