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Estreia hoje, quinta-feira, dia 09 de dezembro, às 20h, no estacionamento da UniCesumar, o espetáculo Sedentos, resultado do workshop criativo que aconteceu de 27 de novembro a 08 de dezembro, realizado pelo Open Program /WorkcenterofJerzyGrotowskiand Thomas Richards, de Pontedera (Itália), em Londrina. A performance será reapresentada no dia 11, no mesmo horário e local. No elenco, artistas independentes, professores e estudantes de artes cênicas, músicos, membros de coletivos artísticos londrinenses e participantes do Cartão de Visitas, uma das ações do CICLO no biênio 2020/2021. O espetáculo “Sedentos” é gratuito, com classificação indicativa livre e intérprete de libras.

Com a programação de Sedentos, o CICLO– Circuito de Artes e Conceitos de Londrina marca a volta dos seus eventos presenciais e se firma como um grande festival de artes para Londrina. Concebido antes da pandemia, o CICLO fez sua estreia em meados de 2020, no auge da crise sanitária, por meio de recursos próprios e com importantes parcerias nacionais e internacionais. Ocontágio positivo através da arte, da beleza, do acolhimento e da sensibilidade em tempos tãodifíceis para todos é a missão do evento. A programação do CICLO Sedentos ainda incluiu seminários, uma conferência e a parceira com o Coletivo Ciranda da Paz na realização do Mural das Artes,no bairro Nossa Senhora da Paz (Zona Oeste) no último final de semana.

A montagem “Sedentos” conclui a visita tão esperada de Mario Biagini, diretor associado do Open Program/WorkcenterofJerzyGrotowskiand Thomas Richards; acompanhado de Felicita Marcelli (Itália), Jorge Romero (Colômbia), AsliTuran (Turquia); em colaboração com Vicente Cabrera (Chile), Lucas Gonçalves (Brasil), Luciano Mendes de Jesus (Brasil), Sharon Pacheco (Colômbia) e mais as coreanas Hayeon Cho, SunhwaJee, Hong Yoonkyung , integrantes do grupo “Play Zero”, selecionado pelo Korean ArtsCouncil – ARKO para uma residência artística com o Open Program. A vinda do grupo internacional para Londrina também marca o encerramento da primeira fase do Cartão de Visitas e direciona para a evolução do conceito da ação em 2022. A dramaturgia foi inspirada em trechos da obra “A Grande Bebedeira”, do escritor surrealista francês René Daumal. Junto com a performance acontece também a instalação “Te Darei o Céu”, do artista plástico londrinense Danillo Villa. O CICLO é um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da UniCesumar e Copel; realização da Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. Apoio da Superintendência Estadual de Cultura, Secretaria Municipal de Cultura de Londrina, Visualitá Gestão em Design Estratégico, Teatro Della Toscana, Great Globe Foundation e Restaurante Caco Self Service e Oskman Advocacia. Parceira Institucional: Festival Internacional de Música de Londrina, Folha de Londrina e Espaço Vila Rica. Apoio cultural da Rádio Universidade FM.

A montagem SEDENTOS

A ideia surgiu a partir da participação do Open Program em um seminário em Paris, que durou duas semanas, realizado com a ARTA (Association de Recherche des Traditions de l’Acteur) e o Théâtre de la Ville. Mario Biaginileu “La Grande Beuverie” (A Grande Bebedeira), de René Daumal quando era adolescente e foi buscar naquela sensação da leitura a inspiração para o novo projeto. Nascia assim, durante o lockdown na Europa, a ideia desse novo projeto. Com o relaxamento das normas restritivas que passaram a permitir as viagenso Open Programfoi para Paris em julho e alí trabalhou com um grupo de quinze pessoas, entre atores e músicos a partir de todo o material elaborado durante o lockdown, na Itália. Em dez dias, criaram o espetáculo “LesAssoiffés” (Os Sedentos) que foi apresentado ao ar livre, em segurança e de acordo com as normas sanitárias, no Espace Cardin do Théâtre de la Ville. “As palavras de Daumal - que foram escritas no período entre as duas guerras, em 1938 - são extremamente atuais. Daumal era um prodígio, ainda jovem e no segundo grau criou com alguns amigos um grupo para explorar coisas do tipo: o que é a percepção? Como funciona a consciência? O que seria a poesia e será que ela poderia ser um meio para acessar uma realidade mais verdadeira daquela que vivemos? Até hoje para mim, mesmo eu não sendo mais um jovem, quando leio as suas palavras encontro um sentido, encontro uma exigência sua de ser honesto e sincero. É muito realista e também demonstra muita compaixão pela vida dos seres humanos”, diz.

