Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento vai intensificar as ações do programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias, devendo ser uma das prioridades da pasta para 2016, anunciou o secretário Norberto Ortigara. A previsão orçamentária é de investimentos de R$ 10,5 milhões em áreas de microbacias hidrográficas e mais R$ 20 milhões na construção de poços artesianos para novos sistemas de abastecimento de águas.

O programa foi retomado pelo Governo do Paraná, após mais de dez anos sem ter a atenção dos órgãos do governo estadual. O programa de microbacias foi implatado em 2014. Em 2015, ganhou destaque com a assinatura de mais de 41 convênios para ações de conservação dos solos e água. O Governo do Estado investiu R$ 6,5 milhões, beneficiando diretamente cerca de 2.500 produtores.

A previsão é executar o programa em quatro anos, com investimento total de U$ 55 milhões até 2017, com recursos de financiamento junto ao Banco mundial. Estão previstas ações de proteção dos solos e água em 350 microbacias, em quase todos os municípios paranenses e instalação de 480 sistemas de abastecimento e de distribuidores de água, por meio do Instituto de Águas Paraná.

Práticas

Entre as práticas apoiadas pelo programa de microbacias estão as proteções de fontes e nascentes, sistemas de armazenamento de água, medidas de proteção e combate à erosão do solo como terraceamento, readequação de carreadores e estradas rurais, saneamento básico e manejo de resíduos com distribuidores de esterco para adubação orgânica e abastecedores comunitários para evitar a poluição dos cursos d'água com agrotóxicos.

Sustentabilidade

Segundo o secretário Norberto Ortigara, a degradação do clima e do solo representam uma ameaça à sustentabilidade da vida rural e da própria agricultura, com reflexos na qualidade e quantidade de alimentos e água disponível para consumo humano nas cidades.

O secretário também manifesta preocupação com o esquecimento das práticas de conservação de solos e águas, das quais o Paraná foi referência no final da década de 80 e início de 90. “Os agricultores paranaenses conhecem bem essas técnicas, é a questão de retomá-las para evitar a degradação do solo”, afirma Ortigara.

Ele lembra que o Paraná se tornou líder nacional em produção agropecuária e produtividade, mas que agora há sinais claros que esse crescimento está ficando insustentável. “O tempo passou e os problemas voltaram”, afirmou. São visíveis os cenários de baixa cobertura do solo, pouca ou ausência de rotação de culturas e retirada indiscriminada dos terraços.

Como consequência, está aumentando o número de pragas nas lavouras - devido a redução dos inimigos naturais, aumenta a contaminação do ambiente, reduz a produtividade e a renda dos agricultores, situações que elevam os custos de produção.

Erosão

Essa preocupação é compartilhada pela FAO, (órgão da ONU para a alimentação), que destaca que a erosão do solo é um grave problema em todo o mundo. O órgão estima em 0,3% a perda anual das colheitas devido à erosão do solo no mundo. E se continuar nesse nível, a previsão da FAO é que essa perda pode atingir 10% até 2050.

O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, que recentemente participou do Seminário Estadual Boas Páticas no Uso e Manejo dos Solos e Água, realizado em Carambeí (PR), disse que a perda de funcionalidade do solo, com alternâncias de excesso de água num ano e estiagem em outros, está colocando o mundo no limiar do colapso para a produção de alimentos. A FAO estima prejuízos de R$ 8 bilhões no meio rural, decorrentes da perda da produtividade agrícola.

Outra preocupação da FAO, que faz eco na estrutura do governo do Paraná, é com a contaminação dos solos, pelo uso excessivo e desnecessário de agrotóxicos, que comprometem a segurança alimentar e produtividade das culturas.

Desenvolvimento Sustentável

Parcerias

No Paraná, medidas para evitar o agravamento dessa situação estão sendo adotadas. O programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias será fortalecido e se une à Campanha Plante Seu Futuro, que orienta sobre o uso correto de químico nas lavouras.

As medidas contam com o apoio de entidades parceiras representativas dos produtores e das cooperativas, o que faz com que seus efeitos sejam potencializados e alcancem um número maior de produtores engajados com as boas práticas de produão agropecuária.

Para o secretário Ortigara, grande parte desses problemas podem ser resolvidos através de um planejamento criterioso do uso da terra em microbacias, realizado de forma participativa com a sociedade e, também, com a elaboração de planos de ação e de sua posterior implementação com o apoio técnico e financeiro do Estado.

Além disso, os órgãos de pesquisa e extensão no Paraná se uniram para auxiliar os produtores a resgatarem técnicas que eles já sabem há mais de 30 anos, como a melhoria da qualidade no sistema de planto direto.

De acordo com o professor Jean Paola Gomes Minella, da Universidade de Santa Marina (RS), que também participou do seminário em Carambeí, o solo tem que estar sempre o mais protegido possível, com o uso de fertilizantes orgânicos, bom uso da água, com terraçoes bem feitos. “O importante é como adaptar as recomendações técnicas às condições concretas de cada município e cada produtor”, recomendou.

AEN

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.