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A reciclagem em Tamarana tem atingido marcas que superam com facilidade a média nacional do setor. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do município, os imóveis da zona urbana geraram 105,4 toneladas de resíduos domésticos em abril de 2018, sendo que 79,9 toneladas foram recolhidas pela empresa Kurica Ambiental – contratada pela administração municipal para dar processamento correto a orgânicos e rejeitos – e outras 25,5 toneladas tiveram como destino a Cooperativa de Coleta Seletiva e Reciclagem de Tamarana (Cooretam). Ou seja, 24,2% do lixo do último mês pôde ser reciclado.

Diante disso, o percentual de reciclagem em Tamarana alcançou quase o dobro do que é verificado no país, já que, conforme um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado em janeiro de 2017 (http://bit.ly/ipeareciclagem), somente 13% dos resíduos urbanos produzidos no Brasil vão para a reciclagem. De setembro de 2017 – quando a Cooretam começou a executar o serviço – a março de 2018, a média de recicláveis recolhidos no município ficou em 19,8%. Nesse período, foram retiradas 159,1 toneladas de material reciclável.

As atividades da Cooretam têm subsídios da Prefeitura de Tamarana, que paga R$ 390,00 por tonelada de material reciclado e também fornece sacos verdes que são entregues pela cooperativa para a população. Quanto a esses itens, a administração municipal desembolsou R$ 24.675,00 para adquirir um estoque calculado para durar em torno de 12 meses (de agosto de 2017 a julho de 2018). "Esse modelo de cooperativismo garante trabalho para pessoas de baixa renda [pois os cooperados devem fazer parte do Cadastro Único do governo federal]", comentou o secretário de Meio Ambiente do município, José Carlos dos Santos. Ele ainda informou que, além do valor que recebe como forma de incentivo para aumentar a coleta, a Cooretam negocia os recicláveis com empresas que atuam na compra desses itens.

Já o caminhão e os equipamentos em que os catadores trabalham foram adquiridos pela Klabin por meio de um financiamento obtido junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e repassados para a Prefeitura de Tamarana no fim de 2016 – quando a coleta de recicláveis teve início na cidade. A iniciativa da empresa integra o Projeto de Resíduos Sólidos que, desde 2012, é realizado em parceria com o Consórcio Intermunicipal Caminhos do Tibagi – grupo composto pelas prefeituras de Tamarana, Imbaú, Ortigueira, Telêmaco Borba, Tibagi, Reserva e Ventania.

Segundo o titular da pasta de Meio Ambiente, ainda é possível elevar em mais 15% o montante que Tamarana envia para ser reciclado. "Para que isso aconteça, é importante que toda a população colabore com a reciclagem, porque, graças a ela, materiais são reaproveitados e recursos naturais são preservados", destacou José Carlos dos Santos. O gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Klabin, Julio Cesar Batista Nogueira, compartilha da mesma opinião. "Nós acreditamos que cerca de 30% do lixo gerado na região [do Caminhos do Tibagi] pode ser reciclado. Dessa forma, daremos melhores condições de geração de renda para as pessoas que trabalham com os materiais recicláveis, reduzindo os custos da gestão pública com a destinação dos resíduos", afirmou.

Para que os números já positivos da reciclagem alcancem patamares ainda melhores, as prefeituras do Caminhos do Tibagi e a Klabin estão focadas em buscar conscientizar as novas gerações. "Professores da rede pública de Tamarana e das outras cidades receberam uma capacitação [fornecida pela Klabin] para abordar nas aulas temas como a separação do lixo em casa, reaproveitamento dos materiais e o tempo de decomposição dos resíduos. Acreditamos que as crianças têm papel fundamental nesse processo e atuam como multiplicadores, levando conhecimento para suas famílias, vizinhos e amigos", disse Nogueira. Além disso, ao longo das últimas semanas, alunos do 4º ano de escolas municipais de Tamarana visitaram o barracão onde funciona a cooperativa para aprenderem sobre o tema na prática. Em breve, será promovido um concurso entre estudantes da rede municipal para a escolha do mascote da reciclagem local.

Aterro sanitário

Quanto aos orgânicos e rejeitos, o Caminhos do Tibagi e a Klabin têm desenvolvido um projeto de instalação de um aterro sanitário conjunto em Imbaú para atender essa demanda dos municípios do consórcio. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do empreendimento foram apresentados durante audiência pública realizada no dia 26 de abril, em Imbaú, ocasião em que tiveram aprovação do público presente.

"Com a audiência pública, chegamos a uma etapa muito importante para o aterro sanitário que, quando estiver implantado, vai colocar esses municípios à frente da maior parte das cidades do Brasil", projetou o presidente do consórcio e vice-prefeito de Reserva, Ricardo Hornung, que também ressaltou que a entidade e a Klabin têm tomado uma série de precauções para evitar impactos ambientais em decorrência da criação do espaço.

Hornung estimou que a licença prévia emitida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) pode ser obtida entre o fim de junho e o início de julho. Conforme ele, a previsão é de que a unidade comece a operar em 2019. A vida útil média do empreendimento é de 20 anos e o custo de sua implantação está calculado em R$ 6 milhões. Todavia, tanto as prefeituras quanto a empresa entendem que somente aquilo que realmente não pode ser reaproveitado tem de ser enviado para lá. "O aterro sanitário é uma parte da solução do problema, porque ele tem de ser utilizado apenas para a disposição final dos materiais não recicláveis. Cada cidadão tem o dever de fazer a separação correta dos resíduos", frisou Julio Cesar Batista Nogueira.

De acordo com o prefeito de Tamarana, Beto Siena, o aterro sanitário trará menos custos para o Executivo local. "Vai ser um espaço muito moderno. Com ele, deduzimos que vamos passar a economizar em torno de 50% do que é pago para a empresa que recolhe os rejeitos e orgânicos. Além disso, os números da reciclagem demonstram o tamanho do envolvimento e do investimento da gestão municipal com essa questão, mas é só o começo de um trabalho que precisa ser ampliado cada vez mais", afirmou Beto.

E, quem vê a iniciativa de fora, também aponta que ela é bastante positiva, especialmente por causa da atual condição das finanças da maioria das prefeituras. "Ao se consorciar, há viabilidade ambiental, social e, principalmente, econômica", analisou a coordenadora da Região 5 do Grupo R-20 e geógrafa da Secretaria do Ambiente de Londrina, Mariza Pissinati. A Região 5 é formada por municípios da área de Londrina – entre eles, Tamarana – que se reúnem rotineiramente para debater pautas ligadas aos resíduos sólidos. Já o Grupo R-20 congrega todas as regionais do Paraná.

O prefeito de Tamarana, Beto Siena (9 9183-6050), e o secretário de Meio Ambiente do município, José Carlos dos Santos (9 9650-0449 / 3398-1948), estão à disposição para entrevistas a respeito das ações da administração municipal na gestão dos resíduos da cidade.

Lucas Marcondes Araújo/Ascom/PMT

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