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Ballet de Londrina apresenta minitemporada de “Oração pelo fim do mundo”, espetáculo que lança um olhar sobre a via crucis do homem em sua trajetória individual e coletiva

Há dois anos, o Ballet de Londrina estreou um dos seus espetáculos mais melancólicos - resposta a um tempo carrancudo, de pouca empatia e solidariedade, que ainda é presente. Não é sem motivo, portanto, que a companhia oficial da cidade retoma “Oração pelo fim do mundo” em uma curta temporada nesta sexta, sábado e domingo (10, 11 e 12 de maio), sempre às 20 horas, na Sala Marcos Leão, da Funcart (Rua Souza Naves, 2380). Uma oportunidade para ver e rever a coreografia em um ambiente intimista, que envolve o público no contexto da dança, e a um valor acessível: o ingresso é vendido por quanto o espectador puder ou quiser pagar, com preço apenas indicativo de R$ 20. Cada sessão contará apenas com 80 pessoas na plateia e a bilheteria será aberta diariamente às 19 horas. 50% dos ingressos são destinados a reservas antecipadas, que já podem ser feitas pelo whatsapp (43) 99168-3972 e precisam ser retiradas, no máximo, até as 19h30. A classificação indicativa é de 16 anos.

De acordo com o diretor Leonardo Ramos, o espetáculo é “um grito de descrença pelo que resultou da humanidade”. Junto do elenco de 12 bailarinos, Ramos pesquisou temas que norteiam a convivência humana nos últimos tempos e constatou que muitos dos problemas que se acirraram no presente são também atemporais. Assim, figuram no espetáculo questões como o preconceito, a intolerância, o ataque às minorias, a violência, o bullying, as guerras, o ódio e o genocídio. Referências às religiões aparecem na coreografia para lembrar que, por mais que elas tentem um percurso de iluminação e caridade, o homem persiste indisposto ao convívio pacífico com seus semelhantes.

“Mais do que nunca, rezar pelo fim do mundo se torna uma necessidade. No Brasil, estamos vivendo o agravamento de uma crise de intolerância, violência, desrespeito a índios, a negros, a todas as minorias, sem contar a redução de recursos para a educação. A gente caminha para um ambiente muito mais escuro – e que não é diferente do resto do mundo”, explica o diretor. No palco de “Oração...”, o que se vê são homens comuns, todos uniformizados com códigos de barras. Indivíduos que aparecem e desaparecem sem deixar vestígios. É na potente coreografia que eles evidenciam suas diferenças. Nos movimentos, que exigem grande dose de teatralidade e habilidade técnica, os bailarinos expõem ápices da crueldade e da fragilidade humana. Encarnam personagens individuais e coros que são, ao mesmo tempo, vítimas e carrascos do mesmo processo. Em meio a tantos percursos doloridos, surgem ocasionalmente cenas que remetem ao sonho ou à compaixão para lembrar a nossa fragilidade e a delicadeza perdida.

O espetáculo foi construído ao longo de dez meses em 2017 e, no mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio Arte Paraná, do Governo do Estado, pelo qual percorreu cidades do interior. Nesta minitemporada, a montagem volta revigorada, com alguns bailarinos diferentes no elenco – o que faz com que “mude a energia e surjam novas nuances”, destaca Ramos -, e com a proposta de um público reduzido e mais próximo das cenas. Até o fim do ano, “Oração pelo fim do mundo” percorrerá diferentes cidades do Estado pelo Profice - Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná, com patrocínio exclusivo da Copel. A companhia é mantida pela Fundação Cultura Artística de Londrina, a Funcart, que tem convênio com a Prefeitura Municipal de Londrina.

Renato Forin Jr./Asimp

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