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O aprendizado da matemática poderia ser aprimorado no Brasil se as escolas fossem competentes para estimular o gosto pela matéria. Um dos instrumentos para incentivar o ensino e o aprendizado é a Olimpíada Brasileira de matemática das Escolas Públicas (OBMEP), cujas inscrições começaram no dia 22 de fevereiro de 2016 e vão até 1º de abril. Quase 18 milhões de alunos de 47.580 escolas se inscreveram na OBMEP 2015, em 5.538 municípios (99.48 % do total). Mas as escolas privadas ficam de fora dessa competição que desperta o interesse dos alunos pela matéria.

As escolas particulares participam apenas da Olimpíada Brasileira da Matemática (OBM), uma prova muito mais rigorosa, dirigida apenas para estudantes diferenciados com vistas à participação em competições internacionais. No ano passado, apenas 520 mil alunos participaram da OBM.

O Brasil coleciona prêmios internacionais na matemática: 14 medalhas no Mundial de Matemática Universitária na Bulgária, no ano passado; e o Medal Fields, em 2014. Os pesquisadores brasileiros são reconhecidos entre os melhores do mundo, mas, na média, os nossos estudantes ficam entre os últimos em testes internacionais de raciocínio lógico. Superar essa contradição será fundamental para o país desenvolver inovação e melhorar a competitividade da sua indústria.

Uma pesquisa desenvolvida na Inglaterra indicou que a matemática contribui mais para a geração de riqueza de um país que a Física ou a Química. Os pesquisadores descobriram que ela representava 15% do PIB inglês. Com modelos matemáticos adequados, a indústria pode reduzir suas perdas e aperfeiçoar ganhos.

O Brasil não compete no comércio mundial de produtos de alta tecnologia porque não investe em inovação. E isso se deve pela falta de intimidade dos nossos engenheiros com a matemática. Quando as empresas investem em equipamentos e softwares sofisticados, precisam mandar seus profissionais estudar mais dois, quatro anos, para conseguir operar as novas tecnologias.

O interesse ou desinteresse pela matemática acontece muito cedo. Um contato ruim leva ao desinteresse. A matemática pode ser um prazer como jogar futebol, sustenta Arthur Ávila, pesquisador do Instituto de Matemática Aplicada (Impa) e vencedor em 2014 daquele que é considerado o “Nobel da Matemática” – o Medal Fields.

Junto com a conquista do maior prêmio internacional da matemática no último Congresso Mundial, realizado na Coréia do Sul, o Brasil conseguiu aprovar sua candidatura para a realização do próximo encontro internacional, em 2018, no Rio de Janeiro. Também acontecerá na capital carioca, em 2017, a Olimpíada Internacional de Matemática. Será a primeira vez que os dois maiores eventos da matemática acontecem na América Latina.

Para celebrar a conquista e homenagear o pioneiro no estudo da matemática no Brasil, a Câmara aprovou projeto de lei instituindo o Biênio da Matemática 2017 - 2018 Gomes de Sousa.

Outro brasileiro também fez história, ou melhor, estórias. Júlio Cesar de Mello e Souza criou em 1920 o pseudônimo do escritor Malba Tahan, que encantava os jovens com “O Homem que Calculava”, personagem que usava a matemática como uma inteligente ferramenta para decifrar enigmas.

Os alunos que participam da Olimpíada passam a ter um envolvimento bem maior com a matemática, especialmente o Programa de Iniciação Científica (PIC), desenvolvido na OBMEP. Esses jovens descobrem um novo universo de amizades e conhecimentos, que os levam a vislumbrar novas possibilidades profissionais e acadêmicas.

Nossa proposta é que as escolas privadas sejam envolvidas nessa grande competição, que poderia passar a se chamar Olimpíada Brasileira da Matemática das Escolas Públicas e Privadas OBMEPP, para incluir a grande massa de estudantes das escolas particulares que não se tornarão especialistas, mas que poderiam, através da matemática, desenvolver novas habilidades em outras áreas de atividade.

Alex Canziani Silveira é deputado federal, presidente do PTB do Paraná e da Frente Parlamentar da Educação do Congresso Nacional.

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