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A agressividade que levou o adolescente José, 17 anos, a ter de cumprir medida socioeducativa também lhe abriu as portas para novas oportunidades. Agora, seu foco está nas medalhas conquistadas em ringues e não mais em brigas de rua ou dentro de casa. A mudança veio depois que começou a participar do projeto “Lutando por um Futuro Melhor”, desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Irati, região Centro-Sul.

José e sua família são acompanhados pelo programa Família Paranaense, por meio da modalidade Atenção às Famílias dos Adolescentes Internados por Medida Socioeducativa (Afai), da Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social. O programa repassa recursos aos municípios que desenvolvem ações e projetos, como o desenvolvido pela prefeitura de Irati.

Segundo a secretária interina da Família, Letícia Raymundo, os valores repassados servem para subsidiar ações socioeducativas, planejadas de acordo com a necessidade de adolescente e de cada família.

“Desde 2013, já repassamos R$ 8,6 milhões para 156 municípios desenvolverem as ações do Afai. Com este apoio financeiro oferecido pelo Estado, as prefeituras podem garantir o atendimento integral para a reinserção social dos adolescentes e o cuidado com suas famílias”, diz Letícia.

Transformação

No caso de José, a medida socioeducativa foi aplicada por episódio de agressão. “Na escola, ninguém podia olhar para mim ou mexer comigo que eu batia”, admitiu José. Em casa, o relacionamento com a família também era conturbado. “Era agressivo na minha família, também. Batia em meus irmãos e hoje eu ensino eles a controlarem a raiva”, afirmou o adolescente, que mora com a mãe, o padrasto e cinco irmãos.

Há pouco mais de um ano, ele passou a frequentar as aulas de jiu-jitsu promovidas pelo projeto e garante que suas atitudes mudaram para melhor. “Mudou tudo na minha vida”, diz o adolescente, que tem planos de seguir carreira nas lutas marciais.

Perspectivas

O mesmo projeto também acolheu Antônio, de 17 anos, que recebeu a medida socioeducativa porque desacatou a professora em sala de aula. Se antes não havia perspectiva de uma vida melhor, hoje os sonhos são muitos. “O esporte mudou tudo na minha vida. Agora posso definir o que vou fazer com o meu futuro. Pretendo ser fisioterapeuta esportivo”, disse o adolescente.

Ele conta que se tornou mais calmo, descobriu a autoestima e a autoconfiança. “O professor de sociologia me usou como exemplo de mudança por causa dos esportes que pratico. Para mim, essa foi uma joia preciosa que agarrei, uma oportunidade muito boa para o meu futuro”, relata o jovem.

Além das artes marciais, Antônio também faz corridas e participa do atletismo escolar. “Quando perguntam se eu me arrependo a respeito do que eu fiz, eu digo que sim. Mas eu também ganhei muita coisa pelo que aconteceu no passado”, diz Antônio, ao se referir a nova oportunidade que teve ao participar do projeto.

Mudança

O esporte também trouxe mudanças na vida de Ângela, de 15 anos. “Senti mudança no jeito de pensar e agir. Hoje penso bem mais antes de responder as pessoas. Tenho mais respeito”, relata a estudante, que agora luta muay thai e jiu-jitsu.

A mãe da Ângela confirma que a garota tem mais responsabilidade e é mais dedicada aos estudos. “O esporte muda bastante a criança. Ela aprende a respeitar os mais velhos e a ter responsabilidade e comprometimento com as coisas”, ressalta.

Projeto

O assistente social Denis Cézar Musial conta que as aulas de artes marciais surgiram com a proposta de atividade aos adolescentes que cometeram algum tipo de ato infracional.

“Durante as aulas, eles aprendem a ter domínio da agressividade e a ter respeito pelo outro. O esporte auxilia a estabelecer vínculos. Por acontecer numa academia, há integração, pois há adultos de vários meios sociais que participam com os adolescentes”, explica Musial.

Oscar Toniolo, mestre da academia onde acontecem as aulas, diz que o conhecimento adquirido vai além do esporte. “Não é sempre que se ganha e não é sempre que se perde. Isso mostra que, na vida, muitas vezes se pode estar no alto, mas do dia para a noite também se pode cair. E é preciso saber cair, porque assim se terá força para se levantar de novo, treinar e melhorar. Esse ensinamento eles levam para a vida”, diz o mestre.

AEN

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