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Numa noite tenebrosa de raios e trovões, Joviano estava sossegadamente no sofá da sala assistindo Jornal Nacional e fumado um cigarrinho de boa.

Eis que na escuridão da cozinha surge a Morte flutuando até a sala vestida com seu manto e capuz negro segurando a foice macabra. Joviano quase morre de susto ao perceber a presença da Morte.

- Quem é você? Como entrou aqui?

- Eu sou a Morte e vim te buscar Joviano.

- Mas por quê? Ainda sou tão novo, tenho tantas coisas para fazer!

- Ora Joviano, você fuma igual a um condenado. Fumou tanto na vida que seu pulmão não aguenta mais e agora é hora de você morrer!

- Mas agora que estou prestes a parar de fumar!

- É justamente por isso que você vai morrer Joviano. Sempre adiando sua parada com o cigarro. Você sempre promete, mas nunca cumpre.

- Não é bem assim dona Morte. Eu sempre tive convicção em parar de fumar, mas precisava que as condições fossem ideais para isso.

- E com isso você sempre postergou o fim do cigarro. Se lembra quando disse que iria parar de fumar assim que arrumasse um emprego? Pois bem, você ficou seis meses procurando emprego e fumando sem parar, até que finalmente começou a trabalhar, mas não parou de fumar.

- Desculpa Morte, mas eu não parei naquele momento porque trabalhava à noite e quando mudasse o turno para o dia iria parar.

- Justamente. Quatro meses depois mudou de turno e continuou fumando.

- Mas aí eu precisava resolver a questão de arrumar outra casa para alugar.

- Exato Joviano! Quase um ano até alugar outra casa e o cigarro continuou.

- Pois tinha a questão do carro que eu queria comprar.

- Demorou dois anos até comprar o carro e neste tempo fumou sem parar.

- Está certo, porém nessa época perdi o emprego e teria que arrumar outro...

- Joviano, Joviano! Não percebe que você vem adiando sua decisão em parar de fumar definitivamente a cada objetivo que coloca em sua vida e cada vez mais coloca outros objetivos, entretanto, o objetivo principal que é parar de fumar você não consegue alcançar?

- Desculpa Morte. Prometo que vou parar, me dá uma chance. Te suplico!

A Morte coçou o queixo:

- Está bem! Se você parar de fumar agora, não te levarei!

Joviano abriu um sorrisão, entretanto fez uma proposta meio sem jeito:

- Dona Morte, vamos fazer o seguinte, eu acabei de comprar um maço de cigarro e ele está cheinho. Quando acabar esse maço vou parar de fumar para sempre!

- Descanse em Paz Joviano!!!

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores - rodrigojacutinga@hotmail.com

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