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Leonardo da Vinci quase não frequentou escola formal, mesmo assim o grau de sua genialidade é tão alto que, no plano terrestre, é uma figura inexplicável

Certo dia, alguém me perguntou qual foi o maior gênio que já passou pela história da humanidade. Primeiro, é preciso definir o que seja “gênio”. Digamos que seja alguém com extraordinária e incomum capacidade intelectual, um cérebro privilegiado capaz de conhecer e fazer coisas difíceis que poucos seres humanos conseguem. Enquanto eu pensava, alguém respondeu: “para mim, foi Jesus Cristo”.

Jesus foi um extraordinário líder espiritual, de ensinamentos maravilhosos, amado e seguido como guia moral. Mas ele não é tido como um gênio intelectual ou científico, sobretudo porque seu foco não era explicar as leis físicas da natureza nem a matemática do universo ou inventar maquinas, objetos e técnicas, mas sim mostrar um caminho para a vida na Terra e o rumo do Céu. Muitos dizem que Jesus também não foi o mais influente personagem da história e que talvez Maomé (570-632) tenha sido, pela extensão de sua influência religiosa, política e comercial. Atualmente, um quarto da população são muçulmanos, seguidores de Maomé.

Como gênio científico, alguns respondem que foi Alberto Einstein (1879-1955), considerado sempre o maior cientista do século 20, por suas notáveis realizações no campo da física, principalmente pela Teoria Geral da Relatividade e pela Teoria Especial da Relatividade. Outros citam Isacc Newton (1642-1727), tido por muitos como o mais importante cientista que já habitou a Terra.

A obra Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Newton, na qual ele descreve a lei da gravitação universal e as três leis de Newton, é tida como uma das mais relevantes e influentes em toda a história da ciência. A física newtoniana assombrou o mundo e revolucionou as ciências e a compreensão da natureza. Seus feitos na área da matemática pura e da mecânica (ciência esta que trata do movimento da matéria) são notáveis e dignos de um gênio elevado.

Todos esses homens merecem a reverência que lhes é feita pela humanidade e podem figurar em qualquer lista dos cinco mais influentes e importantes em toda a história. Todavia, minha escolha como o maior gênio científico, de múltiplas habilidades, é Leonardo di Ser Piero da Vinci (1452-1519). Filho ilegítimo (um ato de adultério) do tabelião Piero da Vinci e da camponesa Caterina, Leonardo da Vinci quase não frequentou escola formal, mesmo assim o grau de sua genialidade é tão alto que, no plano terrestre, é uma figura inexplicável.

Ele tinha múltiplas habilidades, em todas era um gênio. Leonardo se destacou como matemático, engenheiro, arquiteto, escultor, inventor, anatomista, poeta, músico, pintor, e em todas essas profissões, técnicas e artes, ele se destacou com um grau de genialidade espantoso. Foi um homem muito à frente de seu tempo. Seu destaque como pintor inigualável, em razão de quadros famosos como a Monalisa e A Última Ceia, às vezes faz muitos esquecerem de que ele era um cientista incomum, dono de uma mente assombrosa e habilidades técnicas inimitáveis.

Portador de sede insaciável de conhecimento, observador detalhista, autodidata e experimentador persistente, Leonardo da Vinci vai desde a dissecação de cadáver de mulher grávida para desenhar e descrever a anatomia de um feto (como anatomista) até a invenção de uma máquina de fabricar espelho (como engenheiro mecânico), passando por longa lista de invenções e soluções como: um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, teoria das placas tectônicas, projeto de prédios, pontes, canais (como arquiteto e urbanista), precursor da aviação e da balística etc.

A mente de Leonardo não tem paralelo e nunca foi superada por qualquer cientista. Além de criações geniais, ele produziu invenções menos famosas, como uma bobina automática, um aparelho que testa a resistência de um fio à tração, uma máquina de fabricar espelhos e vários equipamentos de uso diário. Ele era um desenhista de altíssima habilidade, perfeccionista, e muitos de seus projetos somente foram viabilizados cinco séculos depois, como a ponte Golden Horn em Istambul, na Turquia.

A multiplicidade de talentos elevados que povoava o cérebro de Leonardo da Vinci o faz, a meu ver, o maior gênio científico, técnico e artístico que a humanidade já viu nascer. Três qualidades de Leonardo nos servem de inspiração: imensa curiosidade, capacidade de observação e extraordinária vocação para captar detalhes. Lendo a recente biografia desse gênio, escrita por Walter Isaacson, as realizações de Leonardo da Vinci assombram pela variedade, quantidade e alto grau de excelência. Ele morreu em 2 de maio de 1519, há exatos 500 anos. Merece reverência de todos nós, que somos pequenos diante de tanta genialidade.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo

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