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Ballet de Londrina e Escola Municipal de Dança mostram seu repertório mais recente em espetáculos em prol da reconstrução do Circo Funcart

Neste fim de semana, várias gerações de bailarinos da Fundação Cultura Artística de Londrina sobem ao palco do Teatro Mãe de Deus para mostrar ao público suas últimas produções. A Temporada de Dança 2017 acontece no sábado (9) e domingo (10), em quatro sessões: nos dois dias, às 17 horas, a Escola Municipal de Dança apresenta a coletânea “Do clássico ao contemporâneo”, em que desfilam virtuosismo e habilidade técnica nos diferentes estilos da arte do movimento. Na sequência, às 20h30, é a vez do Ballet de Londrina, companhia oficial da cidade, encenar “Oração pelo fim do mundo”, espetáculo que estreou em agosto com grande sucesso e que trata de temas que assolam o convívio humano, como a indiferença, a intolerância e o preconceito.

Os ingressos custam R$20 e R$10 (meia para estudantes e aposentados). Bilhetes antecipados podem ser adquiridos pelo valor da meia entrada (R$10) na Secretaria da Funcart, que fica na Rua Senador Souza Naves, 2380. Outra promoção é o combo de cinco ingressos pelo valor de quatro, também válido para compras na portaria do teatro. Parte da bilheteria será revertida para a reconstrução do Circo Funcart, teatro de lona que foi demolido há menos de um ano para dar espaço a um moderno projeto arquitetônico feito com containers, com palco maior e acréscimo de poltronas. Informações pelo 3342-2362.

Em “Do clássico ao contemporâneo”, cerca de 70 bailarinos da Escola Municipal de Dança – entre alunos, professores e convidados – revezam-se no roteiro com pouco mais de uma hora. No bloco de repertório, estão inclusos solos, duos e conjuntos de conhecidos balés como Coppélia e Les Sylphides, além do pas de deux Águas Primaveris. Dentre os números contemporâneos, que vão da dança expressionista ao street dance, há criações inéditas de professores da Funcart, como as coreografias Em movimento, Intrínseco e Rua da saudade. As adaptações dos clássicos são assinadas por Marciano Boletti, Renata Dói e Rosangela Homem Pereira; as concepções coreográficas são dos professores Cláudio de Souza, Marciano Boletti e Sassá Poli Santana. A coordenação da Escola de Dança é de Luciana Lupi.

De acordo com Lupi, a Temporada é principalmente uma oportunidade para os bailarinos aprendizes experimentarem a profissionalização e aperfeiçoarem-se antes da apresentação de fim de ano. “Quando tínhamos o Circo Funcart, realizávamos até quatro temporadas ao longo do ano. Em 2017, esta será a única. É uma experiência importante para os alunos, porque é quando vivenciam o contato com o público e com o palco, além das lições de responsabilidade, disciplina e socialização”. Após a prévia da Temporada, os bailarinos voltam ao palco apenas em dezembro, quando apresentarão a íntegra do balé A bela adormecida, com música de Tchaikovsky e coreografia de Marius Petipa.

Oração pelo fim do mundo

Com 23 anos de trajetória, o Ballet de Londrina integra a programação da Temporada 2017 com “Oração pelo fim do Mundo”, nova criação do diretor Leonardo Ramos e dos seus 13 bailarinos. A montagem toca em temas urgentes na atualidade – mas, segundo o próprio diretor, também atemporais – como as várias formas de preconceito, a intolerância, a violência, o ataque às minorias, o bullying, as guerras, o ódio e o genocídio. “É uma reflexão sobre a forma como o humano se move no planeta e a minha descrença no que resultou a humanidade. Mesmo após tantas tentativas de iluminação, principalmente por parte das religiões, parece que não aprendemos lições de generosidade, bondade, tolerância e compaixão”, opina.

Ramos destaca que este foi dos mais longos processos de montagem do Ballet de Londrina, com duração de 10 meses. A maioria das cenas, mesmo os solos, foram desenvolvidas coletivamente e ensaiadas por todo o elenco – uma forma de experimentar em vários corpos os sentimentos pungentes que o espetáculo propõe. “Essa forma de trabalho gerou uma compactação das informações”, explica o diretor. “Foi dos trabalhos que mais me consumiu, pois tomou vida própria e também conta da minha própria vida. Neste período, estava com a coreografia na cabeça o tempo todo, com crises de insônia, ansiedade”, relembra.

A repercussão que a montagem teve já na estreia, durante o Festival Internacional de Londrina no mês de agosto, também mostra que a força das imagens coreográficas chega ao público de diferentes formas - da identificação à compaixão. Em termos de linguagem, o Ballet de Londrina avança em novas pesquisas, desprendendo-se dos movimentos horizontais que caracterizou espetáculos anteriores e investindo em construções mais teatrais, verticais e caóticas - raramente simétricas. A iluminação, assinada por Ricardo Grings, desenha com particular poesia a humanidade devastada dos personagens. O figurino, em tons de nude e estampado com códigos de barra, evidencia a massificação das novas sociedades, que se fecham em guetos e excluem a diferença.

O elenco do Ballet de Londrina é formado por Alessandra Menegazzo, Ariela Pauli, Marciano Boletti (também ensaiador), Nayara Stanganelli, Viviane Terrenta, Matheus Nemoto, Lucas Manfré, Thaisa Morais, Higor Vargas, Hugo Zati, Robson Bento, Ione Queiroz e Talita Terra. A produção é de Danieli Pereira. A Fundação Cultura Artística de Londrina é conveniada da Prefeitura Municipal.

Renato Forin Jr./Asimp

#JornalUnião

Oração pelo fim do mundo - Ballet de Londrina (foto de Fábio Alcover)

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