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Nos anos 80, chamou-se a atenção um outdoor colocado em meu caminho ao trabalho, que mostrava a traseira de um veículo futurista literalmente voando no céu azul. O automóvel aparecia no quadro onde estávamos acostumados ver os aviões. Era um forte apelo institucional e nos levava a divagar sobre como seria o futuro. A ficção do carro voador já existia nas histórias em quadrinhos e até no cinema, mas era muito distante da realidade. Poucos pensavam no automóvel autônomo que hoje existe e até já provocou acidentes, ou nos veículos elétricos, que começam a invadir o mercado e tendem a desbancar o petróleo, seus similares e derivados. Possuíamos apenas o carro a álcool em sua versão primária com mera adaptação para queimar o combustível vindo da cana no lugar da gasolina, um nicho de mercado que quase se extinguiu e só foi salvo com a chegada da eletrônica embarcada nos veículos e a hoje popular tecnologia “flex”, onde o motor consome tanto um quanto outro combustível e até a mistura de ambos.

Tivemos muitos experimentos de carro elétrico ao redor do mundo. No Brasil e em toda a América Latina, o pioneiro foi o Gurgel Itaipu, apresentado no Salão do Automóvel de 1974, pela Gurgel, empresa que até então se dedicava à produção de veículos em fibra com mecânica Volkswagen refrigerada a ar. Mas, com a tecnologia de então, os veículos elétricos eram lentos e tinham baixa autonomia. Isso sem dizer que não havia pontos de reabastecimentos. No quase meio século que nos separa daquele lançamento futurista, muita coisa mudou. As baterias ganharam nova tecnologia e componentes, novos conceitos de motores e transmissões foram desenvolvidos e hoje o carro movido a eletricidade é sustentável, embora o preço ainda seja elevado. Mas isso é um fenômeno que já experimentamos com outros avanços como a TV em cores e o videocassete, lançados com os preços nas alturas mas trazidos à razoabilidade pela produção em escala e demanda mercadológica.

Hoje já vemos os primeiros veículos elétricos chegando ao mercado em condições de substituir os movidos a combustíveis líquidos. Surgem também as primeiras “bombas” de abastecimento elétrico. Mas, além disso, há a forte alternativa viável para as grandes e até médias cidades de, em vez de comprar um veículo e tê-lo na garagem ocioso na maior parte do tempo, passarmos a “assiná-lo” como se faz com jornal e outros produtos e ter a sua posse só na hora de utilização. Quando não estamos usando, outros assinantes estarão e, assim, os custos serão compartilhados. Quando chegarem os autônomos, então, muitos cidadãos sequer tirarão carteira de motorista, pois dela não necessitarão.

Integrantes da geração nascida no pós-guerra – de 1945 a 64 – assistimos muitas transformações. O homem foi à Lua, os computadores e suas redes transformaram o planeta numa aldeia e hoje somos cercados de engenhocas nunca antes imaginadas. O carro voador do outdoor ainda não surgiu, mas temos a grande nuvem de helicópteros, o carro elétrico que aos poucos substituíra a atual frota e muitas inovações que ainda nem imaginamos. É o mundo e a humanidade – apesar de todas as iniquidades – cumprindo o seu destino. Oxalá os homens possam se entender e tirar o mais alto proveito de tudo o que ele próprio inventou ou desenvolveu. Que as tecnologias sirvam à paz, jamais à guerra ou ao sofrimento do ser humano.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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