Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Ainda repercutem as denúncias de que a Rússia interferiu nas eleições norte-americana, prejudicando Hillary Clinton e beneficiando Donald Trump, que acabou eleito. Agora, o presidente francês, Emmanuel Macron, reclama que os russos estão por traz dos insurgentes de colete amarelo, que protestam França há cinco semanas. Verifica-se a invasão do espaço aéreo brasileiro por dois aviões de guerra russos que vieram à América do Sul participar de atividades na Venezuela, episódio que teve pouca repercussão local, mas chegou a mobilizar a 4ª Frota Americana de Defesa rumo à costa brasileira. São grandes os indícios de que se desenham no horizonte internacional os contornos de um novo período de guerra fria, sistema de contrapesos e influências internacionais que funcionou entre 1947 e 1991, potencializou guerras, sustentou ideologias e causou sofrimento e mortes.

O mundo de hoje não precisa de tutores de esquerda ou de direita ao estilo dos que no pós 2ª Guerra Mundial, por razões ideológicas e disputas econômicas, ameaçaram o planeta com a guerra nuclear por mais de quatro décadas. Também é fora de proposito e intolerável a idéia de constituir blocos regionais por ideologia que possam lembrar a falecida URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), esfacelada em 1991 pelas políticas da glasnost (transparência) e da perestroika (reestruturação) pilotadas pelo líder Mikhail Gorbachev. A malfadada tentativa de sua reedição em terras latinoamericanas, aos poucos cai por terra, especialmente após o impeachment presidencial de 2016 e a hecatombe do Partido dos Trabalhadores no Brasil, coroada agora pela eleição de Jair Bolsonaro.

Aceitem ou não, o mundo vive um tempo global. E a globalização, em vez da simples vontade das lideranças políticas e econômicas, vem da disponibilidade das comunicações. A internet, inicialmente ignorada, teve o condão de unir os indivíduos e mobilizá-los. As últimas eleições brasileiras, americanas, francesas e de outros pontos do planeta são exemplos disso. Mas o poder da rede vai muito além, permitindo ao cidadão comum o comunicar-se com todo o globo e, ao mesmo tempo, ligar e desligar remotamente o ar-condicionado, a torradeira, o aqueledor de água ou a luz de sua casa. As lideranças tradicionais precisam se reinventar caso queiram continuar vivas. Por outro lado, com a disponibilidade tecnológica de comunicação e armamentos - se voltarmos a ter no cenário mundial figuras como os ditadores, caudilhos e líderes carismáticos, radicais e temerários do passado - o planeta estará em risco muito maior do que aquele que a humanidade temeu durante toda a segunda metade do século passado.

Os novos tempos têm de ser pautados pelo entendimento. Os arsenais nucleares e químicos hoje existentes (legal e ilegalmente) são suficientes para, segundo os estudiosos, destruir o planeta e a humanidade várias vezes. Pensando a respeito, somos transportados a 2 de julho de 1948, quando o escritor Monteiro Lobato, que morreria dois dias depois, na sua última entrevista, dada ao jornalista Murilo Antunes Alves, da Rádio Record de São Paulo, afirmou que a paz mundial seria possível no dia em que todos os países tivessem a bomba atômica; por temor, eles se respeitariam. Reservado o contexto, parece termos chegado a esse dia. Ideologias, direita, esquerda e dogmas são coisas arcaicas e inúteis...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.