Uruguai, democracia e alternância do poder
O pequeno Uruguai, outrora conhecido como “a Suiça da América do Sul” em razão de índices sociais do povo e sua estabilidade democrática, depois de suportar por 12 anos a ditadura na época em que todo o continente viveu sob esse fenômeno e de ser governado pela esquerda durante 15 anos, acaba de eleger um presidente de centro-direita. Luis Lacalle Pou foi anunciado na quarta-feira como vencedor e, entre outras coisas, recebeu os cumprimentos de Daniel Martínez, o candidato governista-esquerdista derrotado. Espera-se que, com sua história, aquele país sirva de exemplo aos vizinhos que enfrentam problemas de sucessão e até ao próprio Brasil, onde o Partido dos Trabalhadores e Lula, cada dia mais seu “dono”, têm pregado contra o resultado das eleições em que participaram e perderam.
A vizinha Argentina, onde ocorreu o inverso – a centro-esquerda venceu a centro-direita; a Bolívia, onde o esquerdista Evo Morales foi obrigado a renunciar acusado de fraudar sua reeleição; o Peru, o Chile, Equador e a Colômbia necessitam de estabilidade, independente do resultado das urnas. Há que se respeitar quem conseguiu o maior número de votos e não atrapalhar o cumprimento do seu mandato. Até porque todos os atores desse teatro político, independente se de direita ou esquerda, afirmam-se democratas, e a democracia se faz com respeito às eleições e alternância do poder se o povo assim o decidir. Todas essas nações, acima da ideologia dos seus governantes, têm de se focar na tarefa de bem administrar, desenvolver a economia e promover a paz social.
Erram os que investem na quebra institucional, assim como quem promove a desobediência civil como empoderamento do povo. As nações precisam de paz e equilíbrio econômico para com isso poderem oferecer as oportunidades de qualificação, trabalho e renda que o povo necessita. Tudo o que se faz pela insurreição ou confronto, pode atender a interesses subalternos de grupos, mas não ao povo. Por isso, é preciso evitar. No Brasil, especificamente, é necessário cessar a polarização e o clima eleitoral permanente. É impatriótico o cidadão que percorre o país com propostas de trabalho e em busca do voto do povo, só porque perdeu a eleição, passar a torcer e investir na derrocada do país. O correto é, pelo menos, não atrapalhar quem está escalado para a tarefa de governar e, nas próximas eleições, se este for o desejo, tentar vencer apresentando um programa melhor e mais consistente do que o dos adversários. A isto se dá o nome de civilização...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br
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