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Quase dez mil pessoas compareceram aos 27 espetáculos teatrais no Ouro Verde, em salas e na rua, totalizando 39 apresentações

No ano em que completa 51 anos de criação, o Festival Internacional de Londrina (FILO), ofereceu ao público uma vasta programação cultural com espetáculos teatrais – nacionais e internacionais -, lançamentos de livros, debates, fóruns e atividades formativas. Encerrada no último domingo (1), a edição 50 + 1 do FILO teve uma temporada de 18 dias e traçou caminhos e alternativas para os próximos anos, pensando o próprio Festival e sua relação com a cidade. A grande conquista foi o reencontro com o público, que, depois do hiato de um ano, voltou a lotar teatros, salas e a rua.

Durante mais de duas semanas, quase dez mil pessoas compareceram aos 27 espetáculos que foram apresentados no Teatro Ouro Verde, em salas e espaços alternativos e na rua, em um total de 39 apresentações. A plateia, repleta em várias sessões, ressalta a importância do Festival para a cidade. O FILO é feito para as pessoas e pelas pessoas, e essa foi a tônica da edição 50+1: enaltecer o encontro e a celebração das artes cênicas com a personagem mais importante desse grande espetáculo que é o FILO: o seu público.

Ontem (2), a organização do FILO realizou uma entrevista coletiva para fazer um balanço do evento. O encontrou contou com a participação do secretário municipal de Cultura, Caio Julio Cesaro, com  a diretora de Eventos, Cultura e Relações com a Sociedade da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Zilda Aparecida Freitas de Andrade, a diretora da Casa de Cultura da UEL Maria Helena Ribeiro Bueno, a chefe da Divisão de Artes Cênicas da UEL, Laura Franchi e as integrantes da comissão organizadora do Festival, Maria Fernanda Coelho, Patrícia Braga Alves e Patrícia de Castro Santos.

Cesaro reafirmou o compromisso da Prefeitura de Londrina em apoiar o FILO institucionalmente  e financeiramente, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). “O apoio financeiro será feito em uma segunda etapa do Festival, prevista para acontecer entre outubro e novembro deste ano. O edital está em fase de contratação”, informou.

O apoio financeiro da Prefeitura, via PROMIC, será para a realização da Mostra Nacional de Artes Cênicas, que terá investimento de R$ 350 mil, oriundos do Fundo Especial de Apoio a Projetos Culturais (FEIPC). A agenda terá atrações de teatro, com grupos de várias partes do Brasil, incluindo Londrina e outras cidades paranaenses. Além disso, a programação contará com eventos gratuitos, atrações para o público infantil e ações educativas e formativas.

A representante da Reitoria da UEL, Zilda de Andrade, destacou a parceria da Universidade com o Festival, que tem na instituição uma de suas realizadoras.  “Para a Universidade é uma honra fazer parte  da trajetória do FILO desde o início, em uma parceria que vai além da participação da Casa de Cultura, envolvendo diversos setores da UEL”, observa.

Para a professora Laura Franchi, o FILO foi uma oportunidade para que um grupo de 23 alunos do curso de Artes Cênicas, que integra o Núcleo de Produção da Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura,  entrar em contato com  a produção de um grande festival. “Foi uma experiência  interessante para todos poderem participar da realização do evento como integrantes da  comissão de apoio. É uma forma de prepararmos as novas gerações que irão cuidar do Festival no futuro”, afirma.

Espetáculos

A diversidade de linguagens sempre presente na programação do FILO se manteve nessa edição, com produções de qualidade e que levaram ao público importantes questões. Logo na abertura do FILO 50 + 1, com as duas sessões de “A Cabeça Gosta de Pensar, mas os Passos Tecem a Existência”, apresentadas pela Cia. do Tijolo, de São Paulo  (SP), o Teatro Ouro Verde ficou lotado. Ao evocar personalidades marcantes do mundo das artes e das ideias, o espetáculo cênico-musical convida o público a refletir sobre a urgência de se construir, coletivamente,  um ambiente em que seja possível conjugar liberdade e amor, com inquietação e inconformismo.

