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Quando nas derradeiras décadas do século passado, escrevi num periódico portuense, crónica sobre os médicos, comparei, os actuais, com os de outrora – do tempo da minha meninice.

Entre os vários pareceres, que então, recebi, um, foi do Prof. Doutor José Ruiz Almeida Garrett (Médico), tecendo oportunas considerações, com as quais concordei, quase na totalidade.

Asseverava, então, nesse artigo, que o médico-sacerdote, quase se perdeu na socialização da medicina.

Os médicos tornaram-se funcionários. O que chamamos: “Medico da Família” não passa de técnico, que atende indiferente, milhares de doentes; doentes que o não escolheram, nem foram escolhidos.

Antigamente, o médico, não “dispensava” os doentes, como hoje muitos o fazem, para os hospitais, se podia realizar o tratamento: no consultório ou em visita domiciliária.

Ainda conheci esses homens excepcionais, verdadeiros sacerdotes. Cuidavam do doente, da família, e quantas vezes, preocupavam-se, ainda com os seus problemas financeiros, Procurando obter emprego, se estavam desempregados.

Um desses, era o velho Dr. Pedrosa (meu médico de criança,) que morava em Gaia. Levantava-se, frequentemente, em plena noite, para acudir a doente gravemente enfermo, que aflito o chamava pelo telefone.

Mas, nem só o Dr. Pedrosa Júnior, se preocupava com as dificuldades dos seus doentes. O mesmo fazia o pediatra Dr. Ferreira Leite. Extenuado, por dia de intenso e árduo trabalho, nunca recusava sua presença, na casa dos doentes, mesmo em plena noite, de madrugada.

E o bondoso Dr. Rocha Paris, e mais recentemente, o Dr. Salvador Ribeiro, ao realizarem visitas domiciliarias, muitas vezes, deixavam, debaixo da receita, a quantia necessária para adquirirem os medicamentos prescritos.

Compreendo, como observou o Prof. Doutor José Garrett, que a medicina socializou-se; e ainda bem, como era desejo do Dr. Eugénio Fontes – personagem fictícia de: “Olhai os Lírios do Campo” do grande gaúcho Érico Veríssimo, – homem bom e grande humanista.

Mas foi pena, que esses antigos médicos, tão humanos, tenham desaparecido, quase para sempre. Foi pena…

Não eram apenas médicos; eram amigos, companheiros presentes nas horas difíceis dos seus doentes, deixando sempre, palavras: tranquilas, animadoras e confortantes.

Verdadeiros e dedicados sacerdotes da medicina.

Humberto Pinho da Silva - Blogue luso-brasileiro: "PAZ"  - http://solpaz.blogs.sapo.pt/ -  humbertopinhodasilva@gmail.com

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