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São lamentáveis e preocupantes as agressões a jornalistas durante manifestações políticas, independente do objetivo e da orientação político-ideológica dos organizadores e participantes. O que assistimos neste domingo em Brasília em nada difere do que ocorria na região do ABC, no final dos anos 70, quando seguidores do então emergente líder sindical Luís Inácio da Silva perseguiam repórteres dos veículos de comunicação que não lhes pareciam simpáticos à causa. Conhecemos profissionais da época que revelam ter sido acusados de "filmar e fotografar" os participantes das manifestações e entregar o material aos órgãos de segurança do regime militar, que ali era combatido. Hoje, o mantra é de que jornalistas mentem para derrubar o governo. Temos certeza de que, assim como não se provou o dedurismo aventado quatro décadas atrás, nada haverá de concreto em relação aos motivos que levam às agressões de hoje.

A imprensa sempre foi alvo. A história registra o empastelamento de jornais ocorrido em momentos cruciais como a queda do império, as revoluções, a morte de Getúlio Vargas e outros. Descontentes, indignados ou simples revanchistas invadiam as redações e oficinas gráficas onde destruíam máquinas de escrever e compositoras, misturavam as caixas de letras que se utilizava para montar as páginas e ateavam fogo, para impedir a circulação do jornal. Atos de protesto que a tecnologia e a segurança de hoje dificultam e, mesmo concretizados, não teriam o mesmo efeito de antigamente. Então, o que sobrou para protestar? A agressão ao jornalista.

Dependente do apoio da turba que o cercava, Lula nunca fez nada para conter seus fanáticos. E o mesmo ocorre com Jair Bolsonaro. Deveriam lembrar que os profissionais presentes aos eventos não são os mesmos que definem a linha editorial dos jornais, revistas,  rádios e TVs onde trabalham e que agredi-los não produz nenhum resultado transformador no material divulgado no dia seguinte; pelo contrário, desencadeia processos de solidariedade aos ofendidos e acirra os ânimos.

Na democracia, os meios de comunicação são livres para externar suas posições e até defender os próprios interesses. Não devemos ignorar que se tratam de empresas privadas que, com seu produto, têm de gerar a renda de sustentação do negócio. Seus controladores devem ter claro o melhor caminho a seguir para atingir os objetivos e, também, ser conscientes das restrições. Empregar a força não é a solução para mitigar conflitos. Isso não serve à evolução da sociedade que todos nós, com os recursos disponíveis, lutamos diuturnamente para construir e legar às futuras gerações em melhores condições do que a recebemos de nossos antepassados...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

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