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Toda vez que se coloca a ideologia no lugar de outros valores da sociedade, em vez de resolver, cria-se problemas. Assim tem sido no nosso país ao longo das décadas. Direita e esquerda se confrontam há um século. Ambas já tentaram tomar o poder pela força e deram-se mal. Só se estabeleceram as rupturas que tiveram o apoio popular (a Revolução de 1930 pilotada por Getúlio Vagas, e a de 1964, quando os militares assumiram o poder). Então, o que fazem hoje os ideológicos de plantão? Tentam meter suas idéias na cabeça do povo, independente se verdadeiras, falsas ou descomprometidas. O importante é alcançar o poder e para isso fantasia-se, mistifica-se, mente-se. Na Nova República – pós 1985 – mentiu-se ao povo que com democracia tudo se revolveria, e deu no que deu. Ficamos sabendo da pior forma que isso não era verdade e, principalmente, que o que havia no Brasil não era uma autêntica democracia, mas apenas um formato democrático.

A crise hoje vivida decorre da impropriedade da democracia à brasileira. Ela não se preocupou com a manutenção do “imperium” do Estado e até procurou enfraquecê-lo. Alardeou o empoderamento do povo e das minorias mas não cumpriu seus deveres de proteção. Em vez de criar um ambiente salutar para a política de mercado, meteu o Estado nos negócios, criou o sistema de favorecimento político e ensejou a corrupção. Hoje o povo brasileiro vê um grande país, mas este é incapaz de oferecer os empregos necessários, proporcionar a segurança devida e de apresentar perspectivas concretas. É por isso que carecemos de reformas para extirpar do Estado as impropriedades que lhes foram atreladas pelos interesseiros que lutavam pelo interesse próprio, não pelo povo.

O pior é que a população está instada a se mobilizar pelos valores que os oportunistas lhes transmitiram durante décadas como ideais e geraram a crise. Os nefastos ideológicos têm de ser colocados nos seus devidos lugares para não continuarem atrapalhando. Os governos têm o dever de trabalhar pelo aperfeiçoamento da máquina pública, eliminar os excessos e impropriedades e mirar sua ação na direção do bem-estar da comunidade. A reforma da Previdência já foi aprovada com medidas severas e garantidoras da continuidade do sistema. Agora ensaiam-se mudanças administrativas, tributárias e políticas, sem as quais o país quebrará. Os radicais – tanto de esquerda quanto de direita – fogem do debate concreto dos problemas e tentam transformar tudo em ideologia. Talvez pela distância dessa discussão árida e interesseira em relação aos problemas vividos no cotidiano, a população tem, hoje em dia, péssima avaliação dos políticos. Esquerda e direita foram significativas há mais de 200 anos, no âmbito da Revolução Francesa. Mas em todo esse tempo, mais atrapalharam do que ajudaram e, por isso, precisam ser relegadas exclusivamente à História. Pouco importa se o governante ou o político é simpático à esquerda ou à direita. O importante é que, acima desses velhos formatos, ele faça a coisa certa...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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