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Evento do Sebrae/PR, na última quarta-feira, dia 29, mostra como cenário político e econômico afetam o setor; segmento de bonés é um dos que merecem mais atenção, na visão de especialistas

Desde 2013, o setor do vestuário sofre com a concorrência de produtos importados da Europa, América Latina, Sudeste Asiático e China. O segmento também é um dos mais afetados pela crise econômica e política brasileira. No entanto, não é hora para desanimar. Conforme especialistas, o cenário de recessão também pode ser encarado como uma oportunidade para investir em ferramentas de gestão, principalmente no que diz respeito a melhorias de processos e diminuição de custos, na diversificação de produtos e na ampliação dos canais de vendas.

Todas estas questões foram debatidas durante um talk-show realizado em Apucarana, norte do Estado, na última quarta-feira, dia 29 de julho, promovido pelo Sebrae/PR. Os participantes tiveram a oportunidade de assistir à palestra, ouvir dicas para ‘driblar’ a crise e esclarecer dúvidas com quem entende do assunto. O bate-papo com os industriais do setor de bonés, um dos mais afetados pela recessão, foi conduzido por Carla Werkhauser, coordenadora estadual do Vestuário do Sebrae/PR; José Henrique Martins, consultor do Sebrae/PR em Apucarana; Eros Felipe, Diretor da Paranatex; e Leonardo de Assis Santos, gerente da Cortex Intelligence, do Rio de Janeiro.

Leonardo Santos fez uma contextualização sobre o momento que está sendo vivido pelo setor do vestuário. Na última década, as importações vêm registrando aumento anual de 34%, o que motivou um salto na participação de produtos internacionais de 4% para 12%, de 2009 para cá. A China também vive uma crise política séria, e nos próximos anos, deve ter um ambiente hostil.  Esse fator prejudica o Brasil, já que o País exporta 30% dos produtos para esse mercado.

Contudo, o especialista alerta que toda crise deve ser encarada como um momento de oportunidade. Quando olhamos para o mercado de bonés, a situação não é diferente. “Com a elevação da taxa de câmbio, o Brasil consegue ser mais combativo e trabalhar um pouco melhor. Se melhorar a competitividade, no que diz respeito à eficiência e à competitividade, é possível ingressar em outros mercados com um preço menor”, diz.

Carla Werkhauser também enfatiza sobre a importância de melhorias na gestão como uma estratégia para diminuir os efeitos da crise e faz uma analogia com a pilotagem de uma aeronave. “Notamos que os empresários enfrentam um cenário complicado, de instabilidade. Em tempos de turbulência, é preciso ser um bom piloto. É um momento de se aprimorar, buscar informação e arrumar a casa, reduzindo custos, revendo os processos e o modelo de negócio. Não é um momento para desanimar, mas tempo de investir em melhorarias e acreditar que existem oportunidades”, afirma.

Diversificação

Outro caminho apontado por Leonardo Santos para os empreendedores do ramo de bonés é olhar com atenção para os nichos de mercados específicos que estão em ascensão: gestantes, plus sise, moda country, street, fitness e terceira idade. “Todos esses mercados estão crescendo e devem ser melhores aproveitados pelos fabricantes de bonés. Os bonés criados com design exclusivo podem ser utilizados como acessórios. Só para se ter uma ideia, o mercado de moda country, por exemplo, tem um crescimento de 7% ao ano. Os adeptos deste estilo podem usar chapéus e bonés”, argumenta o especialista.

O e-commerce e o e-mobile também exigem uma maior dedicação por parte dos industriais. O e-commerce cresceu 81% no vestuário últimos três anos no Brasil, de acordo com Leonardo Santos. “Com a adesão à plataforma mobile, a tendência é crescer mais ainda. As empresas normalmente têm expertise na fabricação, mas pecam na comercialização. Encontrar parceiros que entendem de e-commerce, por exemplo, para ajudá-los nisso”, destaca Leonardo dos Santos.

Maria Abigail, diretora da Mab Fortuna, ressaltou, durante o talk-show, que uma das maiores dificuldades dos industriais está na comercialização, no acesso aos multicanais e, inclusive, na exportação. Leonardo Santos explica que para ingressar no mercado externo é necessário trabalhar no posicionamento da marca, participar de eventos, showrooms, além de olhar para o aspecto aduaneiro. “Os fabricantes precisam ver se o produto é aplicável a determinado público-alvo e ver se a marca possui certos valores que agradam aquele tipo de consumidor”, frisa.

Eros Felipe acrescenta que o mercado externo é o mais propício, em função da alta do dólar, mas que os empreendedores não devem abandonar o mercado interno. “O efeito psicológico da crise é muito mais grave do que outros aspectos. Hoje, a crise política é pior do que a crise econômica. Além disso, as crises passam muito rápido em virtude do potencial do Brasil. Ainda temos um mercado muito grande para explorar. Precisamos olhar para dentro da nossa empresa e aproveitar as oportunidades que vão surgir pós-crise. Também precisamos diversificar a produção para sobreviver”, opina.

Asimp/Sebrae

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