Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

O país assistiu finalmente ao aguardado depoimento do general Eduardo Pazuello na CPI da Covid. Falando pelos cotovelos tentava desviar o foco dos questionamentos a que era submetido. E, atordoado pelas cobranças, passou mal, sendo a audiência interrompida e reiniciada no dia seguinte (20).

As mentiras e falta de coragem de assumir responsabilidades, bem como de responsabilizar aquele que determinou o modus operandi de atuação do Ministério da Saúde marcaram a presença do general Pazuello na CPI da Covid, o qual deveria ter saído da audiência preso não fosse estar protegido por habeas corpus.

Entretanto, o país do coronavírus, de quase 500 mil mortes, não é quartel onde “um manda, outro obedece”. Assim, os ex-ministros Luiz Henrique Mantetta e Nelson Teich - que tiveram a sensibilidade racional de enxergar a gravidade da doença tão devastadora que o ministro Pazuello e o presidente Bolsonaro não tiveram – foram peças discordantes e não ficaram no governo.

É triste ver o Exército brasileiro ser representado por um general que tentou mascarar a verdade, sem competência na área da saúde, e que apenas se propôs a cumprir integralmente a missão de não tomar nenhuma decisão que contrariasse a posição do presidente da República. Ou seja, “um manda, outro obedece”.

Mentindo e sendo desmentido, com a tropa de choque governamental tentando tumultuar a audiência para blindar o general, este não teve humildade de reconhecer os seus erros, inclusive o de não usar máscara em shopping, saindo-se com evasivas falaciosas não compatíveis com a seriedade que se espera de um general.

É simplesmente lamentável que por atitudes irresponsáveis em relação à preservação de vidas, venha um governo, diante de doença dão grave, (1) priorizar a saúde da Economia; (2) negligenciar, por exemplo,  ações efetivas em Manaus, onde muitos pacientes morreram asfixiados por falta de oxigênio, transferindo responsabilidade ao governo estadual; e (3) deixar de firmar tempestivamente acordos com países para compra de vacinas,  preferindo investir em procedimentos duvidosos e não científicos ao se posicionar como garoto propaganda de cloroquina, induzindo assim grande parte de seus correligionários a acreditar em milagres, cujas consequências danosas hoje todos conhecemos.

Não podemos deixar de registrar a falta de empatia do presidente com os brasileiros contaminados ou vulneráveis à contaminação pelo coronavírus ao mandar cancelar, por picuinhas com o governo paulista, a compra da vacina Coronavac pelo Ministério da Saúde para aquisição de 46 milhões de doses, saindo-se com esta pérola: “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão de minha autoridade”.

Espera-se que a CPI conclua os seus trabalhos reunindo provas robustas para responsabilizar os culpados pela morte de quase 500 mil pessoas.

Júlio César Cardoso - Servidor federal aposentado - Balneário Camboriú-SC

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.