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Os veículos de comunicação de todo o mundo vivem o impacto da substituição tecnológica. Jornais e revistas sofrem a inviabilização do papel pelos meios eletrônico-digitais. Rádio e televisão são atropelados pela mídia segmentada e a possibilidade de veiculação direta pela internet. Tradicionais veículos já fecharam as portas e praticamente todos lutam para sobreviver no novo ambiente. No Brasil, além do fenômeno mundial da tecnologia, o quadro político-econômico provocando ainda mais estragos. O presidente Jair Bolsonaro, eleito sob a bandeira da moralização, tem vivido às turras com a imprensa, numa luta que tende a prejudicar ambos os lados e, principalmente, a comunidade.

O atual governo fecha as torneiras de custeio à mídia, acusando os antecessores de aplicar indevidamente no setor elevadas somas de dinheiro público em prejuízo dos serviços à população. Por isso, corta verbas e mantém a contenda com jornais, TVs, rádios e sites noticiosos e de opinião. O clima não favorece à tarefa de reconstrução nacional, que é inadiável, e nem arrefece a nefasta radicalização política a ideológica.

É preciso buscar o ponto de equilíbrio. Não pode, realmente, o governo investir nos veículos de comunicação como forma de cooptá-los ao apoio incondicional. E também não deve suprimir seu apoio e a normatização a ponto de inviabilizar a manutenção dos jornais, revistas, rádios, TVs e assemelhados. A imprensa livre e independente é o oxigênio da democracia. Veículos comprometidos com as comunidades onde atuam são de alta utilidade para detectar os problemas e fazê-los chegar aos governos e aos organismos da sociedade capazes de solucioná-los. Não devem ser de situação e nem de oposição. Apenas arautos das causas da área onde prestam seus serviços, identificando e encaminhando os problemas e veiculando para seus leitores, ouvintes e telespectadores toda a informação de seu interesse, seja ela oficial, social, educacional, cultural e orientações de saúde e segurança. O governo não deve neles investir indiscriminada ou politicamente, mas é do interesse maior do país criar condições, como desoneração tributária, outras medidas e até a inserção de publicidade oficial que seja real necessidade, para que a imprensa continue existindo, enfrentando a crise típica do setor e prestando o seu serviço, que é de reconhecida utilidade pública. Não há razão para o atual governo, só para ser contrário aos desmandos dos antecessores, praticar uma política restritiva ao setor. A imprensa é vital à sociedade e toda ela – não apenas a dos aliados – merece apoio e incentivo da União, estados e municípios.

Cada jornal, revista, rádio ou televisão que fecha ou reduz sua atividade, representa um prejuízo à Nação. Estamos num momento em que o setor tem de ser salvo e restar, íntegro, altivo e desaparelhado ideologicamente. Não interessa à população ter uma imprensa comprada para defender os interesses do dono do dinheiro, seja ele situação ou oposição. É, também, intolerável conviver com o antagonismo e a perseguição de veículos ou profissionais de comunicação a governantes, opositores ou a quaisquer segmentos da sociedade. Precisamos daquela imprensa plural que questiona, investiga e propugna por soluções, sem cair no cabresto de governo,  minorias poderosas, partidos ou ideologias. Nestas condições, ela é a verdadeira identidade da democracia e progresso do país e do preparo do povo para os grandes desafios...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br 

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