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Nunca imaginei que, um dia, fosse ver brasileiros falando mal do Brasil e prejudicando nossa economia no competitivo mercado internacional. Nem que presenciaria as eleições presidenciais norteamericanas se transformarem numa contenda judicial. Isso rompe com tudo o que nos foi ensinado sobre democracia e respeito ao veredicto popular manifestado através do voto.

Tanto cá quanto lá, os maus perdedores recorrem a interpretações viciadas e enganosas e a expedientes ardilosos na tentativa de não homologar a vontade soberana do povo. Essa atitude merece todo o repúdio e enérgica reação dos verdadeiros democratas. Uma vez realizada a votação, com as regras conhecidas (e tacitamente aceitas) pelos concorrentes, não há do que se reclamar.

No caso da eleição nos EUA, mais do que o nome do vencedor, interessa ao mundo que o processo se complete sem máculas e disponibilizando ao eleitorado o governante efetivamente representativo da maioria que nele votou, sem subterfúgios nem novações. A maior e mais poderosa democracia do mundo, que se vangloria de ter uma Constituição ativa e ininterruptamente vigorando ha mais de dois séculos, não pode se perder no voluntarismo de candidatos ou de grupos que se curvam a interesses ideológicos e só aceitam o resultado se estiverem ganhando.

Para nós, brasileiros, deveria ser indiferente a vitória de Trump ou de Biden. O vencedor terá obrigatoriamente de cumprir as leis, respeitar nossa soberania e ponto final. Mas os brasileiros, que deveriam estar mais preocupados em eleger bons prefeitos e vereadores, no pleito marcado para os próximos dias 15 e 29, perdem seu tempo com as escaramuças yankes.

Em vez de ter candidatos nos Estados Unidos, os nossos políticos, especialmente os detentores de mandato, deveriam evitar a odiosa campanha contra o governo federal e aos adversários eleitos para os governos estaduais. Em vez de rotulá-los e tentar impedir que trabalhem, seria melhor deles exigir ação e cumprimento das promessas feitas em campanha e - os que assim pretenderem - se apresentarem como candidatos em 2022, com propostas melhores que a dos atuais governantes cuja maioria se candidatará à reeleição.

Outro ponto que os políticos deveriam evitar é acionar o Judiciário para decidir questões político-administrativas que não conseguem resolver no Legislativo ou na relação deste com o Executivo. Depois que o fazem, não adianta reclamar de interferência dos julgadores nos dois outros poderes institucionais. Lembrem-se que, via-de-regra, a Justiça só se pronuncia quando provocada.

Presidente, ministros, congressistas, governadores e outras lideranças brasileiras têm o dever de gerir o país e suas instituições. Não devem perder seu tempo e vigor com os problemas dos outros países. Em vez disso, façam a "lição de casa" e não radicalizem ou se percam em retórica e ideologia porque, se assim continuarem procedendo, a imagem da classe política só poderá seguir em queda livre perante a Nação. Respeito é bom e o eleitorado merece...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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