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Por mais incômodo que pareçam aos integrantes da comunidade acadêmica, é interessante o novo formato que o governo federal pretende implantar para o custeio das universidades. Privilegiar com mais recursos aquelas que apresentam melhor desempenho em indicadores como governança, inovação e empregabilidade, pode significar levá-las ao encontro da sociedade que, via impostos, as sustentam. É a forma de devolver à comunidade os investimentos, através de mão-de-obra qualificada e serviços que alavanquem o progresso e tornem melhor a vida de cidadão. Necessário se faz, ainda, atualizar os currículos e matérias de acordo com as necessidades do mundo globalizado. Certos saberes hoje cultivados são muito específicos, acabaram perdendo o interesse geral e devem ser substituídos por novas demandas, especialmente as do campo tecnológico.

Há muito se critica o divórcio entre universidade e comunidade. Diz-se que a realidade vivida e transmitida ao alunado dentro dos campi normalmente não condiz com a da sociedade onde estão inseridos e que um enorme fosso impede que se aproximem e possam interagir e melhorar o quadro geral, principal razão de criação das escolas. Por mais mirabolantes e revolucionárias que sejam as pesquisas e os saberes contidos no ambiente universitário, eles pouco valerão se não tiverem como destinatários o desenvolvimento do país e o bem-estar da população. Quando não têm essa ligação, servem apenas alimentar a vaidade e crescer o umbigo de seus operadores em, ainda, consomem os recursos que melhor poderiam ser aplicados na solução de problemas comunitários.

A universidade é necessária. Foi dela que saiu boa parte dos homens e mulheres que fizeram e ainda fazem a diferença nos importantes setores da sociedade. Desde o seu princípio, o alunado teve algum tipo de participação política, mas as instituições não se descuidavam do principal: o ensino e a qualificação. Nos momentos de supervalorização democrática – onde tudo se dizia resolver com democracia – ocorreram as distorções e muitas instituições restaram aparelhadas ideologicamente e até perderam de vista a verdadeira finalidade educativa. Serviram, inclusive, para acomodar militantes que pouco ou nada produziram para a educação e o ensino. Daí a crise tornou-se inevitável e se agravou quando os governos deixaram de investir no ensino básico e médio pra priorizar a universidade, mesmo que inviáveis.

Hoje a grande tarefa é promover o reencontro da finalidade de ensino com as necessidades da comunidade, além de evitar que a atividade política, em vez de simplesmente trazer consciência crítica aos alunos, ocupe o lugar do ensino. É preciso parar com a formação de militantes em lugar de advogados, engenheiros, médicos, professores e outros profissionais que o mercado necessita. 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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