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Como recebo assiduamente notícias de Cuba, em virtude dos contatos e amizades que fiz por lá, também tenho ocasionais informações sobre desaparecimentos, detenções sem justificativa, dificuldade de acesso de familiares a notícias sobre prisões políticas feitas nas ruas e, não raro, greves de fome. Algumas terminam em morte.

A sempre alerta lucidez do amigo Alexandre Garcia, ao comentar o discurso do presidente Bolsonaro na ONU, deixou no ar uma pergunta que só não perturbou aqueles em quem a ideologia calcificou os sentimentos de humanidade: “E se Bolsonaro tivesse mencionado os presos políticos no Brasil?”.

Pois os temos por aqui; e estão nessas condições por ordem do Supremo Tribunal Federal, como se a liberdade de cada um dependesse, exclusivamente, da autoridade que se incomodou com ele e o mandou prender. Que país é esse? Que Estado de Direito é esse?

Contudo, estamos ainda mais próximos de uma realidade cubana do que se possa depreender das linhas acima. O jornalista Wellington Macedo está preso no “contexto” do inquérito dos atos antidemocráticos e entrou em greve de fome há 19 dias! Enquanto a família clama por socorro as instituições se fazem surdas!

Terrível, não? E o que se dizer dos grandes grupos de comunicação, dos principais jornais do país, em seu mutismo sobre esse assunto? Faça a experiência: procure no Google pelo nome dele, acrescente “greve de fome” e veja quais meios de comunicação registram alguma informação ou comentário a respeito.  Silêncio de cemitério. Silêncio no triste cemitério da liberdade de opinião, de expressão e, claro, do jornalismo brasileiro.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.  puggina@puggina.org

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