 “La Grande Beuverie” é um romance alegórico de 1938 do escritor francês René Daumaldetalhando uma trama ostensivamente simples na qual o narrador se embriaga com um grupo de amigos. Com o avançar da festa e da ingestão de álcool, o narrador embarca em uma jornada que vai aos extremos do céu e do inferno. O fantástico mundo retratado em La grande Beuverie é na verdade o mundo comum virado de cabeça para baixo. Os habitantes destes estranhos reinos são muito familiares: cientistas dissecando um animal em seu laboratório, um homem sábio cercado por seus devotos, políticos, poetas expondo sua retórica. Estes personagens fazem brincadeiras hilariantes e jogos intelectuais, que eles consideram como tentativas sérias de encontrar sentido e liberdade.

O espetáculo, afirma o diretor, é um tipo de “canovaccio”, uma estrutura aberta de textos, músicas e ações que podeser levada para vários lugares e, a partir das pessoas que participam e da localidade onde o Open Program se encontra, a criação de um espetáculo será sempre diferente. Para Londrina, a expectativa é alta. “Faz tempo que estamos trabalhando juntos, remotamente, com encontros só pela internet. Através do CICLO, tivemos a oportunidade e sorte de encontrar tantas pessoas, grupos e comunidade. Com Sedentos é a ocasião de finalmente fazer alguma coisa com essas pessoas que, até hoje, só encontramos virtualmente. Por outro lado, tenho certeza que as especificidades brasileiras e a possibilidade de trabalhar com um número maior de músicos, atores e estudantes além das pessoas das diversas comunidade que encontramos, nos dá a possibilidade criar algo que será específico para esse momento”, dizBiagini que assina a dramaturgia da montagem. Sedentos, continua, “é uma proposta na forma de work in progress para todos aqueles que estão sedentos e em busca de apaziguamento nestes tempos em que as relações parecem tão áridas”. Através de trechos selecionados do trabalho de René Daumal, os artistas transmitem sua busca apaziguadora e urgente, na qual a música encontra seu pleno significado. Na prática, o grupo Open Programcoordena a construção de um espetáculo com um coro de vozes, leituras dramáticas de trechos, execução de músicas ao vivo e outros elementos cênicos. 

Sobre o nome do espetáculo e de toda a ação do CICLO em dezembro, o diretor diz que estamos sempre com sede, até nos períodos menos duros e difíceis da própria existência. “Pode ser que tudo o que fazemos, todos os dias, seja um modo de matar essa sede, mesmo que essa satisfação dure só alguns segundos. Eu acredito que muitos de nós, nesse momento, sentimos o desejo de nos reencontrarmos para fazer algo juntos, que nos dê a sensação de que futuro pode ser melhor”, comenta. Desde o início da pandemia, o Open Program tem trabalhando com os participantes do Cartão de Visitas do CICLO, com ações junto aos estudantes indígenas da CUIA/UEL, a Plenária de Mulheres Negras do Norte do Paraná, o projeto Brisa/Funcart e com o Ciranda da Paz. “Praticamente passamos a pandemia juntos, cada um numa parte do mundo, através das telas do Zoom, de mensagens no Whatsapp. E mesmo quando não estávamos em contato dessa forma, sei que pensávamos uns nos outros e talvez isso seja a coisa principal. Aquilo que fazíamos na Itália, era trabalhar pensando em quem estava em Londrina e sei que foi assim também para o CICLO que trabalhava pensando em nós. Pensando no CICLO, no esforço, nas dificuldades, nos sucessos, nas belezas que foram criadas com tantas limitações, em tudo que conseguiram realizar, nos problemas que encontraram e na superação, tudo isso me dava muita força. Porque sei que existem pessoas que estão lutando para um presente e um futuro diferente”, diz. “O CICLO é uma belíssima experiência que sempre nos deixa com gosto de quero mais. Por isso continuamos todos juntos. A construção dessa relação é até difícil de contar porque passa pela história de indivíduos, de grupos, de comunidades, de vários momentos. Talvez essa seja a ocasião para fazermos um tipo de balanço de tudo o que fizemos juntos, do que aprendemos e do que ainda temos que aprender, no futuro”, completa.

Janaína Ávila/Asimp

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