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Estamos todos de luto pelas vítimas do brutal acontecimento de Suzano. Aquilo que ocorre com mais frequência em terras distantes agora está presente entre nós. É verdade que não se trata da primeira vez no Brasil. Do mesmo padrão foi o ataque de 2011 em Realengo (Rio de Janeiro), onde 12 alunos morreram e 13 ficaram feridos. Isso sem dizer de outros de menor repercussão ou data mais distante e, principalmente, da rebeldia e do medo estabelecidos nas escolas onde professores, alunos e servidores são frequentemente agredidos e até mortos. Quem procura culpados ou tenta identificá-los entre desafetos ou portadores de orientação política diferente da sua, está no mínimo equivocado. A maior culpa é da imprevidência de todos diante das transformações do perfil da sociedade.

Todos se omitiram quando nada fizeram ao ver valores humanos, sociais e morais  substituídos por hábitos de culturas estranhas à do povo brasileiro. Muito do que se agregou à vida do jovem exige poder aquisitivo de que a maioria dispõe e, daí, vieram o desencanto e a revolta. As políticas superprotetoras, em vez de protegê-los, estabeleceram a impunidade e enfraqueceram a autoridade da família. O jovem, por ser impune, ficou exposto, inclusive à cooptação pelo crime. Deu no que deu. Temos hoje um megaproblema, talvez até maior do que nos Estados Unidos onde, apesar do alto índice de ataques do gênero, não vigoram a impunidade e nem as mistificações a que é exposto o jovem brasileiro que, apesar de ser considerado vítima da sociedade, é abandonado à própria sorte.

Em vez de pensar em reforço policial nas escolas, o que é impraticável e ineficiente, é preciso resgatar o jovem, motivando-o com cartilhas, palestras que definam o bullyng, o fortaleçam pra não sofrer e o conscientizem para não praticar. Que, da mesma forma que se ministra sexo hoje em dia, não se esqueça de civismo, cidadania e princípios sociais que o possam levar a viver melhor, respeitando e sendo respeitado pelos seus pares. Todo esforço para readquirir o equilíbrio é fundamental. Dele dependerão as próximas gerações. Precisamos melhor cultivar os valores humanos em nossos jovens para que eles, além de se beneficiarem, sejam os futuros multiplicadores.

O que levou ao massacre de Suzano não é um problema meramente policial. É muito mais o que isso. É a comprovação da falência do pacto vigente. A sociedade não foi capaz de compreender as transformações das últimas décadas. Para evitar a possibilidade de chorar outras vítimas desse mesmo tipo de ocorrência, é preciso agir. Buscar com sinceridade e sem aquela “certeza” que alguns procuram demonstrar, as razões desse estado de coisas. Lutar pela reestruturação da família e sua autoridade, pelo atendimento às necessidades básicas dos jovens e, principalmente, pela reaquisição do equilíbrio. Não pode persistir o sistema de liberdade ampla geral e irrestrita onde o jovem só tem direitos, não tem obrigações e os pais e  professores perderam a autoridade.  É uma necessidade que transcende aos superados conceitos políticos de esquerda e de direita e exige muito trabalho, responsabilidade e foco. Não se pode penalizar o jovem, mas também não dá para continuar fazendo-o social e filosoficamente irresponsável.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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