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A dualidade do mundo material e o paradoxo entre a essência e a aparência; esse é o tema de Loud Fast Soul , segundo álbum da banda Luvbites, lançado pelo selo Forever Vacation Records nesta sexta, 10 de abril, em todas as plataformas de streaming. Junto com o disco, a banda, formada por Júlia Dutra (voz e órgão), Leticia Blue (bateria e voz), Igor Diniz (guitarra e voz), André Felipe (baixo e voz) e Wiu (guitarra e voz), também apresenta o clipe da faixa Youthquake , cujo nome se refere ao termo que foi criado por Diana Vreeland, quando ela estava a frente da edição da Vogue Americana, cargo que ocupou de 1963 a 1971.

Assista aqui e ouça o disco aqui

Sucessor de Hot Days Long Nights, Here Comes Luvbites (Fatiado Discos, 2019), Loud Fast Soul foi gravado no estúdio Lamparina, em São Paulo, e produzido pelo guitarrista Igor e pelo produtor Guto Gonzalez, além de ter tido forte influência de todos os integrantes da banda. Já a masterização é assinada pelo inglês Nick Graham Smith, que já trabalhou com Malcom Mclaren, Sessa, Lurdez da Luz, Garotas Suecas, entre outros.

O nome do álbum faz referência ao tema da brevidade da vida e do espírito jovem, e é também uma homenagem a soul music e ao artista e fotógrafo Robert Mapplethorpe, um dos melhores amigos de Patti Smith, cuja história foi contada no livro Só Garotos.

Nas sete faixas do disco, que dura um pouco mais de 20min, percebe-se referências que vão desde o rock clássico, passando pela soul music, até chegar no indie. Além disso, vale o destaque para o arranjo vocal das canções. “ Em tempos de fluidez de informação, catástrofes biológicas, modernidade líquida, descaso com a natureza, momento no qual o ter e o consumir se sobrepuseram à essência dos indivíduos e do planeta, apresentamos um disco propositalmente com sete músicas, álbum breve, que além de trazer a carga mística de transformação do número sete (sete são os dias da semana, sete são os principais chakras, mosaico de cores arco íris, sete virtudes cardeais, sete pecados capitais), ainda aponta aspectos da dualidade em que estamos inseridos, vivendo neste mundo efêmero ”, comenta Igor. E completa: “ o álbum é um apanhado de rock’n’roll, power pop com a música independente atual. Reverbs e guitarras altas são somados, pela primeira vez na banda, aos coros de vozes de todos integrantes em quase todas as faixas, referência clara aos anos 50 e 60, à soul music e gravadoras como STAX ”.

Capa

Segundo álbum da banda londrinense é um lançamento do selo Forever Vacation Records Luvbites por Stephanie Massarelli  - Foto: Divulgação

A capa do disco é assinada por quatro artistas amigos da banda: Thiago Batista responde pelo conceito, Artur Carvalho o lettering , Stephanie Massarelli a fotografia e Fernando Dalvi fechou a arte final. Loud Fast Soul é uma releitura de Loud Fast Rules , frase que estampa uma das fotos registradas por Mapplethorpe, escrita em uma jaqueta de couro.

Upcycling

O upcycling é um tema recorrente na banda. Todas as camisetas promocionais são feitas de reaproveitamento, “ o forte é reutilizar camisetas já existentes, e estampa-las ”, comenta Igor. Além disso, o vinil de Hot Days Long Nights, Here Comes Luvbites é um disco ecologicamente viável: as capas foram feitas em papel reciclado pela Moinho Brasil e os integrantes plantaram uma árvore para cada LP produzido a fim de reduzir o impacto ambiental da produção.

Faixa a faixa

A música de abertura é o argumento-manifesto do disco . Youthquake fala do caráter impermanente da vida e das inquietações da alma, cita o tempo como agente transformador em eterna construção e desconstrução do universo e do ser, além disso, apresenta um refrão provocante muito atual “we are young, things will never be the same”. Igor comenta: “ Youthquake traz consigo todas as inquietudes do espírito livre que, diante da percepção de seu papel fugaz frente a este instante de tempo ao qual chamamos de vida, questiona a fluidez das pessoas, dos amores, das relações, e entende a mudança, o devir, como agente transformador em eterna construção e desconstrução; dialética do universo e do ser ”.

“ say man, so you thought you could stay young, and live your life that way forever? And you don't even treat others that kind But universe has a Karma, man

Now you don't talk so loud anymore, do ya?

O vídeo da faixa, lançado hoje (assista aqui ), tem a direção assinada por Igor Diniz e Gabriel Zambon, que juntos trabalharam para criar uma estética calcada em cores primárias, e resgatar uma memória afetiva relacionada à Nouvelle Vague, movimento clássico do cinema francês que revelou nomes como Jean Luc Godard e François Truffaut. “ O vídeo foi filmado no fim do ano passado e, naquela altura, eu estava pesquisando linguagens de moda com o amigo e diretor de arte Thiago Batista, revisitando todos os filmes da Nouvelle Vague, que assisti na adolescência, então, por isso, a linguagem estética me pareceu adequada. Eu assino a direção de arte e figurino também, tarefa não tão simples quando se trata de um projeto de banda independente como a Luvbites. Ser um grupo independente, em início de carreira, significa não ter orçamento, e, por isso, usei cenários a partir de reciclagem de material e montei o figurino com roupas de brechós e acervo pessoal. No vídeo também vesti a vocalista Júlia Dutra com acessórios Jana

Favoretto e um chapéu clássico da NEON, criação do Dudu Bertholini e Rita Comparato. Inclusive, optei por usar esse chapéu como homenagem a esses dois grandes estilistas que me influenciaram e marcaram época com a Neon ”, relembra Igor.