O retorno do Lume Teatro, de Campinas (SP), ao FILO 50 + 1 com o espetáculo “Kintsugi, 100 Memórias”,  também atraiu grande público, que fez com que  os ingressos se esgotassem logo que as bilheterias foram abertas. Do Rio Grande do Norte, o Grupo Carmin voltou a encantar a plateia de Londrina, com duas apresentações de “A Invenção do  Nordeste” no Teatro Ouro Verde, que teve em Londrina seu maior público desde a estreia da montagem em 2017. O FILO 2019 ainda teve a participação dos curitibanos da Súbita Companhia de Teatro com o espetáculo  “Habitat – 6 Solos”.

A programação também contemplou espetáculos voltados para crianças, mantendo a preocupação do Festival na formação constante de público. O resultado foram salas lotadas, ingressos esgotados e a abertura de sessão extra para atender à grande procura, como foi o caso do espetáculo “O  Pássaro Azul”, do Cirko Volonte, de Londrina (PR). O mesmo se deu com o espetáculo “O Menino e o Sortilégios”, do Pequeno Teatro do Mundo, de Bragança Paulista (SP), que em seus três dias de apresentação teve os ingressos esgotados.

Os grupos de Londrina tiveram participação marcante na programação do FILO 50 + 1. Espetáculos de formandos do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Londrina e da Escola Municipal de Teatro dividiram espaço com veteranos das artes cênicas da cidade, como o icônico grupo Proteu, que depois de uma pausa de 20 anos, retornou este ano ao palco de Teatro Ouro Verde com o espetáculo “Tango”.

A cena londrinense transitou entre o musical do coletivo AntiQua4Rio, com “Chega de Saudade”; a poesia presente no solo de Murilo Andrade em “Poéticas de Terra e Céu” e na aula-espetáculo de Renato Forin Jr. em “Costuras Poéticas pelo Fio da Voz”; os espetáculos de palhaços que atraíram grande público em apresentações em espaços ao ar livre (Palhaço Ritalino no Zerão e Cia. Os Palhaços de Rua na Praça Nishinomiya); a montagem do texto de Plínio Marcos, “Balada de  um Palhaço”, pelos atores Luiz Eduardo Pires e Mario Fragoso, passando por “Transtornada Eu”, com a Cia. Translúcidas, que busca jogar luz e dar visibilidade às narrativas do universo trans.

As atrações internacionais também despertaram grande interesse no público. Da Argentina, o grupo Humo Negro, sediado em San Martín de Los Andes, na Patagônia, encantou a plateia nas duas apresentações da montagem “Quiero Decir te Amo”. O espetáculo de encerramento, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, do grupo Teatro Potlach, da Itália, encantou o público, que  lotou o Teatro Ouro Verde em suas três sessões, com sua releitura multimídia do clássico de Júlio Verne.

Lançamentos – O projeto Nova Dramaturgia Francesa e Brasileira trouxe a Londrina o autor francês Riad Gahmi para acompanhar o lançamento e a leitura dramática de seu texto “Onde e Quando Nós Morremos”, traduzido por Quitéria Kelly e dirigido por Henrique Fontes, do Grupo Carmin, e levada ao palco do Centro Cultural Sesi/AML por atores da cidade.

Além do livro de Riad Gahmi, lançado pela Editora Cobogó, o FILO também foi palco para o lançamento de outras obras. “O Ator Dialético: 20 Anos de aprendizado na Companhia do Latão” (Hucitec Editora), do ator Ney Piacentini, que também apresentou uma aula-espetáculo sobre seu trabalho; “Samba de Uma Noite de Verão” (Editora KAN), de Renato Forin Jr., e “Bodas de Café – Nitis Jacon de Araujo Moreira e Grupo Proteu” (Eduel), da professora Sonia Pascolati, que organizou notas e textos críticos, além de apresentar um resgate da dramaturgia do Proteu.

Paralelas – O FILO também abriu espaço para a realização de atividades de formação para jovens atores e foi palco de debates sobre o Festival e sua relação com a cidade. Nesta edição, a organização do FILO foi realizada por uma comissão que busca ampliar os olhares e democratizar o fazer cultural.

Mesas e rodas de conversa marcaram a programação dos Fóruns do FILO 2019. O “Curando – Fórum de Curadores” reuniu, durante três dias, um grupo de profissionais da área de artes cênicas com o objetivo de apresentar ideias, conceitos e propostas para a linha curatorial da próxima edição do FILO 2020.

