Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Ecl 3,1). Ao ler essa passagem bíblica, somos convidados, a princípio, a esperar o tempo das coisas acontecerem, de entender os fatos da vida no seu curso próprio.

Numa situação boa ou ruim, quantas vezes já nos pegamos no desejo de acelerar o tempo ou de fazê-lo parar de forma a corresponder aos nossos anseios emocionais? Quantas vezes queremos que uma hora se equivalha a duas, com o intuito de mais conquistas ou ainda de poder ser mais produtivo e atender demandas de outras pessoas, e até de si mesmo?

Quantas vezes o tempo é pouco para o que desejamos, mas, mais do que suficiente para o ser humano que possui limites próprios, dentro de cada contexto peculiar, na necessidade de ser gente nesse mundo “urgente”? Quantas vezes…

Aqui desejo aprofundar este verso bíblico a uma vertente psíquica e emocional: o tempo do sentir, do perceber-se! Cada dia mais, estamos sendo levados a ser “mais do que somos”: mais produtivos, eficientes, perfeitos; a termos mais, conquistarmos mais, oferecermos mais.

E, assim, no desejo de viver esse “mais”, abandonamos - sem nos dar conta - aquilo que somos: pessoas! Pessoas que sentem, cansam, esgotam, erram, se fragilizam. Desrespeitamos nossa essência em prol da nossa “insaciável” ânsia de tudo ser, fazer e poder! Devemos ser, com muita propriedade, nosso próprio limite. Não se trata dos limites que nos limitam, mas do que nos fazem saudáveis e plenos.

Não dá para ser feliz ultrapassando nossos limites, pois isso fatidicamente resultará em esgotamento e doença. Saibamos olhar para dentro de nós e encontrarmos o nosso tempo de agir e parar, de seguir e descansar para, no determinado momento ou no dia seguinte, prosseguir tendo nos dado, com o devido respeito de que precisamos: o descanso.

Nossa mente pode, em alguns momentos se desarmonizar com o nosso corpo e querer explorá-lo além do que ele pode. E, por irmos além do que o corpo e mente são capazes de render, as consequências, na maioria das vezes, são as doenças somáticas ou psicossomáticas.

Chegamos a acreditar que todas essas tarefas devem ser feitas no tempo do agora e que isso é o certo. Displicentemente, não olhamos para nossa condição, acreditamos que nosso limite humano é estar além do limite, e que devemos sempre exigir, cada vez mais, de nós mesmos.

É lógico que é válido e necessário abraçar novos desafios e conquistas. Entretanto, cada um deve ser honesto o suficiente consigo mesmo para não “romper” com sua condição de ser gente saudável e feliz.

É preciso reconhecer que o tempo de conquistas requer um tempo de descanso e refrigério, para que o corpo e a mente não desenvolvam patologias que chegam de maneira lenta, por perceberem que foram “agredidos” por muito tempo.

É preciso dar-nos tempo para ouvir, sentir e dar as melhores respostas ao nosso corpo e a nossa mente, de maneira a nos manter saudáveis físico, psíquico e socialmente. Por fim, retomando o tempo de cada coisa, devemos conceder e investir no tempo de Deus em nossas vidas!

Josilene Braga Ribeiro Quintas é professora e psicopedagoga do Instituto Canção Nova e da Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.