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Rejeitar a polarização entre alas políticas extremadas - comodamente catalogadas como direita e esquerda, mas nem sempre assim constituídas - não é o indicativo de preferência pela chamada terceira via. Nem criticar um dos lados representa apoio ao outro. A maioria dos cidadãos não tem cacoete para a política ou disposição para dela fazer o seu meio de vida. Principalmente depois da eclosão dos escândalos que jogaram na lama a imagem de figuras um dia apresentadas como acima de quaisquer suspeitas e cultoras da democracia.

A prática das últimas décadas – como o escambo de benesses governamentais com votos - garantiu a formação das maiorias que aprovavam tudo o que caísse às mãos dos parlamentares cooptados, mas frustrou as possibilidades de aperfeiçoamento democrático. No lugar da cidadania e do bem público, estabeleceu-se o interesse próprio, ainda que espúrio. Milhares de cabos eleitorais e assemelhados inchando as repartições, empresários amigos obtendo vantagens escandalosas e o povo, com seus impostos, pagando a conta da improbidade. Bolsonaro paga um elevado preço por se esforçar para acabar com essa prática e fazer o dinheiro sobrar para obras e serviços públicos. Os mal-acostumados querem voltar aos tempos fáceis.

Infelizmente, a má política nos conduziu ao quadro atual. Políticos que não aceitam o fato de terem perdido nas urnas, insuflam seus incautos seguidores com narrativas falsas. Um quadro partidário que, mais do que política, forma o nefasto poder paralelo, cheio de vícios e problemas. E o eleitorado, sabendo depender das leis por eles produzidas e votadas, mas sem se  sentir representado pelos eleitos, está cada dia mais arredio ao político, tendência atestada pela crescente abstenção e aumento dos votos brancos e nulos. A conclusão mais lógica é que os ditos democratas na Nova República – no poder desde 1985 - não entregaram o que prometeram à Nação.

Em princípio, a sociedade não faz parte da polarização. Para o empresariado que trabalha sem esperar benesses indevidas e para o cidadão comum, pouco importa quem está no governo ou mesmo nas casas legislativas e no Supremo Tribunal Federal e outras instâncias judiciais. O importante é que esses senhores e senhoras cumpram seus deveres e, com isso, o país siga o seu destino. Temos mais de 300 pedidos de afastamento apresentados contra os presidentes da República durante as ultimas três décadas e mais de 130 só contra Bolsonaro. Dezenas contra ministros do STF e o procurador-geral da República. Só dois impeachments foram concretizados (os de Fernando Collor e Dilma Rousseff). O resto pode ser classificado como exclusiva e indevida pressão política, que só serve para tumultuar e atrasar a vida nacional. Essa militância de risco deveria ser desaconselhada e não estimulada, como temos visto ao longo dos anos.

Cavou-se um formidável fosso entre a sociedade e a classe política. Há muito já não se entendem ou – quando estimulados – os simpatizantes das duas pontas marcham para demonstrar seu descontentamento. Vivemos hoje o ponto crítico dessa má convivência. Ao povo não engajado pouco importa se vão (ou não) afastar governantes, parlamentares ou ministros do STF. O que interessa a quem tem o que fazer na vida e pode contribuir com o desenvolvimento nacional é ter paz para trabalhar e cumprir suas metas, independente de quem esteja no poder. E essa grande massa, com certeza maior do que as extremadas à esquerda ou direita, quer que não lhe atravessem o caminho e cada um dos eleitos ou nomeados para postos públicos cumpram com o seu dever sem inovar, exagerar ou prevaricar. É mais simples do que se pode imaginar. Ouça-se o povo sem a interferência dos que querem virar a mesa para disso tirar proveito.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br 

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