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A expectativa da equipe de produção é de que o projeto volte, mesmo que de forma independente; para fechar a edição o som de primeira de duas bandas autorais de muita personalidade

O último show da temporada 2018/2019 do Banda Nova confirma porquê o projeto segue firme nestes 11 anos, contribuindo com a cena musical londrinense. Na programação, Octopus Trio e Aminoácido apresentam amanhã (6), às 19 horas, no Centro Cultural Sesi/AML, dois shows de músicas autorais, diferentes de tudo o que o público assistiu nesta 6ª edição. Uma boa dica para o final de semana. Os ingressos são gratuitos.

Octopus é um grupo instrumental, que nasceu de jam sessions em que os músicos tocam sem saber o que vem pela frente, mas, o resultado é tão bom que só poderia acabar em banda.

A partir da primeira formação até o atual momento com Daniel Loureiro (guitarra), Lucas Figueiredo (bateria) e João Yamamoto (baixo), o Octopus se inspira no rock progressivo. Mas também se deixou levar pelo jazz, MPB e música clássica.  

Até Igor Stravinsky, compositor, pianista e maestro russo, considerado por muitos um dos compositores mais importantes e influentes do século XX, deixa suas impressões digitais no trabalho dos caras.

"A música clássica é uma influência importante. É um ponto em que a gente vai beber na fonte. A gente busca usar e explorar elementos, que são próprios dessas músicas. Exploramos elementos da obra de Stravinsky. A gente estuda, analisa e incorpora. Estudamos não só a rítmica do compositor, como da música africana, indiana, entre outras. É um trabalho que tem muito do nosso próprio desenvolvimento musical", afirma Daniel Loureiro.

Formado por multi-instrumentistas, o trio consegue criar atmosferas diferentes para cada música.  Atualmente, trabalham em um repertório, que começaram a desenvolver em 2016. As composições seguem um processo de criação coletivo, mas, de certa forma individual, com algumas propostas apresentados ao grupo por Daniel. A partir daí, todo mundo põe a mão na ideia, criando arranjos juntos. Uma experiência em que estão sempre abertos à improvisação.

"Não só a parte musical, mas também a parte de imagem, uma certa construção de uma história, uma narrativa. A partir disso, a gente consegue trabalhar questões de timbre e dinâmica para ajudar na coesão das ideias", ressalta João Yamamoto. 

As músicas que o Octopus está trabalhando estão sendo lapidadas nos shows para o repertório do primeiro EP do trio.

"Nos shows, a gente vai experimentando, ah, isso ficou legal, isso não ficou. O que vai culminar com a gravação do EP. Estamos finalizando esse processo com essas músicas. É um processo de trabalho de quase três anos e tem patrocínio do Promic. Gravaremos em maio, essas cinco músicas", conta Daniel Loureiro.

Com uma estética muito própria, o Aminoácido fecha a noite. A banda está entrando no terceiro ano de trabalho e já lançou os álbuns "Meticuloso" (2017) e "Sem Açúcar" (2018). Ambos fazem parte de um mesmo universo concebido para o som de Thiago Franzim (guitarra e voz), Douglas Labigalini (bateria), Lugue Henriques (contrabaixo), João Bolognini (percussão), Cristiano Ramos Pereira (guitarra e voz) e Fabio Tanaka Santos (sax tenor). O grupo segue turnê pelo país, com patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).

"O nosso show, a gente fala que é o nosso melhor produto. É bem intenso. A gente tem influência de tudo. Curtimos muito rock progressivo e derivações. Frank Zappa é o maior ícone da banda, entrando na parte conceitual. O que ele fez, enquanto produtor musical foi muito legal. Tem muitas ideias, que ninguém ainda imaginou e Zappa já tinha pensado. Ele está muita à frente de nós hoje", afirma o guitarrista Cristiano.

O processo criativo da banda é quase como uma conversa. Cada um joga um papo e, no final de uma jam, sai um som novo. Tem tudo a ver também com a experiência musical anterior de cada integrante da banda, que passou de um quarteto para sexteto. Se a entrada do sax do Fábio Tanaka Santos deu mais recursos melódicos, João Bolognini veio aumentar a voz da percussão. 

"Toco bateria desde moleque e peguei a percussão para fazer o Aminoácido. O que mudou nessa formação é que acentuou a percussão com um pouco das minhas ideias. É muito bom ter essa experiência como percussionista", completa João.

Banda Nova

No total, 12 bandas se apresentaram na temporada. Foram seis show, sendo dois grupos por noite, totalizando 10 horas de música e 50 músicos envolvidos. Esses são alguns números desta edição do Banda Nova.

O projeto estimula a música contemporânea produzida na região ao selecionar grupos que não têm visibilidade no mercado e que faz som autoral ou original.  

Além de Octopus e Aminoácido, nesta edição, passaram pelo palco do Centro Cultural Sesi/AML, as bandas Surface e Diogo Morgado Quartet, Aruandê e Wood Surfers, Casa da Dona Alice e Etnyah, Búfalos D'Água e De um Filho, De um Cego, Sincopaduo e David Mour.

O coordenador geral do Banda Nova, Silvio Ribeiro considera os vários avanços do projeto.

"Principalmente, em termos de produção, captação de áudio, vídeo, qualidade do material. Tudo isso, graças aos profissionais que trabalharam com a gente no projeto e também pelo patrocínio do Promic. Essa qualidade refletiu no interesse do público, que cresceu ao longo da edição. A gente viu o público praticamente triplicar em relação às edições de anos anteriores", afirma Silvio.

Nos 11 anos, o projeto circulou por vários espaços da cidade e encontrou no Centro Cultural Sesi/AML, uma casa.

"O Banda Nova tem dado um ótimo retorno institucional para o Sesi. É gratificante poder receber esses artistas novos da cidade. Acredito que o maior incentivo para a produção do projeto é possibilitar que venham se apresentar aqui. Nós não teríamos braços, nem pernas para fazermos sozinhos esse trabalho. É todo um trabalho de pré-produção que não teríamos condições sozinhos. Acho que precisaríamos de outros parceiros para a gente conseguir continuar com esse projeto", avalia a gestora cultural do Sesi - Londrina, Laura Lopes Vicente. 

O produtor João Ribeiro ressalta que, além de manter a qualidade de produção dos shows, a temporada produziu um material importante de registro das apresentações.

“A partir desses shows, conseguimos produzir materiais bem bacanas de fotos e audiovisuais. Entregamos para as bandas registros na íntegra dos shows, inclusive esses registros estão sendo postados no canal do projeto no YouTube. Vale a pena entrar lá e conferir. Tem todos os shows completinhos”, comemora João Ribeiro.  

Esta edição do Banda Nova não termina com gostinho de final de festa, quando a última luz apaga. A equipe de produção está confiante na continuidade do projeto, mesmo que de maneira independente.

"O Banda Nova continua, como sempre continuou vivendo cada ciclo. Já tivemos outras fases também incentivadas pelo Promic, que deu ao projeto alguma visibilidade, mas começou e vai continuar de forma independente. Enquanto tiver banda, enquanto tiver público, o projeto se faz necessário", conclui o João Ribeiro.

Realização:  Funcart em parceria com o Centro Cultural Sesi/AML. Patrocínio: Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Apoio Rádio UEL FM e Canal Bom Negócios.

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