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Companhia faz apresentações de “Sem Eira Nem Beira” neste fim de semana com bilheteria revertida para custear temporada em Lima, no Peru

O Ballet de Londrina é o convidado especial para encerrar o Festival Internacional Danza Nueza, que acontece em Lima, no Peru, no mês de julho. Única representante do Brasil na 27ª edição do evento, a companhia londrinense busca recursos para financiar a viagem dos bailarinos e da equipe. A campanha começa nesta sexta (12), sábado (13) e domingo (14), quando o Ballet realiza no Circo Funcart apresentações de “Sem Eira Nem Beira”, seu mais novo espetáculo, com bilheteria revertida para a causa. As sessões acontecem sempre às 20 horas, com ingressos a R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 30 (bilhete promocional com camiseta exclusiva da montagem). Os ingressos já estão à venda na secretaria da Funcart (Rua Senador Souza Naves, 2380).

“A comunidade de Londrina sempre foi nossa maior incentivadora e nossa maior parceira. Tenho certeza que não será diferente neste momento de crise financeira do país e de grandes dificuldades para a cultura”, destaca Leonardo Ramos, diretor do Ballet. Segundo ele, as viagens internacionais do grupo - que já levou o nome da cidade para países da América Latina, África e Europa ao longo de 22 anos de trajetória – sempre foram possíveis graças a editais federais de intercâmbio ou a projetos na Lei Rouanet. No entanto, o momento de crise, com corte de orçamento e suspensão de editais, além da indisposição de patrocinadores privados, limita as possibilidades de circulação.

“É um trabalho de resistência, mas não podemos deixar parar, é preciso manter a produtividade, por isso buscamos todo tipo de alternativa. Felizmente, Londrina é uma ilha, que mantém as políticas públicas de incentivo, mesmo em um cenário de apagão nacional e dentro de um Estado que sempre esteve ausente na cultura”, opina Ramos. A alta da moeda no câmbio é outro fator que dificulta a turnê dos espetáculos, encarecendo passagens e logística nos destinos internacionais.

“Sem Eira Nem Beira”

A montagem em cartaz neste fim de semana estreou em dezembro do ano passado e sinaliza um novo ciclo no trabalho do Ballet de Londrina. A diferença está na energia do espetáculo, que mergulha na essência do povo nordestino e oferece ao público uma coreografia alegre, com movimentos e cores da cultura popular. Há uma espécie de fusão da linguagem contemporânea com a dança dos brincantes nordestinos a partir de referências do Movimento Armorial, fundado por Ariano Suassuna na década de 1970. Assim, manifestações como o frevo, o maracatu, o caboclinho, o cavalo marinho e as quadrilhas aparecem estilizados na coreografia. É uma espécie de regresso do diretor pernambucano às suas memórias e raízes.

De acordo com Ramos, o espetáculo volta para a cena renovado nesta temporada, não só pela mudança de cinco bailarinos, mas também pela influência que a personalidade de cada novo integrante do elenco agrega à obra. “Nós reestreamos com um nível de conhecimento mais apurado sobre o espetáculo. Nos últimos meses, a companhia teve uma das maiores renovações de sua história e isso provoca mudanças na coreografia porque as peças contemporâneas são feitas em cima das pessoas, com o que os bailarinos oferecem e têm de melhor”, explica.

O mesmo “Sem Eira Nem Beira” será apresentado aos espectadores peruanos no mês que vem. É, sem dúvida, a montagem mais carregada de influências da cultura brasileira que o Ballet já levou ao exterior. Mesmo assim, a obra subverte o imaginário que se tem do ‘país do carnaval’. “Estamos curiosos com a recepção do espetáculo lá fora, porque geralmente se tem um estereótipo. O Nordeste de Olinda e de Recife não é tão divulgado, mas não tenho nenhum medo, porque os conceitos de Ariano estão espalhados pelo mundo, agregam elementos da cultura ibérica. Além disso, o brasileiro tem um modo muito forte de se comunicar”, ressalta. 

A comunicação com o público, aliás, é um dos pontos altos de “Sem Eira Nem Beira”, segundo a percepção do diretor e do elenco durante a primeira temporada. Conduzidos pela música contagiante do Quinteto Armorial, os bailarinos transparecem no corpo e no semblante o universo de festa e de devoção. A coreografia é a primeira criação conjunta de Ramos com Marciano Boletti, ensaiador e integrante mais antigo do Ballet.

Viagem internacional

Esta é a sétima participação do Ballet de Londrina no Festival Internacional Danza Nueva. Os convites sucessivos fizeram com que a companhia estabelecesse laços profissionais e afetivos com o diretor do evento, Fernando Torres, além de servirem como vitrine para a dança londrinense. “Este é o último ano de Fernando Torres à frente do Festival e fizemos questão de estar em Lima para prestar uma homenagem. No início, éramos principiantes; a companhia amadureceu junto com o evento. Graças a ele, pudemos circular por países como Cuba e Argentina, pudemos levar nossa arte à África”, pontua Leonardo Ramos.

Em Lima, a companhia viveu momentos antológicos como o aplauso de mais de dez minutos para “...à Cidade” (1996) e o entusiasmo do público com trabalhos como “Cria”(1997)  e “A Sagração da Primavera” (2012), com ingressos esgotados poucas horas após a abertura da bilheteria.

“Sem Eira Nem Beira” encerrará o Festival nos dias 9, 10 e 11 de julho no Auditório ICPNA Miraflores. Também participam desta edição companhias dos Estados Unidos, Chile e Costa Rica.

A campanha de arrecadação de recursos para a circulação do Ballet de Londrina continua até o fim do ano, com novas temporadas, venda de camisetas do espetáculo (na Funcart, pelo valor de R$ 25), dentre outras ações. Doações de qualquer valor também podem ser feitas diretamente na instituição. Informações pelo telefone (43) 3342-2362.

Renato Forin Jr./Asimp

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