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Na metade do século passado, quando o Brasil trabalhava pela implantação da indústria automobilística, espalhou-se que, por questões ambientais, não seria possível produzir blocos de motores com boa qualidade no hemisfério sul. O desenvolvimento do setor desmentiu essa versão, certamente inventada por produtores do norte que não queriam a concorrência brasileira e argentina. Hoje nossos veículos têm a mesma qualidade dos produzidos nos centros mais tradicionais e são exportados para todo o mundo. Mas agora deparamos com o fantasma econômico. A Ford anuncia que vai fechar a fábrica de caminhões – porque vai sair do segmento na América Latina – e a General Motors lança a incerteza quanto a sua continuidade no Brasil. São duas grandes pendências nesse setor que, apesar da automatização massiva, detém muitos empregos e renda.

Os fabricantes não devem se esquecer dos incentivos e desonerações de que se beneficiaram ao longo dos anos que vêm operando no país e simplesmente decidir encerrar seus negócios n pais. O governo, por sua vez, tem de tornar mais transparentes e incorruptíveis as relações com a indústria automobilística que, nos tempos mais recentes tiveram leis de inventivo e desoneração fiscal questionadas até pela Operação Lava Jato. Em todo o processo de reformas que o atual governo propõe é necessário adicionar também um capítulo que garanta relação sadia com as montadoras e o setor que as abastece.

Louve-se o empenho do governador paulista, João Dória, em busca de soluções para a planta que a Ford prevê desativar depois de mais de 40 anos de atividade em São Bernardo do Campo (SP). Noticia-se haver três grupos empresariais – um nacional e dois estrangeiros  – interessados em assumir a fábrica. Tudo deve ser feito para viabilizar a continuidade do negócio, inclusive, contendo a fúria do ativismo sindical que durante as últimas décadas tumultuou e onerou a região a ponto de induzir a migração de negócios do gênero para outras áreas do país, de menor pressão trabalhista.

Precisamos garantir condições de operação àqueles que se dispõe a investir na produção nacional, para que isso gere os empregos necessários à população, os produtos para o consumidor e os tributos ao país. Particularmente no setor automobilístico, o nosso país carece de uma radical reforma tributária que coloque o preço do veículo nacional dentro dos patamares internacionais. Hoje, conforme o modelo, um mesmo veículo custa no Brasil o dobro do seu preço nos Estados Unidos. A escorchante carga tributária tem de ser aliviada tanto para que as produtoras tenham sua lucratividade quanto para o consumidor ter condição de adquirir o produto.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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