Chato
Em meio a muita baboseira e inutilidade que encontramos ao corrermos a tela no Facebook, nos deparamos com algumas informações relevantes e até algumas frases engraçadinhas que fazem a gente ainda dar uma chance a essa rede social e não excluir tudo de uma vez.
Esses dias li duas frases do grande poeta Mario Quintana sobre a chatice, ou melhor, sobre chatos, que achei muito oportuno e nem um pouco chato, até porque o que Mario Quintana escreveu nunca foi chato:
“O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa...”
Realmente ter que prestar atenção ao que o chato diz para ter que responder é muito chato!
Muito mais fácil deixar a pessoa falar e falar por horas, contando suas chatices e simplesmente responder a elas: “Poxa vida, que legal! ”, ou então “Poxa vida, que chato! ” (Sem dar na cara que estamos falando do próprio chato). Pelo menos dessa forma a gente evita ficar pensando no que está sendo dito e pode pensar em coisas mais interessantes como uma nova marca de papel higiênico mais macia, por exemplo, que com certeza seria um assunto muito mais interessante do que aquilo que o chato está a dizer.
A outra frase do “poeta das coisas simples” foi essa:
“Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos”.
Seguramente existem alguns amigos que acostumamos com suas chatices há muito tempo, tenho alguns desses desde a infância. Esses chatos se por alguma ocasião começam a ficar sérios, logo, pensamos que devem estar doentes ou passando por alguma dificuldade, porque eles só são legais quando são chatos.
Porém, não é uma chatice chata, nossos amigos são chatos interessantes, são chatos queridos. Aquilo que dizem é uma coisa chata que nos fazem também falar outras chatices e então acabamos conversando sobre assuntos meramente chatos e empolgantes.
Muitas vezes a chatice é o alicerce de uma amizade.
Mas é claro que para se chegar a esse nível de amizade/chatice é preciso muito tempo e muita intimidade com as pessoas.
Não tem como você conhecer uma pessoa hoje e começar a falar chatices na esperança de que ela vá gostar e retornar com outra chatice, numa conversa gostosa e chata.
Tudo o que você vai conseguir é um fora dessa pessoa que irá te evitar a todo custo, além da fama que com certeza ela irá espalhar para todo mundo de que você é um grandessíssimo chato.
Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. Colabora com crônicas para jornais de Jacutinga, Mogi Guaçu, SP e Londrina, PR. Também já escreveu para jornais e Blogs Literários de diversas cidades do Brasil. rodrigojacutinga@hotmail.com
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