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Abertas as urnas, ficou claro que o povo rejeita a tutela. Tanto que dos 59 candidatos para quem o presidente Jair Bolsonaro fez campanha, apenas nove se elegeram. Em São Paulo, inclusive na capital, verifica-se que os candidatos melhor sucedidos são aqueles que se descolaram do governador João Dória e de outras ditas lideranças, mesmo as do próprio partido. como Bruno Covas, que escondeu na campanha a parceria com o governador, de quem em 2016 elegeu-se como vice-prefeito. O apoio de Lula, também, passou a ser rejeitado por candidatos. Só algumas capitais e principais cidades com mais de 200 mil eleitores conseguiram eleger o prefeito em primeiro turno, exemplos de Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). O Partido dos Trabalhadores apenas externou sua má fase, o que não quer dizer que as esquerdas estejam liquidadas, pois foram ao segundo turno em Porto Alegre e São Paulo, dois redutos conservadores.

A eleição diferente, disputada dentro das limitações sanitárias do coronavirus e sob o reflexo da derrocada petista, do bolsonarismo radical e das polêmicas que dividiram o presidente, governadores e prefeitos, tende a nos legar um Brasil mais consistente e resultante da vontade popular. Até porque é difícil encontrar grandes vitoriosos entre as lideranças – presidente, governadores e outras – e nos próprios partidos. Registra-se o avanço das forças de centro (o dito “Centrão”) que, como o rótulo define, não são de esquerda nem de direita. As extremas, se pensarem bem e quiserem manter alguma competitividade, terão de rever seus conceitos e procedimentos. E o mais interessante: o que restar dessa eleição, onde escolhemos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, poderá dar o tom das disputas de 2022, quando estarão em jogo a presidência da República, os governos estaduais, Senado, Câmara dos Deputados e Assembléias Estaduais.

Independente do que já fizeram os que passaram para o segundo turno, é certo que a população votante dá, nessa eleição, exemplo maior de vontade própria do que nas anteriores, onde havia o clima polarizado. No caso de São Paulo, por certo, quem levou Bruno Covas para a nova fase eleitoral não devem ser aqueles que enfrentaram o seu discutível rigor no trato da pandemia. Da mesma forma, os que sufragaram Boulos não o devem ter feito pelas suas atitudes de promover a invasão de propriedade no discutível movimento dos sem teto. É bom que todos os sobreviventes para essa nova fase compreendam que ela é uma nova eleição onde todas as tendências farão pêndulo e definirão o vencedor. Tende a ganhar quem conseguir constituir uma linha de propostas que sejam factíveis e contemplem os interesses da maioria da população. Lembremos que, o povo, como massa, não é radical. Quando radicaliza o faz movido por algum apelo emocional de momento ou por sentir-se ameaçado.

Num primeiro instante e ainda sob o impacto dos resultados Brasil afora, concluir-se que o sofrimento da pandemia e as desilusões políticas dos últimos anos levaram o eleitor a tornar-se mais independente, menos exposto ao proselitismo ideológico e voltado às próprias opiniões e interesses. Oxalá essa tendência se firme nos desvie da marcha rumo ao precipício que a irresponsabilidade política das últimas décadas nos ofereceu como alternativa. Só com o eleitorado consciente essa Nação poderá evoluir e encontrar a paz e a justiça social que todos desejamos... 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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