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 “Xirê Orin” é fruto de grupo de estudos no Ilê Axé Oyá Funjó e será lançado nesta 5ª feira em todas as plataformas digitais

A comunidade tradicional de terreiro  Axé Oyá Funjó (Londrina) vai lançar nesta 5ª feira, 31, o disco Xirê Orin com cânticos em Yorubá dedicados a 13 divindades de matriz africana. O disco foi gravado dentro do terreiro no mês de dezembro e é resultado de um projeto que buscou estudar e registrar os cânticos sagrados do Xirê, o ritual inicial das festas de Candomblé.  O projeto tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura – Promic e o lançamento oficial acontecerá em uma live, no canal Axé Pé Vermelho, no YouTube. Na ocasião, a comunidade também apresentará o documentário sobre o processo de gravação.

 “O Xirê é o momento inicial de uma festa de candomblé. Nele, os filhos da casa dançam em roda e cantam para saudar as suas divindades. É um rito aberto, e é um convite para que as divindades se façam presentes na festa que está começando.” Quem explica é o Babalorixá Joe de Oxum, liderança religiosa do Axé Oyá Funjó, que idealizou o projeto também como um processo pedagógico para os praticantes da religião. “No dia a dia de uma casa de candomblé se fala yorubá, canta-se yorubá, reza-se em yorubá, e nós sabemos que essa é uma língua distante do nosso cotidiano. Por isso, nós escolhemos desenvolver o projeto como um grupo de estudo que pesquisou e exercitou a letra, pronúncia e tradução desses cânticos, que são as cantigas que nós cantamos nas nossas casas”, conta.

O projeto teve coordenação pedagógica do Ogan e pedagogo Robson Arantes, Robson de Ogum, conhecido estudioso e sacerdote da cultura e religião de matriz africana em Londrina. Robson, que também é mestre de capoeira, foi o responsável pela tradução das cantigas e por guiar o processo pedagógico no Ilê. “Nós temos uma geração nova chegando, que vai ser responsável por dar continuidade à religião. É uma geração com muita vontade de aprender e com acesso a fontes novas, variadas, mas que nem sempre são fontes seguras. O nosso objetivo foi criar um momento de partilha de conhecimentos e experiências, em que mais velhos e mais novos pudessem tirar dúvidas, conhecer o nosso fundamento e acessar reflexões por meio do estudo do rito do xirê”, reflete Robson. 

Ao todo, o projeto durou 3 meses, com encontros semanais aos sábados e com um final de semana de imersão em gravação. “Para nós, foi muito importante que nesse processo o estúdio viesse ao Terreiro, e não o cotrário. Nós convidamos o produtor de som Levi de Souza, que tem experiência em gravações como essa, de coro popular. Ele veio de São Paulo com os equipamentos e montou um estúdio dentro da comunidade. Foi uma experiência ímpar, poder gravar no mesmo lugar onde fazemos as nossas festas e onde vivemos a nossa religiosidade. Foi o caminho escolhido por nós”, comenta Robson Arantes.

Lançamento

O disco fica disponível em todas as plataformas a partir desta quinta-feira, dia 31. E o bate-papo sobre a experiência acontece no mesmo dia, a partir das 19h, no canal do Axé Pé Vermelho, no YouTube. O coletivo planeja uma apresentação pública para o mês de maio.

 “O que nós podemos dizer é da importância de concluir um projeto como esse, que foi financiado pelo poder público e que teve participação não só dos filhos do Ilê Axé Oyá Funjó, mas de membros diversos da comunidade religiosa londrinense. Foram yalorixás de outras casas de Londrina, Ogans, e até não-praticantes da religião”, conta Joe de Oxum. Para nós, o disco assume uma dupla função que é imprimir a identidade do Oyá Funjó como uma casa de candomblé na cidade de Londrina, mas principalmente trabalhar sempre pela conservação da nossa cultura, da nossa memória e da nossa importância, enquanto adeptos da religião de matriz africana, para a cultura do nosso povo”, conclui o Babalorixá.

O disco Sirê Orin, bem como o documentário “Xirê Orins – registro de cânticos Sagados Nagô” têm patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura – Promic. Para acompanhar o lançamento, os interessados podem acessar https://www.youtube.com/c/axépévermelho. Para informações sobre o disco e o documentário, https://www.instagram.com/ile_ase_oya_funjo/

Isabela Cunha/Asimp

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