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Apesar de, infelizmente, ter antecipado o fim da vida de 64,9 mil brasileiros e ainda estar por levar milhares de outros e prejudicar muitos na saúde ou na economia (ou em ambos), o coronavírus pode ser considerado um novo divisor de águas na sociedade. Por conta de sua letalidade (verdadeira ou suposta), passamos a utilizar mais o comércio eletrônico e outros recursos que a internet e seus serviços proporcionam e eram ignorados por considerável parcela da população. Impedidos de comparecer às aulas, professores – especialmente os da rede privada que não querem perder alunos e renda – passaram a disponibilizar os ensinamentos pelos aplicativos e redes sociais. Comerciantes correram para montar lojas virtuais em paralelo às tradicionais colocadas em quarentena. Bancos ampliaram  o seu já desenvolvido serviço online. Artistas descobriram o caminho da “live”, que os livra do severo controle das emissoras de TV, rádio e produtoras. Até o futebol acha na “live” a forma independente de exibir seus jogos ao grande público. Tudo isso sem falar da infraestrutura que a rede proporciona aos que trabalham em home-office, outro imperativo do período epidêmico.

Não é àtoa que enquanto as autoridades de saúde ainda se empenham no controle do desastre sanitário, os estrategistas, tanto do governo quanto do mercado corporativo, já  pensam sobre como será o mundo – e particularmente o país – quando o vírus acabar ou pelo menos estiver mais dominado. Muitos acham que, mercê das dificuldades e descobertas ocorridas no período, boa parte das coisas não voltarão a ser como antes. Até porque fomos obrigados a, na falta do relacionamento presencial, recorrer a serviços eletrônicos e à distância antes disponíveis mas não acessados por acomodados, incrédulos ou até ignorantes em relação à sua existência. E esses serviços, acabam se aperfeiçoando.

Muito do que era experimental, depois de passado pelo batismo de fogo da quarentena e do isolamento social (por vezes equivocado) tende a ganhar acabamento e formato comercial para todos utilizarem. Duas décadas atrás se pensava que a TV a cabo com seus múltiplos canais sufocaria a TV aberta. Isso não aconteceu. Hoje temos uma nova vertente do setor, representada pelas “lives” que só têm viabilidade porque boa parte dos receptores ligada à rede mundial de computadores, na primeira massificação da chamada “internet das coisas”. Mas é bom se preparar para, dentro de poucos anos, ter a geladeira, o ar-condicionado, o forno, o chuveiro, a iluminação, o alarme e tudo o que se utiliza dentro de uma casa ou empresa monitorado remotamente e com eles poder interagir através do telefone celular que, por certo, será mais avançado do que os hoje disponíveis.

Quando a pandemia deixar de matar – e consequentemente estiver extinta – não será difícil que, apesar do sofrimento causado, ela passe para a história como um grande empurrão para a utilização criativa dos recursos proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico. Seu isolamento deve ter antecipado um futuro que, no ritmo anterior dos acontecimentos, só chegaria em cinco ou mais anos. O mundo, positivamente, não será mais o mesmo. Quem não se preparar para absorver a mudança, poderá perder grandes oportunidades...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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