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O inverno chegou e meu pé de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de jacatirão de inverno) não floresceu. Está completamente seco, morreu. Chegamos de viagem há poucos dias, ficamos fora mais de três meses – fomos visitar o neto Rio, em Lisboa e até ficaríamos mais três meses, mas a vó quebrou o braço, então achamos melhor voltar. Ficaríamos menos do que no ano passado, quando ficamos sete meses, mas quem sabe voltamos ainda este ano. Pegamos a florada do jacarandá, em Portugal, de novo, que lá era primavera, e é uma beleza.

Então ficamos sem o nosso pé de jacatirão, o manacá-da-serra. Muita seca por aqui. Dá uma saudadezinha dele, pois os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, espalhando tons de vermelho e vinho por todo lugar.

Ano passado, nesta época, meu pé de jacatirão-manacá acabava de estrear, tinha a sua primeira florada normal, completa, embora eu não estivesse aqui. Meu sobrinho me enviava fotos dele. O outro pé de manacá-da-serra que eu tinha no centro do  jardim também havia morrido, uns dois anos antes: eu o podei exageradamente, talvez, e ele não brotou mais. Mas a natureza é mágica e, sem que eu plantasse, cresceu outro pé de manacá-jacatirão no jardim. Pena que eu não estava aqui para cuidar dele, este ano, e acabei perdendo-o, também.

As primeiras duas ou três flores dele que desabrocharam, com suas pétalas brancas, me deixaram muito feliz, pois é como se a primavera visitasse a minha casa, em pleno inverno. Na primeira vez, como que numa pré-estreia, foram só poucas flores. Normalmente, as pétalas de jacatirão, que abrem brancas, vão ficando mais vermelhas, a cada dia, e novas brancas vão aparecendo, para passarem por um degradê e ficarem quase da cor do vinho. E o processo vai se renovando e as cores vão permanecendo.

Este ano não plantei amor-perfeito e petúnias, pois teria que fazer isso no final do outono, e eu não estava aqui, por isso meu jardim está um pouco triste. Ainda bem que alguns hibiscos resistiram e continuam florescendo, duas espécies de orquídeas também,  e a minha coleção de folhagens, aquelas que cada uma tem folhas de cores diferentes, eu não lembro o nome. Um pé de azaleia está cheia de botões, felizmente.

Também deveria estar colhendo morangos, pois é inverno, mas como não pude cuidar deles, não há nem flores nos pés que sobraram. O manjericão está firme e cheio de folhas, felizmente, para temperar peixe, fazer molho pesto e defumar anchovas e tenho, também, cana-limão e alecrim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vem por aí, com o inverno. Mas a sálvia secou e a hortelã também sumiu, acho que por causa do frio. Felizmente ainda tenho salsinha, cebolinha, os temperinhos verdes que não podem faltar. Eles sobreviveram, desta vez. Assim como os pés de couve, que vou replantar. E meus pés de maracujá doce, que plantei antes de viajar, estão vivos, cresceram poucos, mas estão vivos. Estou ansioso para ver suas flores, belíssimas, e comer o seu fruto, delicioso. Um pé de mamão papaia que nasceu sem a gente plantar também está carregadinho.

E ainda há tempo para plantar os amores-perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos hibiscos – devo achar mudas para comprar - e assim deixar mais colorida e feliz a minha horta/jardim. Mesmo sem o pé de jacatirão. Ano que vem teremos um verão com eles, de novo, pois vou providenciar um novo pé de manacá-da-serra.

Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

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