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Iniciativa da Secretaria Municipal da Cultura contempla 11 Kaingangs e dois Guaranis; além dessa ação, seis indígenas participam do Programa Estadual Bolsa Qualificação

A Secretaria Municipal de Cultura (SMC) divulgou, em outubro, o resultado de duas iniciativas que tiveram a participação de indígenas dos povos Kaingang e Guarani, residentes em Londrina. Um deles foi o Edital 001/2021 da Lei Aldir Blanc, referente ao programa “Londrina: Cultura faz história”. Essa ação repassará recursos para agentes culturais que foram selecionados após contar suas trajetórias, memórias e saberes por meio de materiais em vídeo.

Dos 13 indígenas selecionados neste certame, 11 são Kaingangs e dois fazem parte da comunidade Guarani. Os Kaingang são Amadeus Far Zacarias, Moises Lourenço, Mariza Nerigte Marcolino Zacarias, Catarina Ninhka de Almeida, Francisco Regnan de Almeida, Mariléia Gagte Zacarias, Amateus Sygjy Zacarias, Juscineia Re Tãn Luis, Valdinei Fag Ryg Deolindo, Aparecido Nenrig Zacarias e Helis Gog Ner Zacarias. Os Guaranis selecionados foram Marcelo Ucha Verá Vargas e Diego Lima dos Anjos.

Os indígenas, bem como os demais artistas da cidade, foram selecionados por meio de um sorteio, já que o total de 294 inscritos ultrapassou o número de 183 vagas abertas pelo Edital 001/2021. O primeiro sorteio contou com reserva de cotas para indígenas, negros e pardos, que concorreram a metade das 92 vagas disponibilizadas. Aqueles que não foram sorteados através das cotas participaram de um segundo sorteio, que ofertou 91 vagas. Dos 17 indígenas inscritos, 13 foram sorteados para receber o incentivo deste edital, que conta com verbas da Lei Aldir Blanc.

O secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, destacou a importância da participação dos indígenas nos editais culturais de Londrina. “É essencial trazer a população indígena para a vida cultural da cidade, incorporando a produção artística deles em nossas agendas e cotidiano. Por meio de iniciativas locais, e editais que contam com recursos estaduais, por exemplo, estamos buscando trazer esses agentes para serem protagonistas de suas próprias histórias, valorizando e dando visibilidade às suas culturas de origem”, destacou.

Os indígenas inscritos nesta seleção também contaram com o suporte do Conselho Municipal de Transparência e Controle Social de Londrina (CMTCSL), que auxiliou esse público desde a realização da inscrição até a gravação e envio do material produzido. Os vídeos irão compor o acervo do Londrina Cultura faz História, projeto que compilará todos os trabalhos selecionados com o objetivo de registrar e valorizar as memórias da cidade.

O presidente do CMTCSL, Auber Silva Pereira, afirmou que o processo de inclusão e apoio aos indígenas é uma forma de fortalecimento cultural. “Precisamos fazer um resgate da cultura e dos hábitos indígenas, em especial dos Kaingang aqui da nossa região. Sua presença vai do sul de Minas Gerais até o norte do Rio Grande do Sul, porém, a língua está sendo perdida em várias aldeias ao longo do tempo. Esse projeto é muito interessante para a cultura de Londrina e para a divulgação e disseminação da cultura Kaingang, até mesmo para outros estados”, frisou. 

Bolsa Qualificação – Já o segundo projeto que tem a participação dos indígenas é o Programa Bolsa Qualificação, do Governo do Estado do Paraná, que visa fomentar e aperfeiçoar as produções culturais da sociedade por meio de atividades on-line.

Essa iniciativa foi lançada pela Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura (SECC), em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A ação selecionou 12 mil pessoas em todo o estado, que serão contempladas com bolsas no valor de R$ 3 mil. Os participantes realizarão atividades no modelo de Ensino a Distância (EaD), que estão divididas em três módulos de 40h cada.

O Programa de Bolsa Qualificação inclui seis indígenas, sendo cinco Kaingang e um Guarani. Os Kaingang são Nielson Ferreira, Tânia Marques da Silva, Helinho Tyj Zacarias, Helis Góg Nér Zacarias e Cleber Kronun de Almeida. A comunidade guarani é representada por Marcelo Ucha Verá Vargas.

Nielson Ferreira Tubás é Kaingang, e filho do cacique de sua comunidade. Ele relatou estar participando pela primeira vez de uma aula neste formato. “Estou gostando e achando muito bom, já terminei o primeiro módulo e estou terminando o segundo. Tem sido produtivo e sempre há alguém aqui para ajudar a gente durante o aprendizado. É a primeira vez que estou mexendo com o computador então é meio complicado no início, mas a experiência é ótima”, frisou.

Outro Kaingang participante, Helinho Tyj Zacarias também expressou sua satisfação com o projeto. “Estou aproveitando bem as aulas, é muito interessante. Eu também já concluí o primeiro módulo, e agora está ficando mais fácil de fazer o segundo, pois consigo entender melhor as aulas. E quando tiver outras oportunidades de cursos assim, eu pretendo participar e buscar novos conhecimentos”, afirmou.

Para o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, o envolvimento dos indígenas é importante por tratar-se de um povo que é legatário de uma cultura profunda e riquíssima. “Além das tradições, essas comunidades também possuem modelos de convivência que são exemplares e podem ser muito úteis para a nossa sociedade, quando pensamos em consumo responsável. Temos muito o que seguir e aprender com os indígenas”, destacou.

A Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, indicou um agente de referência que presta auxílio em demandas necessárias, com assessoramento técnico, pedagógico e operacional aos participantes que necessitem.

Alexandre Oguido, da Coordenadoria de Centro Cultural, está colaborando pela primeira vez com os indígenas, assessorando-os nas atividades EaD. Além do servidor, estão presentes mais quatro voluntários: Carin Louro, Clarice Junges, Francesca Amaral e João Guilherme Aldegueri Marques. Juntos, eles estão trabalhando com os conteúdos impressos das aulas, além de utilizar o telecentro da Biblioteca Pública Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza, com computadores e wi-fi disponíveis para que os indígenas possam fazer as atividades.

Segundo Alexandre Oguido, este acompanhamento está sendo uma atividade de duplo aprendizado. “São de suma importância esses trabalhos que visam a inclusão social, pois esse é o meio de atingirmos uma sociedade mais justa e igualitária. Ter a oportunidade de realizar essa ação está sendo um aprendizado ímpar, e espero que o conhecimento que eles estão adquirindo ajude a manter viva a cultura indígena e possibilite renda para suas comunidades, por meio de incentivos e recursos culturais”, destacou o coordenador de Centros Culturais.

Próximas atividades – 

Módulo 2:

23.11 (terça-feira)

Módulo 3:

25.11 (quinta-feira)

30.11 (terça-feira)

02.12 (quinta-feira)

03.12 (sexta-feira)

07.12 (terça-feira)

09.12 (quinta-feira) 

Marcelo Cordero/NCPML

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