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Empréstimos concedidos rapidamente e com o mínimo de burocracia, mesmo que o nome do consumidor já esteja negativado. Essa é a promessa de algumas instituições de crédito e que parece funcionar como a última saída para quem enfrenta a inadimplência e precisa urgentemente de recursos para honrar compromissos atrasados. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que um em cada dez brasileiros (13,3%) atualmente inadimplentes ou que estiveram nessa situação há no máximo doze meses já fez empréstimo com financeiras que fornecem crédito a negativados – número que aumenta entre os pertencentes às classes A e B (18,1%).

Para os especialistas do SPC Brasil, trata-se, na prática, de contrair uma dívida a fim de quitar outras – uma decisão que pode comprometer ainda mais as finanças pessoais. “As taxas de juros nesta modalidade costumam estar entre as mais altas praticadas no mercado, ultrapassando 900% ao ano em alguns casos, de acordo com dados do Banco Central”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Considerando os entrevistados que já fizeram esse empréstimo, o conhecimento sobre as financeiras se deu principalmente pela internet (23,6%), por anúncios em TV, jornais e revistas (22,2%) e por indicação de amigos e parentes (14,1%), sendo que 76,7% fecharam o empréstimo pessoalmente nas instalações das empresas.

 
Empréstimo para negativados: única forma para quitar as dívidas

A principal justificativa de quem tomou este tipo de empréstimo é que foi a única forma encontrada para quitar as dívidas (47,4%). Outros 21,4% garantem que não conseguiram crédito em outros bancos, enquanto 8,9% disseram ser a forma mais rápida de limpar o nome. A avaliação da dificuldade de contratar esse tipo de crédito mostra que a maior parte considera fácil a contratação, contra 21,3% que a consideraram difícil.

Em relação aos objetivos dos entrevistados que optaram por créditos para negativados, a pesquisa procurou saber se os recursos foram utilizados para o pagamento integral das dívidas ou apenas para quitar parte delas. 12,7% dos respondentes pegaram os recursos somente para quitar totalmente os débitos atrasados e 29,0% disseram ter contraído o empréstimo com o objetivo de não só quitar completamente as dívidas em atraso, mas também de comprar produtos que necessitava. Outros 18,9% pegaram os valores para pagar apenas parcialmente os compromissos atrasados, sendo que também realizaram mais compras.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse é um dos erros mais graves que o consumidor pode cometer. “Quem se submete a um empréstimo com taxas de juros muito elevadas, já está em uma situação que merece atenção. Quando essa pessoa ainda utiliza parte dos recursos para fazer mais gastos, ao invés de concentrar esforços na dívida original, está entrando voluntariamente em um ciclo que pode não ter saída”, alerta Kawauti.
 

30% não foram informados sobre as taxas de juros do empréstimo

O estudo do SPC Brasil indicou que três em cada dez (32,8%) inadimplentes e ex-inadimplentes que contrataram empréstimo das financiadoras não fizeram pesquisa sobre as taxas de juros e demais características de todas as possíveis linhas de crédito antes de decidir pela modalidade. Destes, pouco mais da metade (53,3%) acreditam que o importante é conseguir o dinheiro. Por outro lado, 33,6% procuraram informações, a fim de escolher a financeira que poderia oferecer taxas menores.  

A pesquisa também investigou como ocorre o processo de concessão de crédito, questionando sobre o momento do atendimento. Os resultados indicam que os assuntos mais abordados pelo funcionário que atende o consumidor dizem respeito às possíveis formas de pagamento do empréstimo (86,6%) e ao valor limite da prestação considerando a renda e o orçamento (75,3%). 29,9% não foram informados pela financiadora quais seriam as taxas de juros praticadas e os valores finais do empréstimo e 37,2% não tiveram informações sobre o valor total do empréstimo tomado a pagar considerando os juros.

A principal forma de pagamento identificada no estudo foram as parcelas debitadas diretamente em folha de pagamento (36,4%), além das parcelas no débito automático (32,8%) e as parcelas pagas no carnê ou crediário (12,8%). Um em cada cinco consumidores que tomaram este tipo de empréstimo (22,6%) admite estar com parcelas atrasadas, mas a grande maioria (71,8%) garante estar com os pagamentos em dia. 

“Embora haja consumidores que enxergaram benefícios nesta modalidade de empréstimo, é preciso observar que as taxas de juros estão muito acima das cobradas em outras modalidades”, afirma o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz. “O consumidor deve evitar a todo custo essa alternativa, sob risco de se afundar ainda mais em dívidas impagáveis.”

O estudo mostra que seis em cada dez consumidores (64,5%) que optaram por este tipo de crédito admitem não ter resolvido a situação financeira. “É um percentual muito alto, que comprova o insucesso desse tipo de medida extrema. O mais recomendável é procurar o credor e negociar a dívida com taxas de juros mais baixas”, conclui.
 

Metodologia

A pesquisa entrevistou 1.088 consumidores residentes em todas as regiões brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais, atuais inadimplentes ou ex-inadimplentes há no máximo 12 meses. A margem de erro é de 3,0 pontos percentuais para uma confiança de 95%.

Imprensa SPC

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