Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

As pautas-bomba, que têm tramitado pelo Congresso Nacional no pós-eleição, mais parecem vingança contra a Nação, que reelegeu apenas 48,9% dos atuais deputados. Ao permitir que aproximadamente 1700 prefeituras extrapolem os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não honrando seus compromissos, os parlamentares transferem o problema para o próximo governo federal, que é o avalista da dívida municipal. Se o presidente Michel Temer, ao apagar das luzes do seu mandato, sancionar o projeto, terá criado mais um problema. O Senado, por sua vez, já ousou e Temer cedeu ao reajuste de 16,38% aos ministros do Supremo Tribunal Federal que, por mais justo e devido que possa ser, é inoportuno principalmente porque repercute nos salários de todo o Judiciário (federal e estadual) e também no teto dos vencimentos dos servidores da União, estados e até dos municípios. Os ministros, que aguardavam desde 2016, quando a matéria foi aprovada na Câmara, poderiam ter esperado mais um pouco, fazendo o mesmo esforço de todos os brasileiros cujos reajustes salariais, por maiores que sejam, não passaram de 5%.

As equipes de transição dos governos Temer e Bolsonaro precisam agir para equalizar os desatinos que o parlamento pato manco (expressão que define o político norte-americano  em fim de mandato) vem cometendo nesses últimos dias. Projetos que dormiram nas gavetas por longos períodos são desentranhados e votados sem a menor preocupação do quanto repercutirão na administração pública e na sociedade. E isso irá até 31 de janeiro, quando encerra o atual mandato legislativo. Não é lícito que interesses subalternos ou de economia interna das casas legislativas – como a eleição de suas mesas diretoras – possam levar todo o país a sofrer com legislações que, em tempos normais, ninguém teve interesse em discutir e votar.

É preciso lembrar que, apesar de todas as mudanças ocorridas após o impeachment de Dilma Rousseff, o país ainda tem muita coisa a corrigir, principalmente no tocante ao relacionamento entre os poderes. O novo governo chega com procedimentos que eliminam o “toma lá dá cá”. É necessário dar um tempo para a transição e, principalmente, não atrapalhar a proposta de trabalho aprovada nas urnas que elegeram o presidente. Para evitar prejuízos irreversíveis ao país, o melhor que os parlamentares têm a fazer é entrar em recesso imediatamente e não no dia 22, como prevê a Constituição. E, também, não realizarem sessões extras até 31 de janeiro, quando terminam seus mandatos. Tudo o que votarem nos próximos dias, tende a ser contrário ao interesse nacional e servirá para ampliar a má imagem que o povo faz da classe política e, principalmente, dos ocupantes do Poder Legislativo. Por favor, entrem em recesso e, principalmente, evitem a vingança contra o povo...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.