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André Breton lançou as raízes do surrealismo ao não conseguir introjetar, em sua consciência racional, entre motivos aceitáveis, o significado da guerra e de tanta carnificina que quase não suportou ver, como enfermeiro de guerra.

A corrente literária se espraiou e a humanidade ficou com a falsa impressão de tratar-se de um universo imaginário, que os escritores criam sem nenhuma vinculação com o real, lance de uma imaginação criadora e acima de tudo fictícia.

É preciso ver o mundo e suas significações ocultas, mas não menos reais, para compreender-se o surrealismo.

Mariana e Brumadinho se inserem no terreno maculado de fatos incompreensíveis, surreais.

Em época de avanços científicos e tecnológicos, como manter barragens de minérios destruidores, próprias dos séculos passados?  Não há explicações, salvo a ganância financeira dos custos menores para lucros maiores.

Outro aspecto surreal: como pode o homem, longamente criado numa história plena de apelos de amor aos semelhantes, adotar tal conduta egoísta? Em que biblioteca perdida foram parar os livros sagrados, versões da Bíblia, o Alcorão, o Talmud,  Os Vedas, O Guru Granth Sahib, o Tanakh, os Analectos de Confúcio, o Sutra de Diamante, O Livro de Mórmon, o Torá, a Fé Bahá’i de todas as religiões? Nenhuma pregou o mal à comunidade, sempre sustentaram o bem, divergiram tão-somente quanto à forma de fundar os valores e afastar os desvalores divinos e humanos. Hoje nada se explica, só o verdadeiro homem surreal.

Não relembremos detalhes de Mariana e Brumadinho. Simplesmente nos conscientizemos de que o surrealismo é o realismo do universo, do mundo e do homem, a descrição clara do que aparentemente é incrível, enquanto os interesses gerais não venceram a batalha contra os individuais e de grupos.

Amadeu Garrido de Paula, é Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados - bruna@deleon.com.br

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