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Pesquisa de professor da Unopar EAD mostra que crianças envolvidas com uma ou mais modalidades esportivas mantêm a atividade física durante a adolescência

Uma pesquisa feita com quase dois mil estudantes de escolas públicas de Londrina mostra que a prática de esportes durante a infância tem uma grande influência no peso, saúde e desempenho escolar dos adolescentes. As conclusões fundamentam a tese de doutorado do professor Raymundo Pires, do curso de Educação Física da Unopar EAD.

Os dados foram coletados de julho a outubro de 2014 com 587 alunos do terceiro ano do ensino médio em escolas de todas as regiões de Londrina e mostram que 45,5% dos alunos, ou seja, quase a metade, praticou esportes durante a infância. Fazendo uma retrospectiva com os resultados, é possível constatar que crianças que praticam esportes têm 50% de chance a mais de se tornarem jovens fisicamente ativos. Elas também têm duas vezes mais oportunidade de apresentar saúde boa ou ótima e ter peso normal ou baixo.

Um ponto interessante é que a pesquisa mostrou também que os rapazes praticaram mais esportes na infância do que as meninas.

Apesar de quase metade dos adolescentes pesquisados ter praticado esporte na infância, apenas 26,7% do total continuaram ativos na adolescência. “Esses resultados nos permitem concluir que o esporte continua sendo muito importante na vida das crianças, mas que a atividade física diminui consideravelmente já na adolescência. Conseguimos perceber que praticamente todas as crianças que praticaram esportes se mantiveram ativas fisicamente na juventude. O que queremos descobrir agora é como tornar o esporte um hábito, ou seja, durante quanto tempo é preciso reforçar a prática esportiva da criança e do adolescente para que ele se torne um adulto ativo fisicamente”, explica Pires.

Para complementar a pesquisa o professor passou um ano em Montreal, no Canadá, um dos países com melhor índice de saúde e qualidade de vida do mundo. “Os canadenses são muito ativos fisicamente. Eles praticam muita atividade ao ar livre e isso começa desde cedo, na escola. A maioria dos estabelecimentos de ensino está atrelada a um parque onde os estudantes fazem toda a atividade extraclasse. Além disso, fora dos horários de aula, as quadras de esporte da escola ficam abertas para a comunidade. No Brasil essa interação é mais difícil por questões de segurança”, reconhece Pires.

Alto rendimento x saúde

Ele observa também outra diferença importante: enquanto que no Brasil a prática esportiva está voltada para o alto rendimento, no Canadá ela é voltada para a saúde, a competição acontece com objetivos distintos. “No Canadá o enfoque do esporte não é profissional e sim cultural. No Brasil o esporte se tornou um meio de ascensão social”, pondera. Esse fator pode tornar o esporte prejudicial em vez de saudável.  “A competição envolve uma pressão psicológica, exercida principalmente por treinadores e pais, que pode ser muito perigosa, ainda mais para os jovens”, alerta.

De acordo com o professor, o modelo para a prática esportiva utilizado no Canadá funciona bem, porque tanto na escola como em federações, há subdivisão de categorias e níveis. Outro aspecto é que as competições são separadas para os escolares e para os federados; desse modo, todos têm chance de praticar uma modalidade esportiva, desde uma dimensão recreativa, até o alto rendimento. Quanto mais times uma escola tem, maior é seu status perante a sociedade, por isso, todas as modalidades esportivas são ensinadas nas escolas, de maneira sequencial e gradativa ao longo da fase escolar. É um modelo totalmente voltado ao esporte, diferente do que acontece atualmente no Brasil.

Além de fundamental para a saúde, o esporte é uma ferramenta excelente para dissolver distinções sociais, acabar com preconceitos, ensinar a trabalhar em equipe e lapidar valores de caráter como perseverança e determinação. “Estou convencido de que as crianças que praticam esporte na infância chegam ao final da adolescência com mais saúde, mais ativas. Esses jovens têm maior competência acadêmica, melhor comportamento e melhores notas na escola”, afirma Pires.

Phoenix Finardi Martins/Asimp/Unopar

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