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Certamente, você já ouviu alguma vez o ditado: “As aparências enganam”. De fato, num tempo em que opiniões a respeito de situações ou pessoas são formadas tão rapidamente por meio de uma simples imagem ou vídeo, vale a pena refletir a veracidade de tal frase.

Em um dado momento do Evangelho de São Lucas, um fariseu convida a Jesus para que venha jantar em sua casa e fica observando as atitudes de Nosso Senhor ao se colocar à mesa.

O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. O Senhor disse ao fariseu: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?” (Lc 11, 38-40).

Lavar as mãos antes de sentar-se à mesa, algo corriqueiro e comum ainda hoje, era para os judeus daquele tempo mais do que um cuidado com a higiene, era um preceito que devia ser seguido à risca, necessário para a purificação do homem.

Para a surpresa do fariseu que o havia convidado, Jesus não lava suas mãos antes de se sentar à mesa, não porque havia nele uma rebelião contra a lei e os preceitos, mas porque conhecia o coração daquele homem e sabia que havia uma doença disseminada entre os fariseus: viver de aparências. Aqueles homens, tão acostumados a seguir à risca cada um dos preceitos do judaísmo, se antes o faziam por fervor e amor a Deus, agora apenas tinham como preocupação manter a própria aparência de varões santos.

Infelizmente, a aparência não comunica vida, não move corações, não é certeza de salvação. De nada adianta uma boa aparência de santidade, uma boa imagem, se o coração está tomado pela escuridão do pecado. De nada adianta possuir a fama de estar vivo, se o coração estiver tomado pela morte que o pecado causa. Jesus queria que aquele fariseu entendesse o sentido mais profundo do ritual que observava e mudasse o seu interior, não apenas vivesse uma aparência de fidelidade a Deus.

Não gosto da minha aparência. O que posso fazer?

Somos constantemente tentados a sustentar uma boa aparência, a nos passar por bons-moços ainda que nosso interior não corresponda àquilo que transmitimos aos outros, mas não é isso que Jesus espera de nós. Ele quer e nos impulsiona à evangelização, à propagação da beleza do Evangelho e de tudo aquilo que Ele fez em nossa vida, mas é preciso viver antes de mostrar.

A falta de consonância entre o discurso e a vida de quem prega talvez seja o fator que mais causa desânimo e ineficácia nos projetos de evangelização que realizamos. Como posso comunicar apenas uma aparência e esperar que isso transforme a vida de alguém?

Na proximidade, na intimidade, o coração por trás das belas fotos e vídeos bem editados se mostra, e o que acontecerá se não houver verdade por trás da imagem vendida com tanta maestria?

A manifestação externa por meio de gestos, forma de vestir, comportamentos é inerente ao interior que repleto do Espírito Santo transborda, mas quando essa mesma manifestação externa não brota de uma real experiência com Deus, nada mais é do que simulação, teatro, falsidade, e poucas coisas são mais abomináveis para Deus do que um coração que não é sincero.

Peçamos a Deus a graça de um coração puro e sincero, que traduza na vida externa e comportamentos a beleza de uma verdadeira experiência de vida interior apaixonada por Jesus Cristo, Seu Evangelho e a Santa Igreja.

Kaique Duarte - Seminarista da Comunidade Canção Nova

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