Já Sha La La , faixa que vem na sequência, foi o único single lançado antes do disco. Primeira composição do baixista da banda, André Felipe, que também canta ao lado de sua companheira, a vocalista Júlia Dutra , a música apresenta referências que vão de Sam Cooke e The Carpenters a Replacements, Beatles e Os Mutantes. Além disso, a faixa reforça a versatilidade do arranjo vocal do quinteto. Já a letra fala sobre estar estagnado e não conseguir se mover. Nesta canção, em particular, aconteceu uma inversão na formação e enquanto André gravou a guitarra base, Igor foi para o baixo, e fez o solo de fuzz, somando às guitarras precisas de Wiu e o órgão tocado por Júlia.

A terceira música é Anyway You Do e traz a dualidade proposta no álbum: a canção apresenta dois momentos distintos com diferentes bpm s. Inicia-se em uma velocidade e estética sonora, que lembra o início dos anos 90 e, através de modulação de tom, diminui o bpm de forma significativa para apresentar uma segunda linguagem que resgata os anos 70, com um a guitarra de Wiu, reverbs e dueto de vozes entre Júlia e Igor. A música tem bateria precisa de Letícia com reverbs na caixa e um synth Korg gravado por André que, no fim da canção, se mistura à s guitarras que se encontram em um diálogo em alto e bom som.

Faixa que dá título ao disco, Loud Fast Soul é uma homenagem à Etta James e apresenta um arranjo de vozes feito em forma de pergunta e resposta, como é de costume na soul music. Os vocais de Júlia e Letícia guiam a canção por caminhos que lembram as produções de gravadoras como a Stax, e entrega uma grande performance, na qual a versatilidade vocal das duas artistas, se encontram com o estilo cru e rasgado do vocal de Igor.

A maioria das faixas são escritas por Igor, no entanto, Do lado de lá , é assinada por Júlia. A canção fala sobre a sensação de impermanência e se inicia com uma premissa de orientação mais pessimista, mas, ao longo da música, vai ganhando ares mais otimistas até finalizar em uma crescente de velocidade. De raíz power pop/rock’n’roll, a faixa é inspirada na musa Suzy Quatro.

Penúltima música do álbum, Smash tem uma vibe disco/funk/soul com traços de psicodelia. Foi inicialmente composta por Júlia, em uma fase na qual ela e André estavam ouvindo muita funk music, Abba, Bee Gees, e assistindo filmes dos anos 80. É uma música dançante, a letra fala sobre uma mulher poderosa que se prepara para sair a noite e dançar numa atmosfera de liberdade e empoderamento. Nesta canção, Letícia e Júlia cantam em arranjo, enquanto Igor gravou a bateria groovada. O baixo de André e os órgãos de Júlia somam à estética proposta, enquanto as guitarras de Wiu carregadas de efeitos wah wah e fuzz são urgentes e precisas. Vale ressaltar os três synths adicionados por Guto Gonzalez para criar um mantra, clássico em sons de pista dos anos 80.

Fechando o disco, Beside Good Things chega otimista e cheia de amor. É uma balada escrita por Júlia Dutra. A estética sonora também traz referências dos anos 80 e carrega efeitos, fuzz, synths com meia lua e a caixa de bateria em uma dinâmica que lembra a banda Jesus & Mary Chain. A música é uma carta de amor de Júlia para seu companheiro André, baixista da banda.

Para assistir ao clipe de youthquake aqui

Luvbites

Luvbites é uma banda indie formada por Júlia Dutra (voz e órgão), Leticia Blue (bateria e voz), Igor Diniz (guitarra e voz), André Felipe (baixo e voz) e Wiu (guitarra e voz). Em 2019, eles lançaram o primeiro álbum intitulado Hot Days, Long Nights. Here comes Luvbites , (Fatiado Discos) e excursionou pelo centro, sul e sudeste do Brasil. E, enquanto fazia os shows do primeiro álbum, gravou o segundo disco Loud Fast Soul com lançamento marcado para Abril/20.

Com apresentações marcadas pelos arranjos vocais do quinteto, em dois anos de vida a Luvbites já passou pela Casa do Mancha (SP), onde fez três shows em 2019 com artistas amigos como Murilo Sá, Gran Tormenta e a NOID, além disso, tocou duas vezes no Festival DEMO SUL (Londrina/PR), e também no Mercado Pirata (Balneário Camboriú/SC), Lamparina Estúdio (SP), dentre outras casas pelo país. Em Londrina, cidade natal do grupo, estão com certa frequência no UP Bar e, às vezes, levam convidados especiais, como já foi o caso com a Violet Soda. “ Foi uma noite cheia de energia boa ”, comenta Igor. E completa: “ A Luvbites é uma banda ensaiada que trabalha as cinco vozes ao vivo, temos arranjos melódicos que traz o público pra perto, os shows são sempre muito gratificantes ”.

Principal compositor do grupo, o guitarrista conta que começou compondo em português, inclusive, “ a primeira música da banda foi escrita em português com refrão em francês e chamava-se ‘Pas pour moi’, pontua . Mas depois a inspiração o guiou para um rumo diferente: “ as letras e melodias tomaram outro caminho e eu acabei escrevendo o primeiro disco todo em inglês. Agora, o segundo também nos veio em inglês. Eu não sei se é o caminho certo por sermos uma banda brasileira, mas foi assim que as músicas vieram a nós. As musas do Olimpo sabem o que fazem, eu é que não vou contradizer Euterpe, embora sinta que, para um terceiro disco, ela irá soprar letras em português em nossos ouvidos”.

Thais Pimenta/Asimp

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