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Nesses tempos de mudança, que preocupam alguns e enchem outros de esperança, pontifica a questão da Escola Sem Partido. Surgida em 2004, a tese da despartidariazação do ensino provoca muitas discussões e exige definição. Ate porque, ao mesmo tempo em que os alunos são bombardeados por informações ideológicas, pouco ou nada se faz para que apreendam o programa de ensino do seu curso e isso traz como resultado uma imensa legião de analfabetos funcionais ou de diplomados que não sabem, objetivamente, o que fazer do diploma.

Mesmo com a chamada liberdade de cátedra, que alguns invocam equivocadamente, a escola necessita de limites. Não pode ser um território livre e nem foro de discussão político-partidária. Têm, obrigatoriamente, de cumprir sua finalidade de transmitir conhecimento ao alunado e prepará-lo para os desafios da sociedade e de um mercado de trabalho cada dia mais competitivo e seletivo. O aluno não pode ter o seu tempo de estudo desperdiçado com discussões de ordem ideológica ou partidária. Política na escola, por definição, deve ser ministrada apenas para o entendimento do aluno sobre o que é e como funciona a organização do estado, mas nunca vivenciada na prática ou utilizada como meio de pressão a favor deste ou daquele.

O professor pode ter sua ideologia e até militância. Mas deve exercê-la no partido político e nas ações por este desenvolvidas. Jamais em sala de aula e nunca impingindo suas idéias aos alunos. Seu salário é pago para ministrar o programa da matéria para a qual foi contratado e o currículo pedagógico da instituição. Se fizer de forma diferente, estará descumprindo clausulas contratuais, pois o aluno está ali para aprender e não para ser feito militante.

Na esteira da discussão do Escola Sem Partido, uns acusam os outros. Quem prega a despartidarização, diz que professores de esquerda ideologizam os alunos. Os contrários invocam a liberdade de ensino e acusam seus adversários de quererem a escola “de apenas um partido”, no caso, de direita. É importante termos em mente que a escola, para ser boa, não deve ser de esquerda, de direita e nem de centro. Ela não deve ter ideologia política ou partidária. Tem de ser um respeitoso espaço plural, onde o aluno tenha a oportunidade de aprender as matérias e, sem qualquer viés ou preferência, ser informado sobre as tendências até políticas disponíveis e vigentes na sociedade. Nada impede, no entanto que , enquanto cidadão, tenha suas preferências e as pratique no seu dia-a-dia e no lugar adequado. Mas jamais no sagrado ambiente escolar, dedicado ao aprendizado e à preparação para o futuro.

É tradicional que os grêmios e diretórios acadêmicos tenham viés político e em suas eleições haja o confronto entre uns e outros. Isso, durante muito tempo, foi a baliza e a porta de entrada de alguns para a vida política. Mas não pode ser a realidade da escola. Quando se  tenta transformar a escola em comitê eleitoral ou aparelho ideológico (pouco importa a tendência), configura-se a  traição ao aluno e à sua família, que o matricula para estudar, não para militar politicamente...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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