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O ‘imediatismo’ do mundo moderno atingiu os guarda-roupas. Essa epidemia chegou ao mundo da moda e teve impacto até mesmo na logística das grandes maisons de luxo. Muito além das pechinchas oferecidas por cadeias de lojas espalhadas pelo mundo, a expressão fast fashion descreve um modo de operação: trata da própria estrutura de ação que a indústria da moda vem adotando na última década.

O assunto foi debatido em Apucarana pelo especialista italiano Enrico Cietta, consultor de grandes empresas da Europa no setor e autor de livros como “O valor da Moda” e “A Revolução do Fast-fashion – Estratégias e modelos organizativos para competir nas indústrias híbridas”. O Workshop Internacional de Moda & Vestuário foi realizado pelo Sebrae/PR, com o apoio do Sindicado das Indústrias do Vestuário de Apucarana (Sivale Apucarana), nesta quarta e quinta-feira, dias 16 e 17 de setembro.

Na ocasião, Enrico Cietta demonstrou como empresas de moda italiana conseguiram superar momentos de instabilidade para se transformarem em referência no mercado mundial. Para o especialista, vivemos num mundo em que temos de ser ágeis e rápidos. Para ser competitivo neste cenário, é necessário repensar ou se adaptar a novos modelos de negócios, porém, é imprescindível traçar estratégias conscientes baseadas em análises mercadológicas.

Durante o workshop, Cietta mostrou como as micro e pequenas empresas podem ser bem-sucedidas no desenvolvimento da moda fast fashion. Em primeiro lugar, para ele, o design, a produção e a distribuição devem trabalhar sempre juntos, ou seja, o designer se compromete com a produção e tem conhecimento sobre varejo e o consumidor. “A loja é uma fábrica de valor e o design precisa entender a estratégia do estabelecimento e o perfil dos clientes”, diz.

O especialista enfatiza ainda que é necessário investir no designer e na própria autonomia estilística, mas com atenção aos custos. O designer possui um ciclo contínuo, porque os consumidores querem sempre novidades. “Nesse sentindo, o design ajuda a diminuir o risco da coleção durante a estação”, conta Enrico Cietta.

Ele esclarece que, nas coleções programadas, em média, os fabricantes investem 20% em modelos de designer inovador. “São produtos de vanguarda. É uma forma de não atrapalhar a criatividade do design e, ao mesmo tempo, colocar um limite de risco.” Além das peças inovadoras, os industriais oferecem nas lojas 40% de produtos básicos – que são aqueles pelos quais a marca é reconhecida -, e 40% de produtos que já tiveram sucesso na coleção passada e que são disponibilizados novamente.

Já nas coleções fast fashion, há uma mudança na porcentagem da produção. “No fast fashion, 40% dos produtos são focados no designer comercial. O estilista pode ser mais ousado, mas conhece o perfil da loja. O departamento criativo está sempre de olho no varejo e no público-alvo”, informa Enrico Cietta. Além dos produtos inovadores, a loja oferece para os clientes 30% de produtos que já fizeram parte da estação passada e 30% produtos básicos. 

Flexibilidade e agilidade

A flexibilidade e a agilidade são ‘palavras de ordem’ no segmento fast fashion. Hoje em dia, o problema não é produzir, mas vender. As empresas precisam ser multifuncionais: eficientes na produção, no conhecimento do mercado e na distribuição.

No modelo fast fashion de produção a dica de Enrique Cietta é construir um sistema de alianças capaz de responder de forma flexível ao consumidor e também ao contexto mercadológico, que muda rapidamente. “É possível acrescentar peças. Existe uma flexibilidade planejada. A competência é saber mudar com agilidade”, esclarece.

Um grupo de dez empresas também será acompanhado pelo especialista em consultorias individuais, em 2016. Na ocasião, os participantes poderão colocar em prática todas as informações aprendidas durante o workshop, de forma personalizada e individual. “Restam poucas vagas e os interessados devem se inscrever o quanto antes. As consultorias vão ajudar os empreendedores a olharem de forma diferente para seu modelo de negócio, com o objetivo de aumentar a competitividade”, relata José Henrique Martins, consultor do Sebrae/PR.

As inscrições podem ser feitas pelo telefone: (43) 3422-4439.

Sustentabilidade

O workshop também trouxe informações sobre tendências e sustentabilidade, indispensáveis para as indústrias que desejam inovar e se tornarem mais competitivas. “A sustentabilidade no mercado exige repensar ou se adaptar a novos modelos de negócios. Não quer dizer que a empresa pode simplesmente ser conduzida pelas condições de mercado, mas sim precisa compreender as suas características e para onde deseja seguir, para então traçar estratégias conscientes e focadas na sua competitividade”, analisa Jose Henrique Martins, do Sebrae/PR.

Na visão do empresário Marcio Fortuna Mattiuzzi, o workshop foi muito interessante. “Apesar de estarmos no mercado há bastante tempo e acumular bastante experiência, o especialista forneceu muitos informações novas, às quais não tínhamos acesso.”

Para Luciana Bechara, coordenadora do Conselho Setorial de Têxteis e Vestuário, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o workshop fez os participantes refletirem sobre o modelo de negócios. “Sempre focamos em como vender e produzir e o palestrante nos mostrou que precisamos analisar o comportamento do mercado. Precisamos montar um modelo de negócios voltado para as necessidades dos consumidores”, informa.

O presidente do Sivale Apucarana, Jayme Leonel, acredita que o evento foi uma experiência ímpar. “Temos que aproveitar o conhecimento de um profissional renomado e tentar incorporar esse ‘imediatismo’ da indústria da moda em nossas empresas. Hoje, não trabalhamos mais focados nas coleções de estações, o ciclo é contínuo e precisamos nos adaptar a esta realidade”, finaliza.

Assessoria de Imprensa Sebrae/PR 

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