Um debate ativo e aberto, que continua depois do encerramento do FILO 50+1, com a pesquisadora e performer Stela Fischer, o jornalista e crítico Valmir Santos, o dramaturgo e diretor Marcos Damaceno, o ator e professor Ney Piacentini, o professor Mauro Rodrigues e o ator e produtor Rogério Costa.

Os convidados realizaram mesas e demonstrações de trabalho abertas ao público, e depois participaram de uma conversa com produtores culturais de Londrina, que apontaram questionamentos e fizeram sugestões para as próximas ações do FILO.

Já no fórum “Festivais em Transe”, representantes de festivais que acontecem na cidade durante todo o ano se reuniram para trocar ideias, experiências e ações. O resultado foi a criação do Núcleo dos Festivais de Londrina, cujas ações incluem a integração entre os  eventos, um calendário articulado e a realização de uma mostra conjunta no final do ano.

O resgate da presença do FILO nas comunidades também foi discutido, com o Fórum “De Volta a Maio”. A proposta é traçar estratégias para promover um mapeamento dos projetos socioculturais desenvolvidos na cidade até 2010, retomando algumas ações e implementando novos projetos pelas regiões de Londrina.

A ideia de fazer do FILO um festival de todos e para todos se reflete nas propostas para as próximas edições. De acordo com Maria Fernanda Coelho e Patrícia Braga Alves, da Comissão Organizadora do FILO 50 + 1, o Festival deverá estar presente durante todo o ano no calendário de eventos culturais de Londrina. Dessa forma, o FILO passa a atuar como  promotor ou co-promotor de espetáculos ou, ainda,  fomentando residências artísticas e intercâmbios entre artistas e alunos do curso de Artes Cênicas da UEL.

“Nossa expectativa é que essas ações façam do FILO uma parte viva da cultura na Cidade durante todo o ano. Continua existindo uma programação concentrada, mas não gostaríamos que a presença do FILO, esse clima de festa, se extinguisse com o encerramento da programação. Esse ano, discutimos como o FILO precisa voltar a ser de todos e as atividades paralelas refletem essa vontade. Que o FILO faça parte do cotidiano dos londrinenses, que os Festivais abracem a cidade assim como a cidade os abraça. E que esse abraço coletivo dure o ano todo”, diz Braga.

Oficinas

Este ano, o FILO programou junto à Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL uma série de oficinas e uma conferência voltadas a atores, bailarinos, performers, artistas e estudantes de artes cênicas, que reuniram cerca de 100 participantes.

“E  se eu Fizesse um Solo” foi o tema da oficina ministrada por integrantes da Súbita Companhia de Teatro, de Curitiba, sobre os processos criativos dos seis trabalhos apresentados pelo grupo no FILO. A oficina “Abertura de Processo”, com Diego Aramburo (Bolívia), trabalhou a criação de material cênico e performático. Dessa atividade, surgiram parcerias com artistas de Londrina.

O Teatro Potlach, da Itália, programou três oficinas durante sua passagem pelo FILO. As atividades foram integradas e desenvolvidas em dois dias, abordando “O trabalho do  ator: ativação do processo criativo”, “Coro: Treino  Vocal” e “Treinamento  Físico”. Ao final dos encontros, o grupo italiano anunciou a concessão de duas bolsas integrais para alunos de Cênicas da UEL, participantes das oficinas, realizarem um curso de verão na Itália.

Num bate-papo, o diretor e fundador do grupo, Pino Di Buduo, também compartilhou com o público universitário as ideias de seu projeto-espetáculo “Cidades Invisíveis” desenvolvido pelo Teatro Potlach desde 1991 e realizado em vários países.

Realização

O FILO 2019 é uma realização da Universidade Estadual de Londrina, Palipalan Arte e Cultura, Secretaria Especial da Cultura e Ministério da Cidadania, com patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, Copel, Governo do Estado do Paraná e Bratac; apoio do Sicredi, Midiograf, Viação Garcia, Unimed, Sesi Cultura, Crillon Palace Hotel, La Comédie de Saint-Étienne, Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, Editora Cobogó, Ciranda, Bella Vista Turismo, Rádio UEL FM, e apoio institucional da Prefeitura de Londrina – Secretaria Municipal de Cultura e Associação Médica de Londrina.

NCPML

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