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Atividade sobre o icônico escritor terá início às 19h, no Museu Histórico de Londrina; participam os escritores Maurício Arruda Mendonça e Jardel Dias Cavalcanti

Nesta quinta-feira (12), às 19h, o 17º Festival Literário de Londrina (Londrix) celebra o centenário de nascimento do ícone maior da geração beat, Jack Kerouac (1922-1969), com o debate “100 Anos de Kerouac”. A atividade será realizada no Museu Histórico de Londrina (Rua Benjamin Constant, 900) e tem entrada franca.

O bate-papo terá participação do poeta, escritor e dramaturgo londrinense Maurício Arruda Mendonça, e do também escritor e editor da Galileu Edições, Jardel Dias Cavalcanti. “No aspecto técnico, acho que o que atrai [na literatura de Kerouac] é a forma despojada, intuitiva e musical de suas frases”, aponta Mendonça.

Complexo e temperamental, o escritor norte-americano ganhou reconhecimento com a publicação de On the Road (1957), considerado um marco da contracultura. Nascido Jean-Louis Lebris de Kerouac, em Lowell, no Estado de Massachusetts, em 12 de março de 1922, o autor morreu em 21 de outubro de 1969, aos 47 anos, em consequência da cirrose adquirida após anos e anos bebendo desenfreadamente.

Seu legado literário influenciou diversos escritores mundo afora. Entre eles, o londrinense Mario Bortolotto que, em 2002, protagonizou o monólogo Kerouac, escrito por Maurício Arruda Mendonça e dirigido por Fauzi Arap. A peça será lançada em livro após a conversa, na quinta (12).

O Festival Literário de Londrina tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). A realização é da Atrito Arte Artistas e Produtores Associados (AARPA). O Londrix conta com parceria da Universidade Estadual de Londrina, via Museu Histórico de Londrina e Atrito Arte Editora, além de apoio cultural da Cultura Inglesa de Londrina.

Confira a entrevista concedida pelo escritor e dramaturgo Maurício Arruda Mendonça à Assessoria de Imprensa do 17º Festival Literário de Londrina (Londrix).

O que o público pode esperar da conversa entre você e Jardel Dias Cavalcanti, a respeito de Kerouac?

Será uma conversa sobre dois assuntos, primeiro sobre minha peça, o monologo Kerouac que comemora 20 anos de sua escrita e estreia. E depois o Jardel, que está publicando o texto dessa peça, irá falar sobre a sua editora Galileu Edições e sobre as plaquettes que ele tem editado com sucesso e reconhecimento nacional.

O que o atrai na literatura dele? Qual seria, em sua opinião, o grande legado artístico e cultural de Kerouac?

Acho que é uma atitude como artista que procurou unir arte e vida. Sua literatura sendo um espelho das experiências que ele viveu na sua juventude, nos anos 40-50. No aspecto técnico, acho que é o que atrai é a forma despojada, intuitiva e musical de suas frases, que é uma característica de seu estilo.

Neste ano celebra-se o centenário de nascimento do maior escritor da geração beat. Ele tornou-se referência para muitos escritores, brasileiros, inclusive. Kerouac é uma de suas influências literárias, Maurício?

É importante comemorar o centenário de um escritor do porte do Kerouac. Realmente ele é uma referência, talvez nem tanto para mim, mas para muitos autores da minha geração. O que me aproximou do Kerouac não foram apenas os seus livros, mas a motivação dramática de colocar o personagem, o homem Kerouac em cena e ver os seus paraísos e os seus infernos através de um grande ator como o Mario.

Além do debate, haverá o lançamento de “Kerouac – Monólogo”, de sua autoria, e que foi levado ao palco por Mario Bortolotto e direção de Fauzi Arap. Como surgiu essa parceria?

É até engraçado porque, como se trata de uma publicação comemorativa dos 20 anos da escrita e da estreia, eu fiz um texto de abertura e pedi um texto também para o Mário. E nos nossos dois textos a gente não se recorda como começou essa ideia. Talvez o fato de curtir os livros dele, a figura emblemática do escritor que escreve o que viveu fosse essa provocação. O fato prático mesmo é que eu tinha a certeza de que o Mario era o único ator brasileiro com conhecimento e propriedade para fazer Kerouac no palco. E não estava errado, pois a peça foi um enorme sucesso de crítica e público. E lógico, com a direção do Fauzi Arap, que realmente foi incrível.

O texto enfoca o escritor já velho, no final de vida, em “decadência” física e literária. Por que você resolveu abordar esse período na trajetória dele? Teria sido uma forma de fugir das “peças-tributos” com começo meio e fim?

Boa pergunta. A ideia era mesmo flagrar o Kerouac nesse período de fragilidade total, a poucos dias de morrer, fazendo um balaço de como um sujeito sensível e fiel à sua arte foi praticamente destruído pelo sucesso e pela transformação de seu discurso e estilo de vida em um modismo. Talvez também a vontade de flagrar uma das primeiras vítimas da indústria de celebridades. Mas creio que era, sobretudo, mostrar a extrema delicadeza desse homem contraditório que escreveu tantas coisas fortes e poéticas e que se tornaram símbolo de uma geração.

Breves biografias

Maurício Arruda Mendonça

Londrinense, poeta, dramaturgo, tradutor. Tem mais de dez livros publicados entre poesia, conto, tradução, teatro e ensaio literário. Traduziu Sylvia Plath, Rimbaud, Shakespeare, Beckett, Sam Shepard e Tony Kushner. Recebeu, juntamente com Paulo de Moraes, os prêmios Shell-RJ de Melhor Autor Teatral em 2008 e 2012 pelas peças Inveja dos Anjos e A Marca da Água. Em 2013 e 2014 recebeu o Fringe First Award concedido durante o Festival de Teatro de Edimburgo, Escócia, “for innovating and outstanding new writing” pelas peças A Marca da Água e O Dia em que Sam Morreu. Em 2021 recebeu o Prêmio Mario de Andrade da Biblioteca Nacional na categoria Ensaio Literário pelo livro Kafka e Schopenhauer: zona de vizinhança.

Jardel Dias Cavalcanti

Mestre e doutor em História da Arte (Unicamp), pós-doutorado em História da Cultura (UFRJ), colunista do site digestivocultural.com (de São Paulo), editor da Galileu Edições (editora de plaquetes de poesia, tradução e ensaios), professor de História da Arte, Crítica de Arte e História da Arte Afro-brasileira na UEL. Foi curador do Museu do Café em Campinas. Autor dos livros Volúpia e Sensibilidade: escritos sobre arte (Ed. Scriptum), A pintura intempestiva de Egas Francisco (Ed. Scriptum), Os anarquistas e a questão da moral (Livro Aberto), Com a morte na alma: a carta testamento de Van Gogh (Ed. Nativa).

Antônio Mariano Júnior/Asimp

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