CIA Boi Voador revisita a cultura afro-brasileira para representar o vazio da pós-modernidade

Em um mundo de consumo desenfreado e vazios existenciais, o caos impera e somente a figura de Bernúncia pode restabelecer a paz. Com esse tom se desenvolve o espetáculo de estréia do núcleo adulto da Cia. Boi Voador. O espetáculo, que possui texto e direção de Luan Valero, é fruto de um trabalho contínuo de resgate das lendas afro-brasileiras feito na Vila Cultural Flapt!. A peça estreia no próximo domingo, dia 29, dentro da programação da Mostra de Teatro e Circo de Londrina, no Zerão, às 17h. A entrada é livre. 

 A Cia. Boi Voador nasceu a partir de um trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido, desde 2012, sobre o Boi de Mamão, o Boi Bumbá da região sul. Dentro dos trabalhos, as crianças participantes das oficinas da Vila Cultural Flapt! criaram histórias para os personagens folclóricos do Boi de Mamão em enredos que também eram permeados pelas histórias dos orixás presentes nas culturas afros.

Após o desenvolvimento das histórias, em 2014, surgiu a ideia de se ampliar a pesquisa para o campo do teatro. A antropóloga Elena Andrei, coordenadora da vila, convidou, então, o ator Luan Valero a dar direção aos trabalhos. Inspirado na personagem Bernúrcia, Valero, criou a dramaturgia e assumiu a direção do espetáculo que conta também com Leonardo Neves, Miriam Alves e Vanessa Nakadomari no elenco. Valero explica que a estréia do grupo adulto da companhia vem como uma extensão dos trabalhos feitos com as crianças da Vila Cultural e pretende criar ainda mais desdobramentos para a pesquisa dos textos populares.

Bernúncia é o mais emblemático personagem do Boi de Mamão, representando, num amálgama do M’Boitatá com Oxumaré, o circuito do conhecimento, da causa e efeito das ações. Essa “cobra do caos” aparece em momentos de crise e “engole” criancinhas para que depois elas possam ser novamente entregues à vida e espalhem a paz no mundo.

Uma velha mendiga e três meninos de rua têm seus caminhos cruzados e começam um processo de autoconhecimento em que cada um se identifica com um arquétipo dos orixás. A velha é Nanã, a origem, a que vem da lama; um dos meninos é Ogum, senhor do metal, o outro Oxossi, senhor da madeira, o terceiro, Xangô, senhor da pedra, os três construtores do planeta.

Juntos eles trilham um caminho de descobertas em que percebem que um mundo em colapso só pode ser salvo por Bernúncia. Após excessos, degradações e abusos o desafio será conseguir encontrar a salvadora Bernúncia e assim, restabelecer um sentido para a vida e para a existência.  Utilizando recursos como os da máscara, dos bonecos, da rima, do jogo, do retalho e da cantiga, o grupo leva para a rua seu espetáculo de quatro personagens desvalidos, de um "valor profundo, mas sem brio", à cata de matar a fome e de encontrar essa cobra arquetípica representante daquilo que salva a existência humana. 

Ficha Técnica:

Direção e texto: Luan Valero

Elenco: Leonardo Neves, Luan Valero, Miriam Alves e Vanessa Nakadomari

Cenografia: Cia. Boi Voador do Aquiles 

Figurino: Elena Andrei

Confecção da Bernúncia: Alexs Tcho

Design Gráfico e Ilustrações: Alex Barros e Elena Andrei

Fotografias e Filmagem: Aditacuja vídeo produtora

Realização: Vila Cultural Flapt! / Cia Boi Voador

Assessoria de Imprensa/Divulgação: Rafaela Martins

Apoio: Usina Cultural

Patrocínio da Vila Cultural Flapt e Usina Cultural: PROMIC

Agradecimentos: Adalberto Pereira, Altair Pereira (Contramestre Angolinha), FUNCART, Gustavo Garcia, Lauriane Zanetti, Leo Louzano, Nilson dos Santos, Rafael Passetti Monteiro, Silvio Ribeiro. Ylê Axé Opô Omin.

Apoio: Vila Cultural Flapt e Usina Cultural: PROMIC

Assessoria de Imprensa